Avançar para o conteúdo principal

Queda de sonda israelita "contaminou" a Lua com seres vivos microscópicos



Chamam-se tardígrados e são seres microscópicos conhecidos por aguentarem condições extremas. Embora em estado de dormência, ficaram espalhados no solo lunar quando a sonda que os continha se despenhou

A sonda israelita Beresheet, que esteve perto de tornar-se na primeira missão lunar privada bem sucedida, carregava em si um arquivo com 30 milhões de páginas de informação sobre o planeta Terra e a espécie humana, incluindo amostras de ADN humano. A bordo seguiam também milhares de tardígrados desidratados, uma espécie animal microscópica capaz de sobreviver a condições extremas, inclusive no Espaço.

Assim que tomaram conhecimento do despenho da sonda israelita, Nova Spivack, criador da Arch Mission Foundation, a iniciativa responsável pela criação dos arquivos humanos a bordo da Beresheet, e alguns dos colaboradores da organização procuraram determinar se a informação no arquivo tinha resistido à queda na Lua.

«Nas primeiras 24 horas ficámos em choque», contou Nova Spivack à Wired, sublinhando que a equipa «estava ciente dos riscos, embora pensassem que não seriam significativos.» A equipa estima que, apesar do impacto, o arquivo esteja intacto ou em pedaços que permitem recuperar a informação.

Nova Spivack explicou também que um cenário em que os tardígrados colonizem a Lua é altamente improvável, pois neste momento os animais encontram-se numa espécie de dormência biológica. Só no caso de serem trazidos de volta para a Terra, serem reidratadas ou estarem num local com atmosfera é que podem “voltar à vida”. A Wired indica que alguns cientistas já conseguiram reanimar alguns exemplares desta espécie e que estavam em estado de dormência há cerca de dez anos.


Arch Mission Foundation
@archmission
Tardigrades can enter a state of deep suspended animation. They are not able to move around or reproduce on the Moon. They are frozen in time. They would have to be recovered and taken to a place with a suitable atmosphere, and then rehydrated, to *potentially* be reanimated.


Além dos tardígrados, o arquivo lunar que a Beresheet levava continha 25 camada de níquel com apenas alguns micrómetros de espessura (um micrómetro é o equivalente a um milionésimo de metro). As primeiras quatro camadas continham cerca de 30 mil imagens de alta definição com páginas de livros sobre introdução a algumas línguas faladas na Terra, manuais e chaves para descodificar as restante 21 camadas, que continham a esmagadora maioria das páginas de Wikipedia em língua inglesa e milhares de obras de literatura clássica.

Foi utilizado um sistema de armazenamento analógico, mas para comprimir a informação a organização recorreu a um especialista que utilizou uma técnica de gravação nanométrica de imagens de alta resolução em níquel. Foi usada uma tecnologia laser de alta precisão que gravou as imagens “átomo a átomo”, em partículas de vidro, que depois receberam um revestimento de níquel. O resultado são imagens holográficas que podem ser vistas utilizando um microscópio capaz de ampliar imagens mil vezes.

À Wired, Spivack contou que deseja incluir um maior número de amostras de ADN nos próximos arquivos lançados para o Espaço, inclusive amostras de espécies em vias de extinção. A partir do próximo outono a Arch Mission Foundation vai dar início a uma recolha de novas amostras.


Nova Spivack

@novaspivack
We sent enough DNA to regenerate life on Earth, if necessary. Although it would require more advanced biotech than we have to do that. At least our DNA is offsite now. But note that cells & DNA cannot survive or reproduce on the Moon. Yet if retrieved they could be useful…


http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/ciencia/2019-08-06-Queda-de-sonda-israelita-contaminou-a-Lua-com-seres-vivos-microscopicos

Comentários

Notícias mais vistas:

"Assinatura" típica do Kremlin: desta vez foi pior e a Rússia até atacou instalações da UE

Falamos de "um dos maiores ataques combinados" contra a Ucrânia, que também atingiu representações de países da NATO Kiev foi novamente bombardeada durante a noite. Foi o segundo maior ataque aéreo da Rússia desde a invasão total à Ucrânia. Morreram pelo menos 21 pessoas, incluindo quatro crianças, de acordo com as autoridades. Os edifícios da União Europeia e do British Council na cidade foram atingidos pelos ataques, o que levou a UE e o Reino Unido a convocarem os principais diplomatas russos. Entre os mortos encontram-se crianças de 2, 17 e 14 anos, segundo o chefe da Administração Militar da cidade de Kiev. A força aérea ucraniana afirmou que o Kremlin lançou 629 armas de ataque aéreo contra o país durante a noite, incluindo 598 drones e 31 mísseis. Yuriy Ihnat, chefe de comunicações da Força Aérea, disse à CNN que os foi “um dos maiores ataques combinados” contra o país. O ministério da Defesa da Rússia declarou que atacou “empresas do complexo militar-industrial e base...

Avião onde viajava Von der Leyen afetado por interferência de GPS da Rússia

 O GPS do avião onde viajava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi afetado por uma interferência que as autoridades suspeitam ser de origem russa, no domingo, forçando uma aterragem com mapas analógicos. Não é claro se o avião seria o alvo deliberado. A aeronave aterrou em segurança no Aeroporto Internacional de Plovdiv, no sul da Bulgária, sem ter de alterar a rota. "Podemos de facto confirmar que houve bloqueio do GPS", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Arianna Podesta, numa conferência de imprensa em Bruxelas. "Recebemos informações das autoridades búlgaras de que suspeitam que se deveu a uma interferência flagrante da Rússia". A região tem sofrido muitas destas atividades, afirmou o executivo comunitário, acrescentando que sancionou várias empresas que se acredita estarem envolvidas. O governo búlgaro confirmou o incidente. "Durante o voo que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para Plovdiv, o s...

Como uma entrevista matou João Rendeiro

João Rendeiro, após ser acusado de irregularidades no banco que fundou e presidia, o BPP, fugiu, não para um país que não tivesse acordo de extradição com Portugal mas para África do Sul onde tinha negócios. Acreditando na privacidade concedida por uma VPN, deu uma entrevista à CNN Portugal (TVI), via VPN. A partir dessa entrevista as autoridades portuguesas identificaram a localização de João Rendeiro que nunca acreditou que as autoridades sul-africanas o prendessem pois considerava as acusações infundadas e não graves ao ponto de dar prisão. No entanto João Rendeiro foi preso e, não acreditando na justiça portuguesa, recusou a extradição para Portugal acreditando que seria libertado, o tempo foi passando e ele teve de viver numa das piores prisões do mundo acabando por ter uma depressão que o levou ao suicídio. Portanto, acreditando no anonimato duma VPN, deu uma entrevista que o levou à morte. Este foi o meu comentário, agora o artigo da Leak: A falsa proteção da VPN: IPTV pode pôr-...