Avançar para o conteúdo principal

Testamentos têm IVA superior a uma dormida em hotel cinco estrelas



 Estado cobra 23% de iva nos processos de inventário, nos testamentos e nas habilitações de herdeiros, atos processuais e procedimentos a que muita gente está obrigada, sem possibilidade de poder escapar quando se desloca a uma cartório notarial ou a uma conservatória. Mas, sem nenhuma obrigação, as pessoas poderão dormir num hotel de cinco estrelas no continente e só pagarão 6% de iva. Na Madeira pagarão 5% e apenas 4% nos Açores.


“É injusto”, considera o bastonário da Ordem dos Notários (ON), sublinhando: “Não é razoável que o legislador faça equivaler, no que respeita à cobrança de iva, o acesso ao Direito e à Justiça, garantidos constitucionalmente, à aquisição de um qualquer bem ou serviço de consumo, ou seja, à aplicação de uma taxa máxima de 23%”.


Neste sentido, a ON enviou aos partidos políticos que concorrem à eleições, e que tinham assento parlamentar,  algumas  sugestões para o setor da justiça, propondo, nomeadamente, a isenção de iva para atos processuais e procedimentos considerados inevitáveis em determinadas situações, como por exemplo,  processos de inventário, testamentos, habilitações de herdeiros, procurações irrevogáveis e partilhas extrajudiciais – “atendendo ao interesse público subjacente e à inevitabilidade do acesso a tais serviços”, explica o bastonário (na foto).


A ON propõe, também, a aplicação da taxa reduzida de 6% de iva aos restantes serviços prestados por notários, advogados e solicitadores. Por exemplo, autenticação de documentos, procurações simples, contratos de compra e venda de imóveis, hipotecas, partilha de heranças, partilha de bens por divórcio etc..


A ON, segundo Jorge Batista da Silva, gostaria também que se fosse mais longe e o iva desaparecesse de todos os processos judiciais. “O Estado não tem de ganhar dinheiro com a justiça. Trata-se de um direito constitucional”, disse, salientando:  “É natural que se pague pela resolução de um  litígio, mas é impossível defender que sobre o valor do serviço se pague 23% de iva, como se de um whisky se tratasse”. Para o bastonário, o “Estado não pode usar a justiça como fonte de lucro. É imoral e inconstitucional”. E afirmou: “Nos processos de inventário, que é um processo imperativo, 23% de iva é uma aberração completa. Isto tem de acabar imediatamente. O Estado já deveria ter acabado com isso”. Em seu entender, “ninguém sabe por que não acabou atendendo a que não se está no âmbito da concorrência”. “Na pior das hipóteses deveria baixar-se já tudo para 6%, até se encontrar uma solução para que venha a ser zero”, defendeu.


A ON propôs também aos políticos a desjudicialização dos inventários por óbito e divórcio. Esta medida suporia a criação de um novo regime simplificado de inventários, nos termos do qual o processo será promovido nos Cartórios Notariais e nos Tribunais, ao mesmo tempo, mantendo-se as competências de cada um, mas aproveitando-se, para o efeito, a interoperabilidade entre a Plataforma para Tramitação de Inventários da ON e a Plataforma Citius, do Ministério da Justiça. Ou seja, ambas as entidades trabalhavam ao mesmo tempo no mesmo processo via informática.


Estas e outras propostas da ON foram apresentadas aos partidos políticos quando estes já tinham os seus programas eleitorais fechados. Porque, explicou o bastonário, “independentemente de quem ganhe as eleições, todas estas propostas estão em linha com aquilo que qualquer governo deseja para a administração pública”.


Testamentos têm IVA superior a uma dormida em hotel cinco estrelas (sapo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

"Bolsa tem risco, depósitos têm certeza de perda"

Maria Luís Albuquerque, comissária europeia para Serviços Financeiros e União de Poupança e Investimento, diz ser "indispensável" mobilização da poupança privada para financiar prioridades europeias.  É “indispensável” que haja na Europa uma “mobilização da poupança privada – que tem volumes significativos” – para financiar as “prioridades” europeias, porque, defende Maria Luís Albuquerque, comissária europeia, os “orçamentos públicos não serão suficientes“. A ex-ministra das Finanças, que na Comissão Europeia recebeu a pasta dos Serviços Financeiros e a União da Poupança e do Investimento, assinala que, sobretudo no contexto geopolítico atual, têm de ser dadas condições ao cidadãos para investirem mais nos mercados de capitais – porque “investir nos mercados de capitais tem risco de perda, aplicar poupanças em depósitos a prazo tem tido certeza de perda“. As declarações de Maria Luís Albuquerque foram feitas num evento anual da CMVM, o supervisor do mercado de capitais portu...

Os 15 bairros mais perigosos de Portugal

 Localizam-se sobretudo nas periferias de grandes cidades como Lisboa e Portugal e são os bairros mais perigosos de Portugal. Conheça-os melhor.   Estes são os bairros mais perigosos de Portugal e, infelizmente, a situação parece não melhorar. São os bairros mais problemáticos de Portugal e situam-se na periferia das grandes cidades e neles abundam os problemas sociais e a criminalidade, sobretudo praticada por gangues de jovens. As autarquias têm apostado no apoio social e na inclusão dos seus habitantes, mas muito há ainda para fazer. A existência destes bairros faz com que existem zonas a evitar em Lisboa e no Porto (e nas suas áreas metropolitanas, ou seja, na periferia de Lisboa e do Porto). Muitos destes bairros são os designados “bairros sociais”, ou seja, bairros que foram construídos para realojar pessoas que viviam anteriormente em bairros de lata (favelas) ou em barracas. No entanto, importa ressalvar que, mesmo sendo alguns dos locais mais problemáticos das áreas u...