
‘The Age of Disclosure’ reúne ex-responsáveis do Pentágono, directores de inteligência e figuras do Congresso para sustentar a tese de que o encobrimento é real e tem quase 80 anos
O novo documentário The Age of Disclosure não está interessado em meias-palavras. O filme, realizado por Dan Farah — produtor associado a títulos como Ready Player One — defende que os Estados Unidos esconderam, ao longo de décadas, provas e informação sensível sobre fenómenos anómalos não identificados (UAP, a sigla que substituiu o termo UFO). E fá-lo com uma diferença crucial em relação a muitas obras do género: os intervenientes são altos responsáveis da Defesa, ex-chefes de inteligência e políticos que, em teoria, nada teriam a ganhar ao expor-se publicamente.
Farah, que cresceu fascinado pela cultura alienígena dos anos 80 e 90 — de ET a The X-Files — transformou esse interesse numa investigação de três anos, conduzida em completo sigilo. A promessa que fez a todos os participantes foi simples: nomes só seriam revelados quando o filme estivesse completo, garantindo o que o realizador chama de “segurança em números”. Essa abordagem funcionou, e quando Jay Stratton, uma das figuras mais influentes no estudo de UAP dentro do governo, aceitou falar, o resto seguiu-se em reacção em cadeia.
Stratton não se esconde atrás de metáforas: “Vi com os meus próprios olhos naves e seres não humanos”, afirma logo no início do documentário. Ao longo do filme, juntam-se-lhe 34 figuras com experiência directa em programas governamentais de análise a fenómenos inexplicáveis, entre eles o antigo director da Inteligência Nacional Jim Clapper e o actual secretário de Estado Marco Rubio.
Uma investigação silenciosa — e alegações perturbadoras
O documentário apresenta Luis Elizondo como narrador não oficial: ex-responsável do AATIP, o programa avançado de investigação a ameaças aeroespaciais. Elizondo deixou o Pentágono em 2017, afirmando que havia uma campanha de desinformação interna para desacreditar o seu trabalho e impedir que a verdade chegasse ao público.
Para Farah, entrevistar apenas pessoas com conhecimento directo era essencial. Queria evitar a sensação de que o filme pertencia ao reino das teorias da conspiração. A estratégia funcionou: The Age of Disclosure abre com um alinhamento quase intimidante de antigos militares, especialistas e analistas a afirmar, sem hesitações, que não estamos sozinhos — e que os EUA sabem disso há muito tempo.
Segundo vários intervenientes, incluindo Rubio, o verdadeiro perigo não é “admitir a verdade”, mas sim o risco de adversários estrangeiros estarem mais bem informados do que os próprios decisores políticos norte-americanos. A alegada corrida geopolítica para reverter tecnologia não humana seria, assim, o motivo principal para décadas de silêncio.
As raízes do encobrimento e o medo de parecer vulnerável
Farah traça uma linha desde Roswell, em 1947, até ao presente, argumentando que o governo norte-americano nunca quis admitir que não compreendia totalmente o que estava a observar. “Coloquem-se na posição de responsáveis nos anos 40”, diz o realizador. A administração Truman, recém-saída da Segunda Guerra Mundial, não poderia admitir um novo tipo de ameaça que nem sabia definir — quanto mais combater.
Quando, segundo alguns entrevistados, os EUA descobriram que outros países também estavam a capturar fenómenos não humanos, o secretismo intensificou-se. “Não se pode contar aos amigos sem contar aos inimigos”, afirma Stratton no filme — uma frase que se torna o eixo moral da narrativa.
Um documentário sem contraditório — e deliberadamente assim
The Age of Disclosure não inclui céticos, académicos ou especialistas a contestar as afirmações apresentadas. Farah diz que essa ausência é intencional: a meta não era equilibrar o debate, mas mostrar porque é que o estigma em torno deste tema impede investigação séria.
Para o realizador, o testemunho directo é a prova mais forte — e a única verdadeiramente útil num mundo onde qualquer imagem pode ser acusada de ser “IA”, “deepfake” ou “efeitos especiais”.
“Por demasiado tempo, o público foi enganado”, afirma Farah. “Acho que é apenas uma questão de tempo até que um presidente em funções diga ao mundo que não somos a única forma de vida inteligente no universo.”
O documentário estreou já nos EUA. A data de lançamento no Reino Unido será anunciada em breve.
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