Avançar para o conteúdo principal

Cientistas desenvolvem implante para aumentar capacidade da memória humana

Em 1998, Andy Clark e David Chalmers propuseram que um computador operasse em conjunto com os nossos cérebros como uma “mente estendida”, oferecendo capacidades de processamento adicionais à medida que resolvemos problemas e um anexo para as nossas memórias, com informações e imagens.

Agora, um professor de engenharia biomédica na Universidade do Sul da Califórnia, Theodore Berger, está a tentar “melhorar” a memória humana através do desenvolvimento de uma prótese que será implantada no cérebro. O cientista já está a testar o “anexo” em seres humanos.

A prótese na qual Berger trabalha há mais de dez anos, pode funcionar como um hipocampo artificial, a área do cérebro associada à memória e à navegação espacial.

O plano é que o dispositivo converta a memória de curto prazo em memória de longo prazo e, potencialmente, a armazene, tal como o hipocampo.

Berger começou por ensinar uma cobaia a associar um áudio a um sopro de ar administrado no rosto do animal, fazendo com que piscasse os olhos. Os elétrodos ligados ao animal permitiram observar padrões de atividade no hipocampo do animal.

O especialista refere-se a esses padrões como um “código espaço-tempo”. Berger observou os neurónios a evoluir, enquanto a cobaia aprendeu a associar o som e o ar.

O cientista disse ao portal Wired que “à medida que o código do espaço-tempo se propaga nas diferentes camadas do hipocampo, é gradualmente transformado num código de espaço-tempo diferente”.

Eventualmente, o som foi suficiente para o hipocampo produzir um código de espaço-tempo baseado na última versão, fazendo com que o animal piscasse os olhos.

Memória Artificial

A maneira pela qual o hipocampo estava a processar a memória da cobaia e a produzir um código de espaço-tempo memorável, tornou-se previsível o suficiente para Berger fosse capaz de desenvolver um modelo matemático que represente o processo.

Berger construiu um hipocampo de rato artificial – a sua prótese experimental – para testar as suas observações e o seu modelo.

Ao treinar camundongos para pressionar uma alavanca com elétrodos e monitorizando os seus hipocampos, o cientista conseguiu adquirir os códigos de espaço-tempo correspondentes.

Ao executar esse código através do seu modelo matemático e enviá-lo de volta para os cérebros dos animais, o seu sistema foi validado conforme estes pressionaram, com sucesso, as suas alavancas.

“Os animais lembraram-se do código correto, como se eles próprios o tivessem criado. Agora estamos a recolocar a memória no cérebro“, relata.

Um desafio maior

Dustin Tyler, professor de engenharia da Case Western Reserve University, adverte que “todas as próteses que interagem com o cérebro têm um desafio fundamental.

“Existem mil milhões de neurónios no cérebro e ainda mais conexões entre eles. Tentar encontrar a tecnologia que entre na massa de neurónios e seja capaz de se interligar a um nível de alta resolução é complicado”, diz Tyler.

Ainda assim, Berger está otimista. “Agora estamos a testar a prótese em humanos e temos obtido bons resultados. Vamos prosseguir com o objetivo de comercializar esta prótese”, adiantou.

Segundo Theodore Berger, a prótese cerebral está a ser desenvolvida para pessoas com problemas de memória.

O dispositivo minúsculo seria implantado no próprio hipocampo do paciente, onde estimularia os neurónios responsáveis a transformar memórias de curto prazo em memórias de longo prazo.

O especialista espera conseguir ajudar os pacientes que sofrem de Alzheimer, outras formas de demência, vítimas de acidente vascular cerebral e pessoas cujos cérebros foram danificados.

http://zap.aeiou.pt/cientistas-desenvolvem-implante-aumentar-capacidade-da-memoria-humana-142719

Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...