Avançar para o conteúdo principal

Falha na rede elétrica em França provoca cortes de energia em Portugal e Espanha

Foto: João Carlos santos

 Preço grossista da eletricidade registou em junho o mês mais caro de sempre desde que o mercado ibérico foi criado, em 2007. O ano 2021 ameaça ser também um dos mais caros de sempre


Problemas de frequência na rede de transporte deixaram este sábado vários pontos de consumo sem abastecimento de Norte a Sul de Portugal, mas ficaram resolvidos pelas pouco depois das 18h00. Problema teve origem num avião de combate a incêndios, que danificou uma linha de muito alta tensão em França.


É um fenómeno raro, mas uma falha na rede elétrica europeia provocou este sábado interrupções no fornecimento de energia elétrica em vários países, incluindo Portugal e Espanha, a partir do início da tarde.


Contactada pelo Expresso, a E-Redes, gestora da rede de distribuição, explicou que se tratou de um "deslastre de frequência na rede europeia", uma falha técnica que ocorreu ao nível da rede de transporte (em muito alta tensão), com repercussões nas redes de média e baixa tensão.


A E-Redes não soube precisar no imediato quantos pontos de consumo ficaram sem eletricidade em Portugal, mas houve falhas de quase uma hora em vários pontos do país, de Norte a Sul.


"Na sequência de um problema registado hoje na rede elétrica europeia, a rede nacional foi afetada, tendo sido necessário proceder, por indicação da REN, a uma interrupção de serviço nalgumas zonas específicas para garantir a estabilidade da rede. A E-Redes divulgou pelas 18h20 um comunicado em que garantiu que o serviço de fornecimento de energia elétrica em Portugal foi reposto: "Na sequência do problema registado esta tarde, com origem na rede elétrica europeia, a E-REDES informa que o serviço de fornecimento de energia já foi reposto, encontrando-se a rede em regime de funcionamento normal", lê-se na informação atualizada enviada à agência Lusa.


Fonte da REN explicou ao Expresso que o problema teve origem em França. A Península Ibérica estava fortemente importadora de eletricidade de França e o incidente levou a uma separação dos mercados (a Ibéria ficou momentaneamente desligada de França), com a consequente falha no abastecimento a parte dos consumidores em Portugal e Espanha.


A REE, gestora da rede espanhola, informou entretanto que o problema teve origem num avião de combate a incêndios, que danificou uma linha de muito alta tensão em França.


Dados da REN do consumo de eletricidade em Portugal este sábado.


Os dados da REN em tempo real mostram que o sistema elétrico nacional apresentava às 15h15 um consumo de 4,88 gigawatts (GW), que em apenas meia hora se afundou para 4,08 GW.


Este corte de 0,8 GW (ou 800 megawatts) no consumo não resultou de uma menor procura dos consumidores, mas sim da decisão rápida dos gestores da rede de transporte (REN) e de distribuição (E-Redes) de desligar parte do abastecimento no país, de forma a evitar males maiores na estabilidade do resto da rede elétrica.


A partir das 16h o sistema elétrico começou a recuperar, com muitos dos pontos de consumo afetados a receberem de novo o abastecimento de energia em condições normais.


REN: INTERVENÇÃO IMPEDIU APAGÃO TOTAL

"Ao início desta tarde verificou-se um problema na interligação do sistema elétrico entre França e Espanha na sequência de um incidente na rede de transporte francesa", contextualiza a REN.


"O sistema elétrico ibérico separou-se da restante rede europeia numa situação de forte importação. Isto provocou uma redução significativa da frequência ibérica tendo sido ativados automaticamente os planos de defesa dos sistemas elétricos espanhol e português", diz ainda a REN.


"A ativação do plano de defesa português teve como consequência a redução do consumo em bombagem hidroelétrica, em consumidores industriais interruptíveis e em diversos pontos da rede de distribuição nacional pré-selecionados em coordenação entre a REN e a E-Redes", explica a empresa.


"Isto evitou consequências mais graves que no limite poderiam ter conduzido ao apagão total do sistema elétrico", conclui a gestora da rede de transporte.


Neste momento o sistema elétrico ibérico já se encontra interligado ao sistema europeu, estando a situação em vias de normalização total.


FREQUÊNCIA DA REDE JÁ DEU PROBLEMAS NO INÍCIO DO ANO

Em janeiro deste ano ocorreu um problema semelhante na rede elétrica europeia, mas a Leste. Conforme o Expresso então noticiou, uma falha numa subestação na Croácia levou a uma separação da rede europeia entre duas grandes regiões na Europa durante cerca de uma hora. Os mecanismos de comunicação entre os operadores da rede elétrica dos vários países evitaram danos relevantes.


Nessa altura o problema nasceu de uma avaria na subestação de Ernestinovo, na Croácia, às 14h04 de 8 de janeiro, com a falha de um disjuntor interbarras, um equipamento que serve para assegurar a continuidade da alimentação da subestação caso haja falhas em algum dos barramentos que conduzem a eletricidade. E com isso ficou interrompido o fluxo de energia entre as regiões sudeste e noroeste da Europa.



Por Miguel Prado em:

https://amp.expresso.pt/economia/2021-07-24-Falha-na-rede-eletrica-em-Franca-provoca-cortes-de-energia-em-Portugal-e-Espanha-ab09b7c9

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

OE2026: 10 medidas com impacto (in)direto na carteira dos portugueses

  O Governo entregou e apresentou a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, mas com poucas surpresas. As mudanças nos escalões de IRS já tinham sido anunciadas, bem como o aumento nas pensões. Ainda assim, há novidades nos impostos, alargamento de isenções, fim de contribuições extraordinárias e mais despesa com Defesa, 2026 vai ser “um ano orçamental exigente” e a margem disponível para deslizes está “próxima de zero”. A afirmação em jeito de aviso pertence ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e foi proferida na  apresentação da proposta de Orçamento do Estado  para o próximo ano. O excedente é de cerca de 230 milhões de euros, pelo que se o país não quer voltar a entrar num défice, a margem para mais medidas é "próxima de zero". "Os números são o que são, se não tivéssemos os empréstimos do PRR não estaríamos a fazer alguns projetos", apontou, acrescentando que não vai discutir o mérito da decisão tomada relativamente à 'bazuca europ...

Governo altera regras de ISV para híbridos plug-in

  Híbridos plug-in vão continuar a pagar menos ISV, mas o Governo alterou as regras para evitar agravamento fiscal. Saiba o que está em causa. Atualmente, os  híbridos  plug-in  (que ligam à tomada) têm uma redução de 75% no ISV (Imposto Sobre Veículos), caso tenham uma autonomia mínima elétrica de 50 km e emissões de dióxido de carbono oficiais inferiores a 50 g/km. A partir de 2026, o Governo mantém a redução de 75% do ISV, mas vai aumentar o limite de 50 g/km de CO 2  para 80 g/km, de acordo com o que foi divulgado pela ACAP (Associação Automóvel de Portugal) ao  Expresso . © Volvo A razão para elevar o limite mínimo de emissões deve-se à entrada em vigor, a partir de janeiro de 2026, da norma Euro 6e-bis. Entre várias alterações, a norma vai alterar também a forma como são certificados os consumos e emissões dos híbridos  plug-in , refletindo melhor o uso real destes veículos. Resultado? A maioria dos valores de CO 2  homologados vão subir. Ca...