Em causa podem estar 75%...
A imprensa italiana avançou recentemente notícias que davam conta de negociações entre a Impresa e a MFE (Media For Europe), grupo controlado maioritariamente pela Fininvest, da família Berlusconi. Poucas horas depois, a dona do Expresso e da SIC confirmou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários estar envolvida em conversações formais.
No comunicado entregue ao regulador, a empresa afirmou que “foi informado pelo seu acionista maioritário que este se encontra a desenvolver contactos, em exclusividade, com o grupo MFE com vista à avaliação de potenciais operações societárias para a aquisição de uma participação relevante na Impresa“.
Segundo o jornal Negócios, estas negociações ainda não resultaram em qualquer acordo vinculativo. No entanto, está em cima da mesa a hipótese de uma venda total do grupo português de media ou apenas da SIC, estação que detém oito canais e a plataforma digital OPTO. A possibilidade de que o negócio avance até ao final do ano mantém-se. No mesmo documento, o grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão frisou ainda que “caso venha a existir informação privilegiada, será feita comunicação ao mercado“.
A estratégia de encontrar um investidor não é nova. Nos últimos meses, a dona da SIC procurou várias soluções de capitalização, sem sucesso. O jornal Eco noticiou que houve até uma tentativa falhada de acordo com a família Soares dos Santos, acionista de referência da Jerónimo Martins. Sem esse entendimento, a administração da Impresa optou por explorar o interesse do grupo fundado por Silvio Berlusconi, que se transformou num dos maiores conglomerados europeus de media.
Os resultados financeiros ajudam a explicar o cenário. Em 2024, a MFE apresentou receitas consolidadas de 2,95 mil milhões de euros, com lucros de 137,9 milhões, a que se somaram mais 51,4 milhões no primeiro semestre de 2025. Já a dívida líquida desceu 33,3%, para 460,9 milhões. Numa realidade bem distinta, a Impresa encerrou o mesmo período deste ano com prejuízos de 5,1 milhões de euros e uma dívida remunerada líquida avaliada em 148,2 milhões, mais 3,8% face a junho de 2024.
As alternativas para a entrada da MFE passam pela compra direta da SIC, embora as integrações financeiras intragrupo dificultem esse caminho, ou pelo lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição sobre a Impresa SGPS. Mantém-se ainda a leitura de que poderá surgir uma quarta via que combine várias opções em simultâneo. Como sublinhou a empresa em nova comunicação ao mercado: “Face às notícias divulgadas na comunicação social, a Impresa informa que lhe foi comunicado pelo seu acionista maioritário que este se encontra a desenvolver contactos, em exclusividade, com o grupo MFE com vista à avaliação de potenciais operações societárias para a aquisição de uma participação relevante, 75%, na Impresa.”
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