"O tempo de lutar pela liberdade chegou": russos anti-Kremlin entram na Rússia para pôr fim à "ditadura de Putin"
Um dos representantes da Legião da Liberdade da Rússia, Aleksey Baranovsky, disse à CNN que a operação começou ainda no domingo, estando em "desenvolvimento"
Dois grupos de mercenários russos anti-Kremlin afirmam ter entrado na Rússia para atacar a região de Belgorod. O governador da região acusa as forças armadas da Ucrânia de estarem por trás do ataque, mas são os próprios russos a confirmarem a participação no caso.
“O Corpo Voluntário Russo (RDK) está de volta à pátria. Estamos em casa, o tempo de lutar pela liberdade da Rússia chegou”, afirmou um dos combatentes, cujas palavras surgem num dos muitos vídeos partilhados na rede social Telegram e onde também se diz que "a Rússia vai ser libertada".
Na operação estão também combatentes da Legião da Liberdade da Rússia, uma organização igualmente composta por russos e que quer depor Vladimir Putin e acabar com aquilo que dizem ser uma “ditadura” no Kremlin.
Foi essa mesma organização que entrou em Kozinka, dizendo mais tarde que libertou aquela cidade de Belgorod e que está a caminho de Grayvoron, também na região que faz fronteira com o norte da Ucrânia. Apesar das acusações da Rússia, a Ucrâna confirmou que são cidadãos russos, nomeadamente destes dois grupos, que estão a combater. “Cidadãos da Federação Russa, nomeadamente combatentes do RDK e da Legião da Liberdade da Rússia, dizem ser responsáveis pelos acontecimentos”, afirmou um representante do Ministério da Defesa da Ucrânia, em declarações citadas pelo Moscow Times.
Um outro representante ucraniano, Andrii Yusov, disse à Hromadske que o objetivo dos grupos pró-Ucrânia é criar uma zona desmilitarizada, mesmo que estejam a agir como "entidades independentes".
Já um dos representantes da Legião da Liberdade da Rússia, Aleksey Baranovsky, disse à CNN que a operação começou ainda no domingo, estando em "desenvolvimento".
Para já ainda não existem muitas informações sobre quantas pessoas entraram na Rússia - Aleksey Baranovsky não especificou quantas unidades participam - ou que tipo de armamento estão a utilizar, mas o governador de Belgorod já anunciou uma operação antiterrorista, impondo controlo de identidade e a suspensão das atividades com explosivos e materiais radioativos, biológicos e químicos. Vyacheslav Gladkov também anunciou que pelo menos oito pessoas foram feridas e que há edifícios residenciais e administrativos destruídos na região.
O Kremlin foi imediatamente avisado e Vladimir Putin está a acompanhar a situação com atenção. O porta-voz da presidência russa indicou que "o Ministério da Defesa, o Serviço Federal de Segurança e o serviço de fronteiras já informaram o presidente sobre a tentativa de sabotagem de um grupo ucraniano". Essa é a narrativa de Moscovo, que fala numa tentativa de "desviar a atenção" e "minimizar" a suposta queda de Bakhmut para a Rússia. Só que as informações dos mercenários russos e da própria Ucrânia contradizem essa versão.
Esta não é, de resto, a primeira vez que uma região russa é atacada desta forma. No início de março, um grupo entrou em Bryansk e matou duas pessoas, de acordo com as informações da agência TASS. Na altura ninguém assumiu a responsabilidade do ataque, mas o Kremlin teve um discurso semelhante: uma operação de sabotagem.
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