Retalhista bloqueou número recorde de listagens em 2020, registando um aumento de 67% na tentativa de vender produtos falsos
A incidência de produtos falsos, suspeitos ou contrafeitos na loja online Amazon disparou em 2020, segundo dados que a gigante do retalho divulgou esta segunda-feira. No primeiro relatório sobre as iniciativas de proteção das marcas, "2020 Brand Protection Report", a Amazon revela que bloqueou nada menos que 10 mil milhões de listagens suspeitas, um aumento homólogo de 67%. Segundo indicou, os produtos falsos foram retirados antes de serem vendidos a consumidores insuspeitos.
A empresa também confiscou 2 milhões de produtos que tinham sido enviados para os seus armazéns, já depois de vendidos a clientes, e que detetou serem contrafeitos. Em vez de seguir com a entrega das encomendas, a Amazon destruiu os produtos falsificados para evitar que pudessem ser revendidos noutro lado.
O aumento das operações falsas requereu maior esforço por parte da Amazon para travar a tendência: em 2020, a gigante investiu 700 milhões de dólares e teve uma equipa de 10 mil pessoas a trabalhar em iniciativas anti-fraude e abuso. Foi uma resposta à intensa pressão por parte de marcas, consumidores e até legisladores, que urgiram a Amazon a melhorar a filtragem de produtos falsificados na sua loja.
Dharmesh Mehta, vice-presidente da divisão de Customer Trust and Partner Support, afirmou na divulgação do relatório que a empresa também impediu 6 milhões de tentativas de criação de contas de vendedores por motivos idênticos - suspeitas de falsificação ou contrafação.
"Ajudámos os nossos parceiros de venda a manterem as suas portas virtuais abertas, e apesar do aumento das tentativas por entidades nefastas, continuámos a assegurar que a vasta maioria dos clientes faz compras com confiança na nossa vasta seleção de produtos autênticos", disse Mehta.
Esta subida durante o pico da pandemia de covid-19 veio agravar um problema com que a Amazon se debate há anos e que, segundo a própria referiu num aviso aos investidores, é uma ameaça à sua imagem e saúde do negócio. Se não controlar a venda de falsificações no site, a Amazon arrisca-se a perder a confiança tanto dos consumidores enganados como das marcas genuínas, que não quererão vender lado a lado com produtos falsos.
O grosso deste trabalho é feito por algoritmos de aprendizagem de máquina, que analisam as listagens e detetam problemas, sendo que as marcas genuínas também têm ferramentas para remover falsificações dos seus produtos.
O primeiro relatório da Amazon sobre o tema surge numa altura em que há uma proposta de lei no senado norte-americano para modificar a forma como vendedores terceiros podem listar os seus produtos online. Chamada INFORM Consumers Act, a proposta obrigaria a um processo de verificação prévia dos vendedores e à disponibilização pública do seu nome e endereço.
Na Amazon, os vendedores externos listam diretamente os seus produtos, o que explica porque é que a gigante está contra a legislação - tal como a eBay, Etsy e outras lojas online que não fazem triagem a priori, ao contrário dos concorrentes offline. Nas prateleiras das lojas físicas não há produtos falsificados porque as retalhistas fazem filtragem antes de os colocar à venda.
Segundo o relatório da Amazon, as tentativas de fraude são tantas que apenas 6% dos pedidos de registo de conta de vendedores passaram com sucesso pelo processo. O documento também indica que "apenas 001% de todos os produtos vendidos na Amazon foram alvo de uma queixa de clientes por contrafação."
Perante o cenário, a empresa estabeleceu uma nova unidade, a Counterfeit Crimes Unit, só para lidar com casos de infração de patentes e ameaça à propriedade intelectual de empresas.
Por Ana Rita Guerra em:
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