Avançar para o conteúdo principal

Porras, o cardeal sem medo.

A Igreja Católica venezuelana acusou o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela de levar o país ao “precipício de uma ditadura” ao ordenar ao Presidente Nicolás Maduro que limite a imunidade parlamentar.

Trata-se de uma decisão que é vista como uma concessão de poderes “exorbitantes” ao Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para criminalizar a oposição e que, segundo vários juristas, na prática, já eliminou a imunidade dos parlamentares e vai acabar com o parlamento.

“A crise do país agrava-se a cada dia, como consequência de um sistema totalitário que nos leva a esse precipício que é a ditadura, porque simplesmente não se quer reconhecer onde está a soberania, que reside no povo que elegeu uma Assembleia Nacional”, disse o cardeal Baltazar Porras aos jornalistas.

Segundo o cardeal, a decisão do STJ é “anti-constitucional” e o Supremo Tribunal venezuelano pretende fazer desaparecer o parlamento eleito pelo povo e isso “é negar a base fundamental da democracia”.

Por outro lado, Baltazar Porras, referiu-se à eventual ativação da Carta Democrática da Organização de Estados Americanos, queixou-se da atuação da representação venezuelana naquele organismo, manifestando tristeza, pelo uso permanentemente “do insulto e da grosseria, porque o que se quer fazer valer é a razão da Venezuela”.

O cardeal chamou a atenção que o povo venezuelano está a pedir o que está na Constituição, que são eleições, que estão a ser adiadas de maneira inconstitucional e arbitrária, o que se constitui “numa parte do problema e da grave crise” no país.

Baltazar Porras defendeu a proposta opositora de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, insistindo, no entanto, que a prioridade são as eleições regionais que deveriam ter ocorrido em dezembro passado.

Na terça-feira, o STJ ordenou ao Presidente Nicolás Maduro que defina limites para a imunidade parlamentar, face ao que considerou serem “ações que atentam contra a independência e soberania nacional”.

Trata-se de uma decisão que é vista como uma concessão de poderes “exorbitantes” ao Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para criminalizar a oposição e que, segundo vários juristas, na prática, já eliminou a imunidade dos parlamentares e vai acabar com o parlamento.

Segundo o STJ, a decisão corresponde a um recurso interposto contra o “acordo sobre a reativação do processo de aplicação da Carta Interamericana da Organização de Estados Americanos como mecanismo para a resolução pacífica de conflitos e para restituir a ordem constitucional na Venezuela”, aprovado pela maioria parlamentar, da oposição, no passado dia 21.

O documento precisa ainda que, “no quadro do estado de exceção (económica em vigor no país) e perante o desacato e omissão legislativa continuada de parte da Assembleia Nacional”, o chefe de Estado deve rever, a título excecional, legislação como a Lei Orgânica contra a Criminalidade Organizada e o Financiamento do Terrorismo, a Lei Contra a Corrupção, o Código Penal, o Código Orgânico Processual Penal e o Código de Justiça Militar.

O objetivo, segundo a sentença do STJ, é “conjurar os graves riscos que ameaçam a estabilidade democrática, a convivência pacífica e os direitos dos venezuelanos, tudo em conformidade com a letra e o espírito da Lei Orgânica sobre os Estados de Exceção, em vigor”.

http://observador.pt/2017/03/30/igreja-catolica-acusa-supremo-tribunal-de-justica-de-levar-a-venezuela-ao-precipicio-de-uma-ditadura/

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

A Fusão Nuclear deu um rude golpe com o assassínio de Nuno Loureiro

“Como um todo, a fusão nuclear é uma área muito vasta. Não é a morte de um cientista que impedirá o progresso, mas é um abalo e uma enorme perda para a comunidade científica, Nuno Loureiro deu contributos muito importantes para a compreensão da turbulência em plasmas de fusão nuclear” diz Bruno Soares Gonçalves , presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do IST . O que é a fusão nuclear e por que razão o cientista português do MIT assassinado nos EUA dizia que “mudará a História da humanidade” “Os próximos anos serão   emocionante s   para nós e para a fusão nuclear.  É o início de uma nova era” . As palavras são de Nuno Loureiro e foram escrit as em 2024 . A 1 de maio desse ano, o   cientista português   assumi a   a direção do Centro de Ciência e Fusão de Plasma (PSFC) , um dos maiores   laboratórios  do Massachussetts   Institute   of   Technology ( MIT) . A seu cargo tinha   250   investigadores , funcionário...

Os professores

 As últimas semanas têm sido agitadas nas escolas do ensino público, fruto das diversas greves desencadeadas por uma percentagem bastante elevada da classe de docentes. Várias têm sido as causas da contestação, nomeadamente o congelamento do tempo de serviço, o sistema de quotas para progressão na carreira e a baixa remuneração, mas há uma que é particularmente grave e sintomática da descredibilização do ensino pelo qual o Estado é o primeiro responsável, e que tem a ver com a gradual falta de autoridade dos professores. A minha geração cresceu a ter no professor uma referência, respeitando-o e temendo-o, consciente de que os nossos deslizes, tanto ao nível do estudo como do comportamento, teriam consequências bem gravosas na nossa progressão nos anos escolares. Hoje, os alunos, numa maioria demasiado considerável, não evidenciam qualquer tipo de respeito e deferência pelo seu professor e não acatam a sua autoridade, enfrentando-o sem nenhum receio. Esta realidade é uma das princip...