Sundar Pichai | Google
Uma destas tecnologias, promete criar um Google 'em esteroides': será capaz de interpretar texto, imagens, vídeos em simultâneo, assim como angariar informação de fontes de informação de 75 idiomas diferentes, tudo num modelo multitarefa
O Android 12 é, provavelmente, a novidade que a esmagadora maioria dos consumidores quer conhecer depois do grande evento anual de programadores da Google – mas isso não significa que essa tenha sido a demonstração tecnológica mais impressionante feita pela empresa. Em dois momentos distintos, a Google falou em novas tecnologias que, acredita, vão ser uma parte importante do seu futuro: LaMDA e MUM. Na prática, são dois novos sistemas que podem mudar de forma radical a forma como falamos com computadores, smartphones e outros gadgets.
Comecemos pelo LaMDA, acrónimo de Language Model for Dialogue Applications, algo como modelo linguístico para aplicações de diálogo, em tradução livre. Este é um novo modelo de Inteligência Artificial (IA) que permite aos sistemas da Google darem respostas com ‘sensibilidade’, mas ao mesmo tempo mais abertas, por forma a fazer fluir a conversa de forma … natural.
“O LaMDA é capaz de manter uma conversa, independentemente daquilo que estamos a falar. E não precisamos de recalibrar o modelo”, disse Sundar Pichai, diretor executivo da Google e da Alphabet, na sessão de abertura na qual esta nova tecnologia foi apresentada. “É um grande passo em frente na linguagem [artificial]”, sublinhou o executivo.
Numa demonstração gravada, o sistema foi capaz de manter uma conversa sobre o planeta Plutão, referindo alguns factos – como a sua baixa temperatura ou o facto de ser apelidado como um planeta anão –, para manter a conversa com o utilizador. Mas não se limitava a ‘debitar’ factos, envolvia-os num discurso mais trabalhado. Depois do LaMDA fazer uma pequena descrição de Plutão, o segundo interlocutor respondeu com “Parece maravilhoso”, uma resposta que em condições normais terminaria a conversa, pois não pede por nova informação. Mas o LaMDA continuou: “Garanto-te que vale a pena a viagem. Contudo, vais precisar de trazer o teu casaco, porque faz muito frio”. Pode ver a demonstração completa da Google no vídeo abaixo:
O LaMDA ainda é considerado como um projeto de investigação dentro da Google, mas já está prometido que será aplicado a alguns dos produtos bandeira da empresa americana, como o Assistente Google, o motor de busca e as ferramentas de trabalho do Google Workspace (como a Docs e Slides). Mas há outro acrónimo da Google do qual vai ouvir falar várias vezes nos próximos tempos.
Um Google em esteróides
MUM: Multitask Unified Model ou modelo unificado multitarefa, em tradução livre. Dito assim pode não parecer muito entusiasmante, mas na prática é o projeto que vai ‘turbinar’ a principal ferramenta da Google, o motor de busca, dando-lhe uma muito maior capacidade de responder às pesquisas dos utilizadores.
Antes de perceber o MUM, importa perceber o BERT, uma mudança feita no Google, em 2019, e que aumentou a eficácia do motor de busca em 10%. O BERT tem por base uma tecnologia chamada de Transformadores – na prática, é um mecanismo de IA que não analisa apenas as palavras que constituem a pesquisa do utilizador, faz também uma correlação entre a posição dessas palavras, isto é, relaciona cada palavra com as palavras que surgem antes e depois. O resultado é uma maior capacidade de interpretação de linguagem natural e, por consequência, uma maior eficácia na devolução de resultados de pesquisa.
O BERT foi considerado como uma das maiores evoluções de sempre do Google. E segundo a empresa, o MUM será mil vezes superior (!) ao BERT. A grande diferença? O MUM é um sistema de interpretação de linguagem multimodal – enquanto o BERT só se baseia em texto, o MUM será capaz de analisar texto, imagens e vídeos para devolver a melhor resposta possível ao pedido do utilizador. Além disso, o MUM será capaz de treinar em 75 idiomas em simultâneo e além de entender linguagem natural, também será capaz de a gerar.
“Ainda estamos nos primeiros dias, mas estamos estamos entusiasmados por resolver questões complexas, independentemente de como as perguntas”, sublinhou Prabhakar Raghavan, vice-presidente de pesquisa da Google.
Numa demonstração gravada, um utilizador pergunta ao Google “Já subi o monte Adams e agora quero subir o monte Fuji no próximo outono, o que devo fazer de diferente para me preparar?”. Com o sistema MUM a funcionar, o Google irá perceber que informações precisa de dar – comparar diretamente a elevação dos montes, ir buscar informação meteorológica sazonal, sugerir equipamentos e artigos relevantes – e também vai buscar informação onde o utilizador, sozinho, não conseguiria – como blogues e sites em japonês. Além disso, se de seguida o utilizador carregar uma imagem de umas botas e perguntar “estas servem?”, o Google/MUM conseguirá não só interpretar a imagem, como associá-la às pesquisas anteriores relacionadas.
O objetivo da Google é simples: em vez de o utilizador ter que fazer várias pesquisas em separado para obter diferentes informações, só precisará de fazer uma única questão para receber uma resposta que cobre vários tópicos e da forma mais completa possível. É como se em vez de fazer uma pergunta ao Google, estivesse a fazer uma pergunta a um especialista em montanhismo que já fez aquela viagem.
https://visao.sapo.pt/exameinformatica/noticias-ei/software/2021-05-20-google-lamda-mum-o-que-e/
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