Professores que organizaram protesto em Oeiras chamados pela PSP para serem identificados por queixa no MP contra a ação
Os representantes dos professores das escolas do concelho de Oeiras, que, na manhã do passado dia 16 de janeiro, participaram numa caminhada de protesto pelas ruas do concelho, estão a ser contactadas para se apresentarem e identificarem nas esquadras da PSP, na sequência de uma queixa apresentada no Ministério Público (MP) contra a ação.
Segundo a VISÃO apurou, a queixa – apresentada por pessoa desconhecida – indica que aquela caminhada de professores foi, na verdade, uma “marcha” e que a organização desta iniciativa “não tinha autorização” para realizá-la naquele período do dia e por aquele percurso. O MP abriu inquérito para averiguar se há matéria irregular.
Ana Martins, coordenadora do 2.º ciclo, na Escola Básica Dr.º Joaquim de Barros, em Paço de Arcos, confirma, à VISÃO, que, esta terça-feira, foi “contactada para se apresentar e identificar na esquadra da PSP de Porto Salvo (Oeiras)”. A professora (uma das organizadoras da caminhada) garante que “tanto a Câmara Municipal de Oeiras, como a PSP foram informadas” sobre esta iniciativa, e que o grupo de professores terá mesmo sido “escoltado do princípio ao fim” do protesto, que terminou às portas daquela Câmara.
Fui contactada para me apresentar e identificar na esquadra da PSP de Porto Salvo (Oeiras) depois de uma queixa contra os professores
Ana Martins, professora na escola Dr.º Joaquim de Barros
“Um chefe da PSP deslocou-se à escola, logo no início do protesto, garantindo que tinha conhecimento de ter sido feito o pedido formal à Câmara Municipal de Oeiras e à polícia e dizendo que se disponibilizava para nos acompanhar durante o percurso até à autarquia”, refere Ana Martins, acrescentando que, a determinada altura, quando o número de participantes na iniciativa “começou a aumentar” – com colegas vindos das várias escolas do município –, foram “os próprios polícias que decidiram interromper o trânsito, passando os professores a caminhar na estrada, por motivos de segurança”, diz a docente de português e inglês.
A caminhada dos professores, organizada pelo Movimento de Escolas de Oeiras – sem ligações aos sindicatos que têm dominado estes protestos (como o STOP e a Fenprof) –, decorreu na manhã do passado dia 16 de janeiro, segunda-feira, com a presença de cerca de meia centena de professores. A ação, em nome de melhores condições de trabalho e de vida para os profissionais do setor, percorreu as ruas de Oeiras e terminou frente à Câmara Municipal. Os docentes seriam recebidos pelo presidente da autarquia, Isaltino Morais, que manifestou “solidariedade” com esta luta.
Câmara de Oeiras confirma ‘luz verde’ ao protesto
Entretanto, a Câmara Municipal de Oeiras divulgou um (curto) comunicado, nas rede sociais, em que confirma que “tomou conhecimento de um inquérito do MP, que se encontra em curso no âmbito das recentes greves e manifestações dos professores do concelho de Oeiras”, mas esclarece “que foi devidamente informada das manifestações pelos professores responsáveis, assim como da concentração em frente aos paços do concelho, altura em que os manifestantes foram inclusivamente recebidos pelo presidente da Câmara”.
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