Fusion Fuel produz hidrogénio em Évora a partir da energia solar, para injetar eletricidade na rede a qualquer hora. D.R.
A Fusion Fuel acaba de ligar à rede elétrica portuguesa o projeto H2Évora, no qual usa uma pilha de combustível, alimentada com hidrogénio verde, para injetar eletricidade na rede durante os picos de consumo
A empresa portuguesa Fusion Fuel, cotada no índice norte-americano Nasdaq, já ligou à rede elétrica portuguesa o seu projeto de demonstração H2Évora, uma instalação que permite injetar na rede eletricidade obtida a partir de hidrogénio verde, num projeto pioneiro de armazenamento de energia e flexibilidade de produção.
Este projeto recorre a 15 dispositivos Hevo-Solar, fabricados em Portugal pela Fusion Fuel. Trata-se de eletrolisadores acoplados a painéis solares de concentração (com uma capacidade de geração superior à dos convencionais módulos fotovoltaicos), que produzem hidrogénio verde.
Esse hidrogénio verde passa depois para uma pilha de combustível, desenvolvida pela Ballard Power Systems, que armazena o hidrogénio, e depois o converte em eletricidade para injetar na rede elétrica quando necessário.
Embora seja um processo energeticamente ineficiente (usar eletricidade renovável para produzir hidrogénio para voltar a gerar eletricidade), esta solução pode vir a funcionar como uma alternativa de armazenamento de energia e flexibilidade para a rede elétrica, funcionando em complemento com outras soluções de armazenamento de curta duração, como as baterias de lítio.
Segundo a Fusion Fuel, o H2Évora produzirá 15 toneladas de hidrogénio verde por ano. A pilha de combustível usada no projeto de demonstração tem 200 kilowatts (kW), pelo que os volumes que serão injetados na rede elétrica serão ainda residuais.
O principal interesse deste tipo de solução, nota a Fusion Fuel, é aproveitar o H2Évora para vender eletricidade à rede nos períodos de pico de consumo (que tendem a coincidir com preços grossistas de eletricidade mais altos).
“Estamos entusiasmados por finalmente podermos ligar o nosso projeto H2Évora, a primeira unidade totalmente integrada de energia solar e hidrogénio verde. Embora esta unidade modesta tenha de facto sido ultrapassada por alguns dos projetos de larga escala que temos em desenvolvimento, o seu valor não pode ser negligenciado. Podemos agora perspetivar que o H2Évora irá fornecer eletricidade livre de emissões à rede durante muitos anos, numa demonstração da flexibilidade do hidrogénio verde e da nossa solução Hevo-Solar”, declarou, em comunicado, Frederico Figueira de Chaves, administrador financeiro da Fusion Fuel.
No mesmo comunicado, o secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, sublinha que “Portugal ambiciona estar na liderança dos projetos de hidrogénio verde, contando com a Fusion Fuel para ajudar a atingir este objetivo”.
A Fusion Fuel tem vários outros projetos de hidrogénio verde em desenvolvimento em Portugal, sendo um dos principais em Sines.
A solução de produção de hidrogénio verde para alimentar o setor elétrico também está a ser testada por outros grupos, como é o caso da EDP, que tem em curso um projeto-piloto para produzir hidrogénio verde na central de ciclo combinado do Ribatejo, incorporando-o em pequenas percentagens no gás natural que aí é queimado para produzir eletricidade.
Expresso | Fusion Fuel inicia em Évora projeto pioneiro de hidrogénio verde para a rede elétrica
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