McDonald's sem batidos e bombas sem combustível. "Brexit" de motoristas deixa Reino Unido num aperto
Os cidadãos da União Europeia representam grande parte da mão de obra nos setores de logística e retalho no Reino Unido, mas muitos voltaram para os seus países de origem por causa das medidas de imigração pós-Brexit. E a pandemia também não ajudou, pois claro.
McDonald's sem batidos e bombas sem combustível.
A McDonald’s não está a conseguir vender os seus famosos batidos, no Reino Unido, devido à falta de leite. Mas o leite não é o único item escasso e esta cadeia de restaurantes não é a única a queixar-se de falta de stock.
A gigante de fast food também não estava a conseguir vender algumas bebidas engarrafadas, esta semana, nos seus 1.250 pontos de venda por todo o país. E, na semana passada, a Nando’s foi forçada a fechar as portas de 50 restaurantes devido à falta de frangos. O KFC também não tem conseguido servir por completo o seu menu nas últimas semanas. A rede de supermercados Sainsbury’s está a lutar por manter as prateleiras preenchidas. E abastecer o carro também tem sido uma tarefa complicada para os britânicos.
O Reino Unido está a atravessar um problema de escassez de oferta histórico. A falta de motoristas de pesados não permite dar resposta à procura de bens por parte da população. Em causa estão as regras de imigração mais apertadas no pós-Brexit e as medidas restritivas associadas à pandemia, que promovem o isolamento social.
"Esta é a maior falta de recursos humanos e de produtos de que há registo", afirma à BBC a CIPS (Composite Purchasing Managers' Index), um instituto britânico, responsável por compras e abastecimento. No mês de agosto, os inventários das pequenas lojas, grandes superfícies e restaurantes caíram para os níveis mais baixos registados.
O British Poultry Council, grupo de indústria de carne de aves, acusou o governo de Boris Johnson de negligenciar a escassez de trabalhadores no setor do transporte de mercadorias, bem como no setor da agricultura. Os cidadãos da União Europeia representam cerca 60% da mão-de-obra de carne de aves no Reino Unido, segundo este órgão.
Grupos associados à logística ou ao retalho, como o Logistics UK ou o British Retail, reivindicam medidas por parte do executivo, no sentido de resolver o défice de cerca de 90 mil motoristas com vistos de trabalho para cidadãos de países da União Europeia.
No terreno, as empresas aumentam os bónus, na esperança de cativar novos trabalhadores e aumentar o recrutamento.
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