Avançar para o conteúdo principal

Mina de urânio espanhola coloca Portugal em risco de contaminação radioactiva

Depois da polémica de Almaraz, há uma nova “guerra” Portugal-Espanha. Desta feita, por causa de uma mina de urânio a céu aberto que está a instalar-se perto da fronteira com Portugal e que pode vir a gerar contaminação radioactiva.

Uma delegação da Assembleia da República, com deputados de todos os partidos com assento parlamentar, vai esta segunda-feira a Retortillo, em Salamanca, Espanha, para avaliar os riscos envolvidos na instalação desta mina de urânio a céu aberto, a cerca de 40 quilómetros da fronteira portuguesa de Almeida.

“A contaminação radioactiva através do ar tem uma enorme probabilidade e, para além disso, a mina fica em cima de um afluente do Rio Douro, que quer dizer que toda a drenagem de águas, todas as escorrências da mina vão acabar por ir parar ao Rio Douro”, alerta o deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Soares, que é presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, em declarações à RTP.

O bloquista integra a delegação portuguesa que vai visitar o local, onde a empresa australiana Berkeley pretende fazer a instalação da que poderá vir a ser a maior mina a céu aberto da Europa. Estão também previstas reuniões com as autoridades locais.


O Governo português já pediu esclarecimentos sobre o assunto aos homólogos espanhóis mas, até agora, não obteve qualquer resposta.

Um segundo Almaraz
Pedro Soares garante também que os espanhóis não accionaram o mecanismo de avaliação ambiental partilhada com Portugal, o que é obrigatório, estando em causa impactos ambientais que afectam os dois lados da fronteira.

Isto leva o deputado a comparar o caso de Retortillo com “o que se passou com Almaraz, que obrigou o Governo português a fazer uma queixa à Comissão Europeia para obrigar a que as autoridades espanholas prestassem e partilhassem informação sobre o caso do armazém de resíduos nucleares”, nota na RTP.

Pedro Soares apela, assim, a “uma intervenção urgente do Governo português”, de modo a que “haja partilha de informação” e “uma articulação entre as autoridades portuguesas e espanholas no sentido de perceber os reais impactos ambientais da implantação da mina de urânio”.

As preocupações com a instalação não se verificam apenas do lado de cá da fronteira. Também em Espanha, “os alcaides de Villa Vieja de Yeltes, de Boada, de Retortillo estão a exigir mais informação sobre esta matéria”, constata o bloquista, lamentando que “há aqui uma nuvem obscura à volta de todo este processo”.

O ambientalista da plataforma espanhola Stop Urânio, José Barrueco, alerta, através da TSF, que “o empreendimento de Retortillo tem prevista a abertura de mais minas perto de Portugal”, nomeadamente “em La Alameda de Gardón, Fuentes de Oñoro e Espanja”.

Esta plataforma organiza, no próximo sábado, uma manifestação em Salamanca contra esta mina de urânio. O movimento já realizou vários protestos contra a instalação.

https://zap.aeiou.pt/mina-uranio-espanhola-preocupa-portugal-riscos-contaminacao-radioactiva-192421

Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...