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Diagnóstico em segundos: testado dispositivo para identificar bactérias e saber qual o antibiótico para as combater

 

Um consórcio português desenvolveu um dispositivo capaz de identificar, em tempo real, as bactérias responsáveis por infeções em humanos, animais ou no meio ambiente e indicar o antibiótico adequado para as tratar.

Acinetobacter baumannii: bactéria hospitalar resistente a antibióticos (ilustração), capaz de causar infeções graves em doentes vulneráveis

Um dispositivo que permite em tempo real identificar bactérias em humanos, animais ou no meio ambiente e saber qual é o antibiótico certo para as combater foi desenvolvido pela ALS, no âmbito do consórcio SMARTgNOTICS (que junta entidades públicas e privadas portuguesas). O dispositivo começará a ser testado este ano em humanos e animais, no hospital CUF e no grupo Lusiaves.

Segundo a ALS, "a resistência antimicrobiana mata cada vez mais pessoas a nível mundial" e "também a nível veterinário é urgente ter respostas em tempo real", podendo esta nova tecnologia mudar "a forma como se lida com o problema".

"Estes dispositivos identificam as bactérias que levam à infeção e permitem, em tempo real, ter uma resposta eficaz. Pela primeira vez, duas instituições nacionais irão usar estes dispositivos", sublinhou a ALS, explicando que só com a identificação da bactéria poderá ser dado o antibiótico adequado.

Dispositivo nacional promete revolucionar luta contra antibióticos ineficazes

A responsável pelo Laboratório Nacional de Referência da Resistência aos Antibióticos no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Manuela Caniça, lembrou que as Nações Unidas já reconheceram "os benefícios do investimento no desenvolvimento e acesso a antibióticos, sistemas de diagnóstico, vacinas e outras alternativas aos antibióticos, bem como o facto de a saúde exigir solidariedade global e esforço coletivo".

"Só com testes de diagnóstico e capacidade laboratorial podemos reduzir a resistência aos antibióticos. Só com testes rápidos e com custos reduzidos, nomeadamente nos países de baixo e médio rendimento, conseguiremos dar resposta", afirmou Manuela Caniça.

Neste âmbito, defendeu que "é necessário um investimento em sistemas de diagnóstico e sistemas laboratoriais inovadores, rápidos, eficazes, validados e acessíveis, e a garantia de que serão alcançáveis por todas as populações".

Testes rápidos em humanos e animais: a nova arma contra superbactérias

A coordenadora do Grupo de Investigação em Resistência a Antibióticos MicroART, Patrícia Poeta, lembrou que "a resistência aos antibióticos representa uma ameaça crítica no contexto da abordagem 'One Health', refletindo-se de forma transversal na saúde humana, animal e ambiental".

De acordo com a investigadora, "a sua progressão compromete a eficácia de intervenções essenciais em todos estes domínios" e, sem uma resposta integrada, poderá haver "um retrocesso sanitário com consequências imprevisíveis".

Joana Lemos, coordenadora de Medicina Interna do grupo CUF, disse que a resistência aos antimicrobianos é uma realidade com que os profissionais se confrontam diariamente e que resulta "num aumento do número e da duração dos internamentos e num excesso de mortalidade".

Por isso, considerou fundamental investir na literacia da população, no uso racional de antibióticos e "na investigação de novos medicamentos, bem como de tecnologias que facilitem o diagnóstico rápido e eficaz quer de infeções, quer da presença de resistência antimicrobiana".

"Resistência aos antibióticos, uma das principais causas de morte a nível mundial"

O diretor associado do Laboratório de Biotecnologia de Bacteriófagos da Universidade do Minho, Sílvio Santos, lembrou que "a resistência aos antibióticos já é uma das principais causas de morte a nível mundial e a ameaça continua a crescer".

"Sem novas soluções, corremos o risco de ver infeções comuns tornarem-se intratáveis e mortais", alertou Sílvio Santos, que na sexta-feira irá falar do potencial dos bacteriófagos no desenvolvimento de abordagens inovadoras e promissoras no combate às infeções multirresistentes.

A ALS, que tem instalações em Tondela, é líder global nos serviços técnicos e laboratoriais para os mercados internacionais da indústria, ciências da vida, minerais e energia.


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