Avançar para o conteúdo principal

"O resto do mundo está a rir-se da Europa". Antigo ministro das Finanças grego critica Centeno: desempenho foi "vergonhoso"


Yanis Varoufakis classificou o desempenho de Centeno como "vergonhoso", afirmando que acordo marca o início da "desintegração da União Europeia e da zona euro". E avisa: "vai haver austeridade".

▲"Acho que o Eurogrupo de dia 9 de abril vai ser lembrado como o momento em que a desintegração da União Europeia e da zona euro começou", lamentou Yanis Varoufakis

O antigo ministro das Finanças grego criticou esta sexta-feira o ministro das Finanças português, afirmando que o acordo aprovado pelo Eurogrupo, que consiste num pacote europeu de 540 mil milhões para combater a crise, é o início do fim do euro. Em entrevista à TSF, Yanis Varoufakis garante ainda: “Vai haver austeridade”.

“O valor faz dó. O resto do mundo está a rir-se da Europa, e com razão. É só 0,2% do PIB da zona euro. O resto é empréstimos, e os empréstimos são inúteis“, lamenta, referindo que a Alemanha está a canalizar injeções diretas de 6%. Já em Portugal e na Grécia são cerca de 0,9%, o que irá “ampliar os desequilíbrios já existentes”.

Varoufakis vai mais longe e defende que “os resgates a Portugal e à Grécia foram disfarçados de solidariedade”, mas avisa que, neste momento, não é uma questão de solidariedade. “Nós, os países do Sul, não devemos apelar à solidariedade. Devemos apelar ao bom senso”, frisa, referindo-se aos eurobonds.

Segundo o antigo ministro das Finanças grego, os eurobonds, pedidos pela Grécia e Portugal, são essenciais, uma vez que constituem uma reestruturação da dívida, que passa a ser partilhada pela Europa. “Espalhando a dívida, o valor líquido diminui nos próximos 20 anos, tornando-se mais gerível”, acrescenta.

Ao optar por empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilidade ou dos mercados, Varoufakis explica que “países como a Grécia ou Portugal vão estar tão endividados no próximo ano que, mesmo sem restrições orçamentais europeias, vai haver um nível de austeridade pior do que a de 2011“.

“Não pode haver melhor presente para os eurocéticos, para os nacionalistas que querem destruir a União”, diz, referindo-se à segunda vaga de recessão que garante que irá acontecer e será imposta por Bruxelas e Frankfurt.

É por isso que acho que o Eurogrupo de dia 9 de abril vai ser lembrado como o momento em que a desintegração da União Europeia e da zona euro começou”, frisa.

Questionado acerca do desempenho de Mário Centeno enquanto mediador do acordo e presidente do Eurogrupo, o antigo ministro grego classifica-o como “vergonhoso”, frisando que este “tinha o dever moral e político para com os povos português e europeu de não repetir os desempenhos do sr. Juncker e do sr. Dijsselbloem quando eram presidentes do Eurogrupo“.

“Ele devia baixar a cabeça com vergonha por ter arranjado este não-acordo. Se esta não fosse uma situação trágica seria uma piada”, afirma, acrescentando: “Não tenho dúvidas de que o lamentável Eurogrupo ao qual o sr. Centeno presidiu condenou a zona euro a ser um bloco económico doente. A China, os Estados Unidos e o Reino Unido vão ter uma recuperação muito mais rápida”.

https://observador.pt/2020/04/17/o-resto-do-mundo-esta-a-rir-se-da-europa-antigo-ministro-das-financas-grego-critica-centeno-desempenho-foi-vergonhoso/

Comentários

Notícias mais vistas:

Avião onde viajava Von der Leyen afetado por interferência de GPS da Rússia

 O GPS do avião onde viajava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi afetado por uma interferência que as autoridades suspeitam ser de origem russa, no domingo, forçando uma aterragem com mapas analógicos. Não é claro se o avião seria o alvo deliberado. A aeronave aterrou em segurança no Aeroporto Internacional de Plovdiv, no sul da Bulgária, sem ter de alterar a rota. "Podemos de facto confirmar que houve bloqueio do GPS", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Arianna Podesta, numa conferência de imprensa em Bruxelas. "Recebemos informações das autoridades búlgaras de que suspeitam que se deveu a uma interferência flagrante da Rússia". A região tem sofrido muitas destas atividades, afirmou o executivo comunitário, acrescentando que sancionou várias empresas que se acredita estarem envolvidas. O governo búlgaro confirmou o incidente. "Durante o voo que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para Plovdiv, o s...

O maior aliado da Rússia a defender a Ucrânia: eis a proposta de Trump

 Proposta de Trump foi apresentada aos aliados e à Ucrânia na reunião na Casa Branca. A ideia não caiu nada bem, até porque já tinha sido sugerida anteriormente por Putin. Tropas norte-americanas nunca farão parte das garantias de segurança a dar à Ucrânia e isso já se sabia, mas a proposta do presidente dos Estados Unidos é, no mínimo, inquietante para Kiev, já que passa por colocar soldados amigos da Rússia a mediar o conflito. De acordo com o Financial Times, que cita quatro fontes familiarizadas com as negociações, o presidente dos Estados Unidos sugeriu que sejam destacadas tropas chinesas como forças da paz num cenário pós-guerra. Uma proposta que, segundo as mesmas fontes, vai ao encontro do que Vladimir Putin sugeriu, até porque a China é um dos mais fortes aliados da Rússia, mesmo que tenha mantido sempre uma postura ambígua em relação ao que se passa na Ucrânia. A proposta de Trump passa por convidar a China a enviar pacificadores que monitorizem a situação a partir de um...

Maduro diz que 4.200 soldados americanos estão prontos para invadir a Venezuela

O presidente venezuelano garante ter declarado a "preparação máxima" do exército venezuelano face a uma hipotética ameaça da marinha americana, tendo mesmo apontado para a presença de armas nucleares do lado de Washington. Nicolás Maduro afirma que estão a manter "todos os canais diplomáticos abertos" perante a escalada diplomática e bélica que a Venezuela e os Estados Unidos vivem há semanas. O líder bolivariano diz que os canais estão "quebrados" perante o reagrupamento de forças norte-americanas que está a ocorrer em torno da costa venezuelana, como confirmam vários meios de comunicação norte-americanos. "Oito navios militares com 1.200 mísseis e um submarino nuclear têm a Venezuela como alvo", garantiu Maduro. "Eles quiseram avançar para o que chamam de pressão militar máxima (...) e nós declarámos a máxima preparação para a defesa da Venezuela". Maduro descreveu os acontecimentos como a maior ameaça militar que o país caribenho enf...