Avançar para o conteúdo principal

A Rússia lançou ao mar uma “Chernobyl flutuante”

A Rússia lançou este sábado uma central nuclear flutuante. Apelidada de “Chernobyl flutuante” por activistas ambientais, a Akademik Lomonsov vai produzir energia para um porto e plataformas de extração de petróleo no Ártico.

A Rússia lançou este sábado ao mar a sua nova central nuclear, que tem uma peculiaridade: a estrutura não foi erguida sobre o solo, mas numa estrutura flutuante que lhe permite funcionar sobre o mar.

Batizada Akademik Lomonosov, a central deixou o estaleiro de São Petersburgo e iniciou uma longa jornada, que vai terminar no Ártico. O nome da central é uma homenagem ao cientista russo do século XVIII Mikhail Lomonosov.

Inicialmente, a central vai atravessar o Mar Báltico, para a seguir contornar a Noruega até chegar ao porto russo de Murmansk. Nesta última paragem, os reactores nucleares da Akademik Lomonosov vão ser abastecidos com combustível.

A estrutura será então rebocada mais de 5 mil quilómetros até à costa ártica de Chukotka, próximo do Alasca. Em 2019, espera-se que a central abasteça uma cidade portuária, plataformas de petróleo e uma central de dessalinização.

Segundo as estimativas dos responsáveis do projecto, os dois reactores nucleares da central flutuante deverão fornecer electricidade a um total de 200 mil pessoas no porto de Pewek. Actualmente, a cidade tem apenas 4 mil habitantes.

O plano original previa que a central deixasse São Petersburgo já com os reactores nucleares abastecidos, mas queixas de vários países na rota da estrutura levaram a Rosatom – a empresa estatal russa responsável pela construção dos reactores – a abandonar o plano e optar pela paragem em Mursmansk.

@RosatomGlobal
Raise the anchor! #Rosatom sets sail for new horizons with the unique floating #nuclear power unit. The vessel cast off from Baltic Shipyard to Murmansk today! #LomonosovLive #LomonosovMaidenVoyage


Uma Chernobyl flutuante?
A construção de uma central nucelar flutuante lançou já preocupações a diversas organizações ambientalistas, que desde logo criticaram a sua construção. A Greenpeace chegou a chamar-lhe “Chernobyl flutuante”, em referência ao desastre nuclear de 1986 que ocorreu na central de Chernobyl, na Ucrânia, então controlada pelos soviéticos.

Classificado como o pior acidente nuclear da história, o episódio causou uma evacuação em massa e deixou inabitáveis vastas faixas da Ucrânia e da vizinha Bielorrússia. A Greenpeace usou também a expressão “Titanic nuclear” para criticar o projeto.

“Reatores nucleares a flutuar no Oceano Ártico representam de forma explícita uma ameaça óbvia a um ambiente frágil que já está sob enorme pressão pelas mudanças climáticas”, disse Jan Haverkamp, especialista em energia nuclear do Greenpeace no leste da Europa.

Segundo Haverkamp, a natureza da central torna-a especialmente vulnerável a acidentes. “A central nuclear flutuante vai operar perto da costa, em águas rasas. Ao contrário das declarações sobre a sua segurança, o casco chato e a falta de propulsão tornam esta central particularmente vulnerável a tsunamis e ciclones”, disse Haverkamp.

Nos últimos anos, o aquecimento global resultou na rápida fusão do gelo do Ártico, que está a abrir novas rotas de navegação a norte da Rússia. O país está a aproveitar o fenómeno para explorar os ricos depósitos de petróleo e gás da Sibéria. O Kremlin procura também fortalecer a sua presença militar na região.

Segundo a Greenpeace, a Rosatom pretende abrir uma verdadeira linha de montagem destas centrais flutuantes e vendê-las para outros países, tendo consultado potenciais compradores na África e na América do Sul.

“Esse tipo de iniciativa perigosa não é apenas uma ameaça ao Ártico, mas, potencialmente, para regiões densamente habitadas ou com um ambiente natural vulnerável”, concluiu Haverkamp.


https://zap.aeiou.pt/russia-central-nuclear-flutuante-200917

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...