Além da necessidade de construção nova, “não é possível manter os preços dos imóveis equilibrados e acessíveis se existem limitações de zonas urbanas e complicações nos processos de licenciamento de projetos imobiliários”, defende a Remax numa análise sobre a falta de casas em Portugal. Para a rede imobiliária é “determinante” desburocratizar e descomplicar os sistemas de licenciamento.
A imobiliária considera “simplista e redutor atribuir o problema do aumento dos preços das casas a fatores como o alojamento local ou o programa vistos gold, referindo-se às medidas recentemente pelo Governo no âmbito do programa Mais Habitação.
Segundo a análise da mediadora, o problema dos preços elevados em Portugal deve-se à falta de construção nova nos últimos 14 anos. “Numa análise aos anos em que mais imóveis foram vendidos em Portugal, é possível constatar que se destaca o período de 1998 a 2003, com mais de 300 mil contratos de compra e venda por ano, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE)”, diz.
“Já se somarmos o número de contratos de compra e venda, desde 1995 até 2004, verificamos um valor de 3.103.717 escrituras de compra e venda. Mas se comparamos com os últimos 10 anos, período de 2010 até 2019, somamos 1.882.006 escrituras de compra e venda, ou seja, menos 1.221.711 de imóveis escriturados, o que corresponde a uma diminuição de 64% face aos anos de início do novo milénio”, acrescenta.
"Processos de licenciamento são excessivamente longos"
Para a Remax, “não é possível exigir que os preços se mantenham baixos quando a oferta de casas à venda tem diminuído de forma tão acentuada e num momento em que a imigração, os hubs de tecnologia, o turismo, os nómadas digitais, entre outros, têm trazido mais população para Portugal” e defende, por isso, a necessidade de construção nova, nomeadamente nas periferias.
Outra bandeira do setor é a simplificação e agilização dos processos de licenciamento. Para a imobiliária, “os processos de licenciamento são excessivamente longos, o que limita e condiciona a construção nova em Portugal”. É necessário “simplificar e agilizar para que os projetos habitacionais sejam desenvolvidos de forma mais célere e não estejam sujeitos a tanta burocracia”, argumenta.
A Remax lembra que, atualmente, “os prazos para aprovar um projeto são uma incógnita”. “Em 2022, a demora na aprovação dos projetos, aliado ao crescimento das taxas de juro sobre os terrenos, à subida dos preços dos materiais de construção, à falta de mão de obra para construir, foram fatores que levaram a que muito promotores decidissem não iniciar a construção, vendendo o projeto ou, em alguns casos, a entregar ao banco”, remata.
Preços das casas: problema está na falta de construção nova, diz Remax — idealista/news
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