OMS alertou para "escassez crónica" de material quatro vezes. Portugal só começou a comprar em março
Desde fevereiro que a OMS alertava para a escassez de equipamento de proteção, como máscaras, luvas ou óculos. Mas Portugal seguiu a tendência da Europa e só fez as primeiras encomendas em março.
Ninguém podia prever que, em menos de quatro meses, a velocidade de contaminação da Covid-19 atropelasse a Europa e a tornasse no novo epicentro da pandemia. E é certo que a estratégia para prevenir e controlar o novo coronavírus não foi uma linha reta, teve avanços e recuos que podem ter custado tempo e milhares de vidas. Mas, em alguns aspetos, avisos não faltaram — nomeadamente no que diz respeito à necessidade de preparar os hospitais para o cenário mais grave.
A Organização Mundial de Saúde pode ter hesitado em declarar a Covid-19 uma pandemia, segundo alguns académicos, mas falou de forma muito clara quando chamou a atenção dos governos para a “escassez crónica” de materiais médicos e equipamentos de proteção individual. Nesse capítulo, nunca hesitou. Foram, pelo menos, quatro os discursos que não deixaram margem para qualquer dúvida: entre 7 de fevereiro e 3 de março, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral do organismo mundial, falou em materiais “insuficientes para atender todas as necessidades”, numa “janela de oportunidade” para salvar vidas que se estava a fechar ou em reservas a esgotar-se rapidamente.
Num desses discursos, o responsável da OMS não podia ter sido mais claro no aviso a todos os países: “Os hospitais têm oxigénio ou ventiladores suficientes? Os profissionais de saúde estão equipados com o precisam para trabalharem protegidos? Se a resposta a uma dessas perguntas for ‘não’, o vírus vai explorar essa lacuna“. Foi ainda em fevereiro, mas as compras em Portugal — como na maioria dos outros países da Europa — só começaram em março.
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