Avançar para o conteúdo principal

"No rendimento 'per capita' estamos na cauda da Europa e pior do que em 2000"

 



  • O que está em causa?
    Ao discursar hoje num almoço-debate da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, o líder do PSD defendeu a "necessidade de competir com todas as geografias para atrairmos investimento e criarmos valor". Não deixou porém de apontar para a dificuldade do "ponto de partida" em que "do ponto de vista do rendimento 'per capita' estamos na cauda da Europa" e "pior do que estávamos no início do século".

Em período de pré-campanha eleitoral, ainda que toldado pela crise política no PSD-Madeira e respetivo Governo Regional, Luís Montenegro parece estar a acelerar o ritmo de exposição e intervenção: hoje discursou num almoço-debate da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, no Porto, e logo à noite será emitida uma entrevista ao líder do PSD (e da coligação Aliança Democrática) na CNN Portugal.

Referindo-se ao processo de "globalização" que prossegue apesar de um reenquadramento, Montenegro sublinhou que "nós temos necessidade de competir com todas as geografias para atrairmos investimento, para criarmos valor, para fixarmos pessoas, para podermos ter índices de competitividade e de produtividade que nos façam ganhar mercado. Porque sem mercado, não há economia. E sem economia não há os tais meios para as pessoas viverem melhor."

Na perspetiva do candidato a Primeiro-Ministro, o crescimento económico de Portugal não tem sido suficientemente elevado. E "se o ponto de partida é este, um crescimento que fica muito limitado, que não compete verdadeiramente com aqueles que são comparáveis connosco - veja-se no plano europeu, (…) nós temos países que aderiram à União Europeia 20 anos depois de nós que estão hoje, do ponto de vista da sua performance económica e já também do ponto de vista dos instrumentos que dão aos cidadãos para que eles se possam realizar, à nossa frente."

"Nós estamos cada vez mais no fundo da Europa", lamentou Montenegro. "A verdade é que nós do ponto de vista do rendimento per capita estamos na cauda da Europa. E do ponto de vista das perspetivas de ganharmos competição ao nível internacional, estamos muito enfraquecidos. Nós estamos aliás pior hoje do que estávamos no início do século. O rendimento por habitante em Portugal, face à média europeia, é hoje inferior ao que era em 2000. Em 2000, o nosso rendimento por habitante era cerca de 85% da média europeia, hoje é cerca de 78%. Este número não engana".

Estas alegações do líder do PSD têm fundamento?

De acordo com os últimos dados compilados pelo Eurostat, ao nível do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, em Paridades de Poder de Compra (PPC), Portugal estava na 20.ª posição da tabela (entre os 27 Estados-membros) com 79% da média da União Europeia.

Na medida em que apenas a Hungria, Roménia, Croácia, Letónia, Eslováquia, Grécia e Bulgária registam médias inferiores, aceita-se a validade da alegação de que Portugal está "na cauda da Europa" relativamente a este indicador.

Também é verdade que, embora tenha atingido a percentagem mais elevada dos últimos anos (79% da média europeia, tal como em 2019), o facto é que permanece abaixo do nível de 2000.

"No início do século", como referiu Montenegro, o PIB per capita de Portugal, medido em PPC, estava em cerca de 85% da média da União Europeia. Comparando diretamente com 2022, baixou seis pontos percentuais para 79%.


Luís Montenegro: "No rendimento 'per capita' estamos na cauda da Europa e pior do que em 2000" - Polígrafo (sapo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

OE2026: 10 medidas com impacto (in)direto na carteira dos portugueses

  O Governo entregou e apresentou a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, mas com poucas surpresas. As mudanças nos escalões de IRS já tinham sido anunciadas, bem como o aumento nas pensões. Ainda assim, há novidades nos impostos, alargamento de isenções, fim de contribuições extraordinárias e mais despesa com Defesa, 2026 vai ser “um ano orçamental exigente” e a margem disponível para deslizes está “próxima de zero”. A afirmação em jeito de aviso pertence ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e foi proferida na  apresentação da proposta de Orçamento do Estado  para o próximo ano. O excedente é de cerca de 230 milhões de euros, pelo que se o país não quer voltar a entrar num défice, a margem para mais medidas é "próxima de zero". "Os números são o que são, se não tivéssemos os empréstimos do PRR não estaríamos a fazer alguns projetos", apontou, acrescentando que não vai discutir o mérito da decisão tomada relativamente à 'bazuca europ...

Bruxelas obriga governo a acabar com os descontos no ISP

 Comissão Europeia recomendou o fim dos descontos no imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos O ministro das Finanças garantiu que o Governo está a trabalhar numa solução para o fim dos descontos no imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP), recomendado pela Comissão Europeia, que não encareça os preços dos combustíveis. “Procuraremos momentos de redução dos preços, para poder reverter estes descontos”, afirmou o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, que apresentou esta quinta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2026, em Lisboa. O governante apontou que esta questão é colocada pela Comissão Europeia desde 2023, tendo sido “o único reparo” que a instituição fez na avaliação do Programa Orçamental de Médio Prazo, em outubro do ano passado, e numa nova carta recebida em junho, a instar o Governo a acabar com os descontos no ISP. O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, tinha já admitido "ajusta...