O português já esteve em 40 países e agora prepara-se para aquela que será a maior e mais longa aventura da sua vida.
Andou à boleia no Médio Oriente, conheceu uma das favelas mais povoadas do mundo nas Filipinas, explorou Marrocos de mota e quase foi preso no Japão. Livrou-se de ser esfaqueado em França e esteve horas num autocarro para chegar do México à Colômbia. Nos últimos anos, a vida de Wilson Ronaldo foi uma montanha-russa de emoções, que vai continuar bem viva. Agora, o madeirense prepara-se para a maior aventura da sua vida.
A última grande viagem de Wilson, de 25 anos, aconteceu entre setembro de 2024 e março deste ano. O português conseguiu conhecer 16 países, em vários continentes, mas quando regressou à Madeira, teve dificuldades em adaptar-se à rotina. “Senti-me um pouco depressivo”, confessa à NiT.
Para resolver a situação, decidiu avançar com aquilo que considera um “projeto ambicioso” e que poucas pessoas do mundo concluíram com êxito: conhecer os 196 países do globo antes dos 30 anos. Apesar de não existirem registos oficiais, a “NBC Bay Area” referiu, em 2024, que apenas cerca de 400 pessoas conseguiram atingir o objetivo de visitar todos os países do mundo — e só 17 tinham menos de 30 anos.
O objetivo do português, que já esteve em 40 países (e que está agora em Portugal a preparar-se para iniciar a grande viagem em abril do próximo ano), é conhecer os restantes 156 que lhe faltam, pelo mundo. E só terá quatro anos e meio para fazê-lo.
“Para conseguir conhecer todos antes dos 30, terei de fazer, em média, 40 países por ano. E isso é basicamente o que conheci até agora a juntar todas as minhas viagens”, revela. “Portanto, tenho de fazer tudo seguido, sem regressar a Portugal.”
O português diz que tem o apoio dos familiares e amigos que querem que o jovem “cumpra o sonho.” A mãe, por sua vez, fica “um pouco nervosa” a pensar neste projeto. “Realmente não é uma brincadeira. E quando estamos em casa, pelo menos, estamos seguros. Para os meus pais é um pouco complicado, mas eles apoiam-me”, conta.

O gosto de Wilson Ronaldo — cujo nome não é uma homenagem a Cristiano Ronaldo, mas sim ao ex jogador brasileiro Ronaldo — pelas viagens não é recente. A primeira grande aventura que realizou aconteceu entre 2022 e 2023, quando fez um Interrail pela Europa (chegando também a conhecer Turquia e os Emirados Árabes Unidos). Nessa altura, percorreu 24 países.
Antes de fazer a mais recente viagem, de sete meses, foi por conta própria trabalhar como carpinteiro, entregador e fez “de tudo um pouco” durante um ano nos Países Baixos para conseguir reunir fundos necessários.
A viagem começou em setembro de 2024 e, ao longo dos meses seguintes, conheceu o México, Colômbia, Panamá, Honduras, Brasil, Guatemala, Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, Belize, algumas regiões do Médio Oriente (como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e Omã), Filipinas, Japão e China.
Por onde passa, diz ter facilidade em fazer amizades. “Em Madrid, conheci pessoas de Bogotá e quando viajei pela América do Sul, receberam-me em casa. É a melhor parte de conhecer pessoas ao redor do mundo”, explica.
No entanto, já viveu também experiências menos boas. Em Marselha, França, durante a viagem de Interrail, teve um desentendimento com cinco jovens numa discoteca. “Dentro do espaço, tive alguns problemas com três pessoas e fiquei muito irritado”, recorda. “Acabei por sair com a cabeça quente e voltar à mesma rua com um pedaço de ferro, mas quando cheguei já estavam num grupo de cinco.”
Quando os jovens viram Wilson, mostraram uma faca e começaram a persegui-lo. “Corri para longe e eles vieram atrás, mas foi graças a um senhor de um restaurante que me consegui safar. Ele conversou com eles e acalmou-os. E ainda bem, se não, não sei o que poderia ter acontecido”.
Outra experiência marcante, desta vez pela positiva, foi quando visitou Tondo, considerada a maior favela das Filipinas, no distrito de Manila. “Já tinha estado em sítios assim, no Brasil e na Colômbia, mas ali foi muito diferente porque conheci uma realidade que nunca tinha visto”, recorda.
O jovem recorda de ver famílias inteiras a viverem em “casas feitas de chapa” sem qualquer saneamento básico, miúdos a brincarem na rua descalços, ratos a andarem por todo o lado e pessoas a sobreviverem com “menos de 2€ por dia”, conta. “As condições eram mesmo escassas, mas as pessoas eram muito felizes e isso marcou-me.”
A grande viagem vai durar de 2026 a 2030
O objetivo de Wilson é iniciar a nova viagem a 1 de abril de 2026, em Lisboa ou Marrocos (ainda está a decidir), precisamente um ano depois de ter terminado a segunda aventura. “Estou a planear tudo, como as rotas, as vacinas, os vistos e tudo o que preciso, em termos de material, para seguir caminho durante quatro anos.”
Na mochila, já sabe que vai levar, pelo menos, um kit de primeiros socorros (que inclui também um repelente para mosquitos), algumas peças de roupa, material de filmagem e uma tenda para acampar, dado que pela primeira vez numa viagem, não vai ficar em alojamentos para poupar dinheiro.
Para conseguir os fundos necessários (ou, pelo menos, o essencial para começar), está a trabalhar como entregador de mercadoria para restaurantes. “Tenho também alguns investimentos em criptomoeda, o que me tem ajudado”, partilha. Além disso, nos tempos livres vai até ao Cabo Girão, na Madeira, pedir fundos aos turistas. “Explico o meu projeto às pessoas e, por vezes, elas ajudam-me com donativos.”
Carregue na galeria para ver algumas fotografias das viagens que Wilson já fez até agora.
Wilson quer conhecer todos os países do mundo antes dos 30. Vai passar 4 anos a viajar — NiT
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