Tinha saído do terceiro resgate financeiro há apenas 18 meses, e acordou repentinamente com uma pandemia a bater-lhe à porta. Apesar das dificuldades, a Grécia conseguiu conter o crescimento exponencial e tem números muito baixos, quando comparados com os países vizinhos.
Os hospitais públicos da Grécia ainda não tinham recuperado de uma década de dificuldades financeiras e o país tinha apenas 560 camas em cuidados intensivos quando a pandemia de covid-19 surgiu em território grego.
O exemplo da vizinha Itália assustava, mas foi utilizado por políticos gregos nos inúmeros apelos de responsabilidade e compromisso à população. Com o escalar de casos em Itália, a Grécia começou a tomar medidas no fim de fevereiro, na altura em que registou a primeira morte.
Segundo o Observador, o país cancelou as paradas de carnaval, aumentou as restrições nas primeiras semanas de março e manteve as escolas, os restaurantes, os centros comerciais e todos os estabelecimentos públicos encerrados.
Pouco mais de um mês depois, a Grécia é apresentada como um sucesso europeu: atualmente, o país regista 2.145 casos positivos e 99 mortes, valores muito abaixo dos registados em países como Itália, França, Alemanha ou Reino Unido.
Andreas Mentis, do Instituto Helénico Pasteur, que trabalhou com o Governo grego na resposta à pandemia, explicou ao The Guardian que, apesar do pacotes de restrições, as medidas de distanciamento social não foram imediatamente acatadas e, por isso, o Executivo grego viu-se obrigado a reforçá-las.
As praias foram encerradas, os aglomerados públicos de mais de 10 pessoas proibidos, as viagens entre ilhas restringidas e, ao mesmo tempo, com um conflito com a Igreja Ortodoxa em mãos, depois de esta se ter recusado a suspender as missas e a comunhão.
“Existiam na realidade, fraquezas, das quais tínhamos muita noção. Antes de o primeiro caso ser confirmado, já tínhamos começado a examinar pessoas e a isolá-las. Os voos que chegavam, principalmente da China, eram monitorizados. Mais tarde, quando alguns cidadãos foram repatriados de Espanha, por exemplo, garantimos que ficavam em quarentena em hotéis”, explicou.
A Grécia tem uma economia fortemente dependente do turismo e, devido a essa característica, os custos da resposta à pandemia já são muito altos e vão ser ainda superiores, depois da injeção de mais de 14 milhões de euros em subsídios estatais.
No entanto, os líderes gregos mantêm a esperança de que os benefícios da resposta à covid-19, a longo prazo, serão superiores às consequências prejudiciais, a curto prazo.
“Quanto mais depressa enfrentarmos uma crise sanitária, maiores são os custos económicos mas depois maiores são também os benefícios a longo prazo“, explicou ao diário britânico Alex Patelis, conselheiro do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis para as questões económicas.
Ainda assim, o país tem ainda vários desafios em mãos, nomeadamente a Páscoa Ortodoxa, que se celebra no próximo domingo, dia 19, e os campos de refugiados, que continuam a ser considerados “bombas-relógio biológicas”.
https://zap.aeiou.pt/grecia-acordou-pandemia-exemplo-319301
A Grécia está longe e inacessível. Lê antes esta notícia de ontem sobre a EDP: https://observador.pt/2020/04/16/edp-mantem-dividendos-seria-totalmente-incompreensivel-nao-pagar-face-a-situacao-robusta-da-empresa/
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