Avançar para o conteúdo principal

Morreram mais 2699 em Portugal do que na Suécia

Tiago Silvério Marques


 O pânico generalizado só nos fará aceitar o que aí vem, pensado para apaziguar os nossos medos, de acordo com as nossas crenças, independentemente da sua eficácia em salvar-nos.


Será que vamos seguir o exemplo da Suécia ou de Espanha a lidar com a pandemia?


A Suécia, como nós, tem cerca de 10 milhões de habitantes.


A primeira morte por coronavírus na Suécia foi a 11 de Março e desde então, até dia 21 de Outubro, morreram 56.065 pessoas, 5210 a mais do que em 2019, cerca de 6 mil pessoas a mais do que a média de mortes de 2015 a 2019, segundo estatísticas oficiais publicadas pela Statistics Sweden.



Até 21 de Outubro, na Suécia, morreram por coronavírus, 5925 pessoas.


Em Portugal, a primeira morte por coronavírus foi a 16 de Março e desde então, até 21 de Outubro, morreram 69.220 pessoas, segundo a DGS, 7909 portugueses a mais do que em 2019, cerca de 8700 pessoas a mais do que a média de mortes de 2015 a 2019.


Até 21 de Outubro, morreram por coronavírus 2229 pessoas. Só que… durante a pandemia, morreram 5680 a mais, face ao ano passado, por outras causas que não coronavírus.


De que morreram esses 5680 nossos amigos, irmãos, primos, tios, pais, avós e filhos durante a pandemia?


E se compararmos o número total de mortes a mais em Portugal neste ano, com o número total de mortes a mais na Suécia, como se explica que tenham morrido mais 2699 portugueses do que suecos, durante a pandemia, até 21 de Outubro?


Agora pensemos em Espanha. Existem do outro lado da fronteira cerca de 4,5 vezes mais habitantes. Em Espanha, a primeira morte por coronavírus foi a 13 de Fevereiro. Segundo o Sistema de Monitorización de la Mortalidad diaria (MoMo), morreram desde então, até 21 de Outubro, 58.123 pessoas a mais do que no ano passado no mesmo período: cerca de 34 mil de coronavírus e cerca de 24 mil de outras causas. Infelizmente, não foram eficazes a prevenir as mortes em Espanha independentemente da sua causa.



Se por milhão de habitantes, conseguimos perceber que em Espanha morrem quase 3,5 vezes mais do que em Portugal por causa do coronavírus, conseguimos calcular que morrem por outras causas que não o coronavírus, por milhão de habitantes, na mesma proporção que em Portugal.


Todos estamos de acordo em que uma morte, tenha lá a causa que tiver, é uma tragédia. Mas de que nos vale ter uma taxa de mortalidade mais baixa por coronavírus, para depois ter uma taxa de mortalidade mais alta por outras causas?


Obviamente o vírus é real e mata. Mas a forma como lidamos com a informação nesta altura de pandemia, pode conduzir a uma histeria colectiva que vai matar ainda mais.



É que é espantoso, que perante números, evidências, preferimos bloquear e agir de forma irracional. Numa época em que o acesso a dados é imediato e gratuito, preferimos não aceder, não analisar para não meditar sobre as medidas que os nossos responsáveis querem implementar.


O pânico generalizado só nos fará aceitar o que aí vem, pensado para apaziguar os nossos medos, de acordo com as nossas crenças, independentemente da sua eficácia em salvar-nos.


Que tal aprendermos com os Suecos e com os Espanhóis a lidar com a pandemia, em vez de seguir uma só doutrina?


https://observador.pt/opiniao/morreram-mais-2699-em-portugal-do-que-na-suecia/

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

O filme de ficção científica mais assistido da Netflix: Quase 500 milhões de espectadores, mas seu diretor afirma que "os críticos e os guardiões da cultura o odiaram"

 Foi número 1 em 85 países e o centro de uma notável polêmica. Um dos maiores sucessos cinematográficos da Netflix até hoje foi Não Olhe Para Cima, um filme de ficção científica que ainda ocupa o segundo lugar na lista dos filmes de todos os tempos dessa plataforma. No entanto, a Netflix apenas compartilhou dados de visualizações dos primeiros 91 dias, mas agora seu diretor Adam McKay afirmou que na realidade o filme foi visto por quase 500 milhões de espectadores. Número 1 em 85 países McKay concedeu uma entrevista à NME por ocasião dos incêndios que Los Angeles sofreu para, entre outros temas, comentar sobre a importância da mensagem sobre mudanças climáticas que Não Olhe Para Cima traz. Além disso, ele destaca o enorme sucesso que o filme teve, mas também a má recepção por parte da imprensa especializada: "Diante dessas catástrofes dramáticas que continuam acontecendo, um filme parece realmente pequeno e ridículo. Mas o que foi inspirador e energizante foi a resposta popular a ...

Foi criada uma "supermadeira" que é mais forte que o aço

  Primeiro reforçou-se a madeira normal, depois até se conseguiu torná-la transparente. Agora chegamos a um novo ponto Uma empresa americana concebeu um novo tipo de madeira que, segundo afirma, tem uma relação resistência/peso até 10 vezes superior à do aço, sendo também até seis vezes mais leve. A “superwood” acaba de ser lançada como produto comercial, fabricada pela InventWood, uma empresa cofundada pelo cientista de materiais Liangbing Hu. Há mais de uma década, Hu lançou-se numa missão para reinventar um dos mais antigos materiais de construção conhecidos pela humanidade. Enquanto trabalhava no Centro de Inovação de Materiais da Universidade de Maryland, Hu, que agora é professor em Yale, encontrou formas inovadoras de fazer a reengenharia da madeira. Chegou mesmo a torná-la transparente, removendo parte de um dos seus principais componentes, a lignina, que dá à madeira a sua cor e alguma da sua resistência. O seu verdadeiro objetivo, no entanto, era tornar a madeira mais for...