O presidente da Ryanair, Michael O'Leary © MIGUEL A. LOPES/LUSA
O presidente da Ryanair, Michael O'Leary, defendeu hoje que o apoio estatal à TAP não é um investimento, mas sim impostos cobrados aos contribuintes "deitados na sanita" da companhia aérea e acusou o ministro Pedro Nuno Santos de dizer "falsidades".
"[O apoio à TAP] não é um investimento, são impostos deitados na sanita da TAP", afirmou Michael O'Leary, em conferência de imprensa, refutando o argumento apresentado pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, de que o Estado tem direito a investir na TAP.
"O ministro [Pedro Nuno] Santos tem levado a cabo uma campanha para fazer acusações falsas sobre a Ryanair", disse o responsável da companhia aérea irlandesa.
O presidente da Ryanair ressalvou que a companhia aérea não tem uma má relação com o Governo português, mas sim apenas uma relação um pouco conturbada, de momento, com o ministro das Infraestruturas, de quem gostava de receber "um pedido de desculpas" pelas "acusações falsas que tem feito".
"Nós bloqueámos as ajudas estatais noutros países. [...] Nenhum outro ministro criticou a Ryanair como o ministro Santos", apontou Michael O'Leary, realçando não estar a atacar o governante, mas apenas a defender-se das "falsas alegações feitas contra um dos maiores investidores externo em Portugal".
"Ele [Pedro Nuno Santos] é um político. Está a jogar alguma espécie de 'carta' populista. Está preso à ideia de que vai salvar a TAP. [...] É um sinal da sua arrogância", acrescentou.
O responsável disse que a Ryanair também paga impostos em Portugal e, por isso, preferia ver esse dinheiro investido em hospitais, escolas e no aeroporto do Montijo.
"Nós não queremos ajudas europeias, nós não precisamos de ajudas europeias. Nós simplesmente achamos que [o investimento na TAP] é um completo desperdício de dinheiro. [...] Nós gostaríamos de ver a TAP a sobreviver, mas precisa de ser muito mais pequena e muito mais eficiente, mas não é", sublinhou O'Leary.
Em 2020, a TAP voltou ao controlo do Estado português, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado o auxílio estatal de 1,2 mil milhões de euros.
Já este ano, no final de abril, a Comissão Europeia aprovou um novo e intercalar auxílio estatal de Portugal à TAP, no valor de 462 milhões de euros, para novamente compensar prejuízos decorrentes da pandemia e, segundo a transportadora, garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas (que ainda decorre).
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