Avançar para o conteúdo principal

Chegou a primeira bicicleta elétrica que dispensa bateria



 A Pi-Pop é uma inovação francesa que promete revolucionar o mercado das bicicletas, em franca expansão, numa Europa que importa mais de 6 milhões de veículos. Bruxelas quer que 2024 seja 'O ano do Ciclismo'.


As alterações climáticas e os desafios da descarbonização das cidades estão a empurrar-nos a todos para modos de mobilidade mais sustentável. As bicicletas estão à cabeça da lista e, muito em particular, as elétricas, por permitirem maior fôlego e velocidade. Mas, não há bela sem senão, o modo elétrico requer lítio e outros minerais raros que não abundam no espaço europeu e aumentam a dependência externa, nomeadamente da China. Por outro lado, o seu processo de extração acarreta impactos ambientais negativos.


Ora, o empresário francês Adrien Lelièvre concebeu uma tecnologia inovadora e sustentável, que utiliza um supercondensador para armazenar energia em vez de baterias. Ao invés das baterias de lítio, a bicicleta do inventor com formação em eletrónica usa supercondensadores. O seu preço de venda ronda os 2450 euros, se for diretamente ao produtor.


"O sistema é carregado quando a condução é fácil e quando a bicicleta trava - graças ao travão motor - a energia é devolvida quando é necessária", explicou Lelièvre, diretor da STEE, a empresa por detrás da bicicleta, à Euronews Next.


"Em termos simples, um supercondensador funciona armazenando energia de forma eletrostática, ou seja, através de uma carga de movimento lento. Em contrapartida, uma bateria de lítio armazena energia através de uma reação química". Por outras palavras, "um supercondensador pode armazenar e libertar energia muito rapidamente quando é necessário. Ou seja, quando a pessoa pedala ou trava, armazena energia, que pode usar para ajudar em acções mais difíceis, como o arranque ou a subida de uma montanha".


O empresário francês calcula que a assistência oferecida ao ciclista pelos seus supercapacitores "é suficiente para suportar um aumento de altitude de 50 metros, se for carregada previamente numa planície, o que a torna "adequada para cerca de 80% das cidades europeias".


Os primeiros supercondensadores foram fabricados no final da década de 1970 e são atualmente utilizados em painéis solares, câmaras digitais e em alguns veículos híbridos ou eléctricos para melhorar o seu desempenho.


Utilizar esta tecnologia nas bicicletas é algo que faz todo o sentido para Andrian Lelièvre. Até porque não são necessárias matérias- primas raras na produção, uma vez que os supercondensadores são feitos de carbono, polímero condutor, folhas de alumínio e pasta de papel - materiais para os quais já existem processos de reciclagem.


Outra vantagem é o fato de não ser necessário esperar que a bicicleta carregue, ao contrário do que sucede com as bicicletas eléctricas clássicas. Mais um ganho comparativo: "a vida útil do supercondensador varia entre 10 e 15 anos, em comparação com os cinco ou seis anos de uma bateria de lítio", afirma a empresa.


A Pi-Pop é montada em Orleães, terra natal do seu fundador, tem 20 Kg e vai na terceira geração. A empresa de base local produz atualmente 100 bicicletas por mês e emprega 25 pessoas. Mas os planos são ambiciosos: até 2024 a produção deverá disparar para as mil unidades mensais. E, em 2025, a STEE vai apontar ao mercado europeu. Algo que está em sintonia com os planos de Bruxelas, que pretende fazer de 2004 'O Ano do Ciclismo'.


De acordo com o Eurostat, a UE importou 1,2 milhões de bicicletas elétricas e 5,2 milhões de bicicletas convencionais, o que equivale a cinco vezes mais do que a quantidade exportada.


Portugal é o maior produtor de bicicletas do mercado europeu, tendo fabricado 2,7 milhões de veículos em 2022. Mas, curiosamente, é o país da UE que menos investe na rede ciclável por habitante. Até 2021 investia cerca de 30 cêntimos por habitante, contrastando com dezenas ou mesmo centenas de euros aplicados por alguns dos países mais avançados na mobilidade em duas rodas.


Chegou a primeira bicicleta elétrica que dispensa bateria (dinheirovivo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...

Os professores

 As últimas semanas têm sido agitadas nas escolas do ensino público, fruto das diversas greves desencadeadas por uma percentagem bastante elevada da classe de docentes. Várias têm sido as causas da contestação, nomeadamente o congelamento do tempo de serviço, o sistema de quotas para progressão na carreira e a baixa remuneração, mas há uma que é particularmente grave e sintomática da descredibilização do ensino pelo qual o Estado é o primeiro responsável, e que tem a ver com a gradual falta de autoridade dos professores. A minha geração cresceu a ter no professor uma referência, respeitando-o e temendo-o, consciente de que os nossos deslizes, tanto ao nível do estudo como do comportamento, teriam consequências bem gravosas na nossa progressão nos anos escolares. Hoje, os alunos, numa maioria demasiado considerável, não evidenciam qualquer tipo de respeito e deferência pelo seu professor e não acatam a sua autoridade, enfrentando-o sem nenhum receio. Esta realidade é uma das princip...