Avançar para o conteúdo principal

Manie - Empresa portuguesa que troca automaticamente para a melhor oferta de energia


Da esquerda para a direita está: José Sá, Francisco Ferreira, André Pedro e João Melo.


 A Manie introduz um novo serviço em Portugal: os clientes podem delegar a tarefa de encontrar a melhor oferta de energia e de mudar o contrato sempre que fiquem a ganhar mais. Podem poupar 60%.

Mudar de comercializador e oferta da luz é um processo algo simplificado em Portugal. Há vários simuladores disponíveis para que cada pessoa perceba qual a melhor oferta para o seu caso e mudar, sem custos, quantas vezes quiser. No entanto, nem todos os consumidores tiram partido desta dinâmica com frequência. A Manie viu aqui uma oportunidade: propõe-se a tratar de tudo pelo consumidor e a trocar de comercializador sempre que exista uma oferta mais vantajosa no mercado, um serviço que não existia no país até ao momento. A poupança pode chegar aos 60%, garante a empresa.


André Pedro e João Melo, dois dos co-CEO do site de finanças pessoais ComparaJá, aperceberam-se de ineficiências no processo de mudar de comercializador, como o facto de serem constantemente pedidas as mesmas informações. Foi a partir desta análise que começaram a criar a Manie, juntamente com Francisco Ferreira e José Sá, vindos da start-up de crowfunding Seedrs. A plataforma (manie.pt) pretende facilitar a gestão da energia, “do consumo à produção”, conta André Pedro ao ECO/Capital Verde.


Numa primeira fase, a Manie está focada na “otimização dos preços que o consumidor paga pela sua energia”. Tudo começa com a apresentação de um ficheiro digital (em formato PDF) de uma fatura da energia pertencente ao cliente em causa. Alimentando-se dos dados do simulador da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, aos quais acrescenta uma “camada” com ofertas específicas promocionais, a Manie deteta e partilha as melhores ofertas para cada perfil de consumo. Se o consumidor quiser, pode tomar as rédeas, escolher o comercializador que prefere e terminar o processo através do site.


No entanto, se o consumidor preferir que a plataforma prossiga com o processo, a Manie está a introduzir uma ferramenta que é nova no mercado português: a troca automática de contrato. Se o utilizador der autorização à empresa para esta mudar o seu contrato de eletricidade e/ou gás, a plataforma fá-lo, e contrata a melhor oferta. O utilizador pode ainda assinalar critérios que quer que sejam tidos em conta, como pedir o fornecimento de eletricidade unicamente renovável ou um bónus de desconto nos combustíveis.


Uma vez que um novo contrato demora três a cinco dias a ficar ativo, um utilizador poderia trocar de oferta, no limite, numa base semanal, embora normalmente não existam oscilações que o justifiquem, afirma André Pedro. Até ao final do ano, todos os serviços vão ser gratuitos. A partir daí, só será gratuita a reavaliação e eventual troca de contrato de três em três meses. Para uma maior frequência, ou seja, trocas sempre que compense monetariamente, será necessária uma subscrição de 3,99 euros, que só será cobrada quando a poupança for superior.


A Manie estima que numa primeira alteração o cliente possa poupar entre 40% a 60% do que paga atualmente — nesta fase de testes, a poupança média foi de 52%, informa o fundador.


“Não vamos negociar contratos, só em casos mais específicos, por exemplo casos de empresas, em que o consumo é muito elevado e os comercializadores podem ter interesse em oferecer um preço diferente”, esclarece André Pedro. Numa fase posterior, na qual a Manie tenha angariado uma massa de clientes mais significativa também está nos planos negociar contratos em bloco (bulk). “Nos países nórdicos existem os chamados energy clubs [clubes de energia], em que a energia é negociada em pacote, de forma a obter preços mais atrativos”, explica o fundador.


A Manie pretende lucrar não só através das subscrições mas também firmando contratos com os comercializadores nos quais acordem uma comissão por cada cliente angariado. Contudo, nenhum comercializador ficará de fora da plataforma, garantindo sempre que o cliente recebe a oferta mais baixa. Assim, o incentivo para os comercializadores acordarem o pagamento de uma comissão por contrato será a hipótese de definir ofertas específicas para os clientes que chegam via Manie.


Além da troca de contratos, gerir energia

Uma vez que o mote é “do consumo à produção”, a Manie está a desenvolver uma aplicação móvel (app) através da qual o cliente vai poder gerir melhor a sua energia — tanto a que consome, como aquela que produza.


Uma vez que até ao final do ano está previsto que todas as casas em Portugal passem a ter contadores inteligentes, caso o consumidor tenha um contrato a preços indexados (que variam de acordo com o mercado grossista, onde os produtores vendem a sua energia aos comercializadores), pode gerir os seus consumos com o auxílio da app. Através da aplicação, pode ficar por exemplo a saber qual a hora mais barata para carregar o carro elétrico ou colocar a máquina da roupa a funcionar. E, se tiver eletrodomésticos inteligentes, pode até dar a ordem automaticamente para iniciar o funcionamento dos mesmos.


Por fim, através também da análise dos consumos que é permitida através da fatura, a plataforma poderá recomendar a alguns perfis a produção de energia solar. A Manie tem parcerias com empresas de painéis fotovoltaicos no sentido de servirem os clientes cujo perfil de consumo se adeque à produção. Mesmo que este seja o caso de alguém que não tenha espaço para a instalação de um painel fotovoltaico, a plataforma vai facilitar a criação de comunidades de energia renovável ou até a subscrição, por parte de clientes que vivem noutras cidades, de painéis instalados por exemplo no Alentejo.


Em julho e agosto a plataforma já esteve operacional, mas em fase de testes. O objetivo é em setembro a Manie entrar “a sério” no mercado, com a divulgação e aceleração do investimento, afirma André Pedro. Os fundadores esperam ter as funcionalidades todas disponíveis já no próximo ano, apesar de, para já, arrancarem apenas as ferramentas de otimização de preço.


Empresa portuguesa lança serviço que troca automaticamente para a melhor oferta de energia – ECO


Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...