Avançar para o conteúdo principal

O ministro que mente



 Uma característica, comum a quase todos os governantes desta nova geração, que nunca produziu coisíssima alguma a não ser terem-se arrastado, desde a adolescência, nos corredores das tramas partidárias, é a de quererem tomar-nos a todos por parvos.


A mentira tornou-se no ADN deste governo, de tal maneira que as palavras ministro e mentiroso tendem a ser consideradas sinónimos numa próxima revisão do nosso diccionário.


Em particular neste último ano, em que Costa, como que por milagre, foi agraciado com uma maioria absoluta, parece haver uma competição entre os seus ministros cujo propósito é apurar qual deles consegue mentir mais e com maior convicção!


João Gomes Cravinho fez questão de entrar nesta disputa e escolheu o palco da auto-intitulada casa da democracia para dar a conhecer ao mundo os seus dotes na arte de bem mentir.


O agora ministro dos negócios estrangeiros, nomeado para as actuais funções como recompensa por o seu nome ter sido vetado pelo comandante supremo das Forças Armadas para continuar como responsável pela pasta da defesa, cargo que desempenhava na anterior legislatura, viu-se envolvido numa polémica referente à derrapagem do custo das obras no antigo hospital militar que, num ápice, passaram de uma previsão inicial de 750 mil euros para um valor final de 3 milhões e duzentos mil euros.


Cravinho, numa primeira audição perante os deputados que se dizem da Nação, garantiu desconhecer esse desmesurado aumento de despesa e deu a sua palavra em como não a tinha autorizado enquanto ministro encarregue pelos assuntos de natureza militar.


Quando compareceu uma segunda vez junto dos parlamentares, e encostado à parede por provas efectivas de que tomara previamente conhecimento da derrapagem financeiras das referidas obras, acabou por admitir que afinal fora informado dessa realidade, mas através de um ofício ao qual não deu seguimento.


Ou seja, arquivou-o na repartição dos esquecidos!


Uma característica, comum a quase todos os governantes desta nova geração, que nunca produziu coisíssima alguma a não ser terem-se arrastado, desde a adolescência, nos corredores das tramas partidárias, é a de quererem tomar-nos a todos por parvos.


Cravinho reafirma que não deu o seu consentimento para o escândalo que veio ensombrar a recuperação do antigo hospital militar e que levou já à prisão de alguns dos responsáveis pelo que as autoridades judiciais classificam como um crime, mas parece esquecer-se de que ao ter sido notificado oficialmente da necessidade de se ultrapassar, em valores escandalosos, os fundos destinados a essa empreitada, obviamente que deu a sua anuência, sendo o seu silêncio visto como um deferimento tácito.


Quem cala, consente.


Mas, ao ter ignorado o ofício que lhe foi parar às mãos, fingindo não ser nada com ele, o então ministro da defesa é ainda mais culpado pelo roubo de que os contribuintes foram vítimas, ao não ter procurado impedir a sua concretização, como seria seu dever.


Pior do que tomar uma decisão, mesmo que susceptível de críticas, é não fazer absolutamente nada e assobiar para o lado.


Cravinho sabia o que se estava a passar e não quis assumir a sua autoridade de governante, permitindo que altos quadros do seu ministério se aventurassem em esbanjar o erário sem qualquer tipo de controlo.


O seu silêncio cúmplice torna-o tão responsável pelo rombo nos dinheiros públicos como aqueles que agora se encontram a contas com a justiça, sendo que a sua culpabilidade é acrescida, em função de se ter recusado a exercer o poder de que foi investido quando aceitou as inerentes responsabilidades ministeriais.


É esta a sina desta malta que nos governa; refugiam-se na mentira para esconderem a sua incapacidade em reconhecer os seus erros.


Gente sem escrúpulos e sem espinha vertebral!


O ministro que mente (sapo.pt)

Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...