Avançar para o conteúdo principal

Universidades sem verbas para pagar aumentos salariais anunciados pelo Governo


Universidade de Coimbra © Arquivo / Global Imagens


 O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas pede ao Executivo que cumpra o "Contrato de Legislatura", que prevê um reforço orçamental sempre que a inflação seja superior a 2% ou que o Governo avance com iniciativas que o justifique.


Os reitores exigem ao Governo que cumpra o acordo feito com as universidades, reforçando verbas em 5% para fazer face a novas despesas, como é o caso dos anunciados aumentos salariais.


"Só pedimos que cumpram o que prometeram. Temos um acordo, assinado com pessoas de boa-fé, e pedimos ao Governo que, por favor, releia o acordo e o cumpra, porque estamos a chegar a uma situação em que não iremos aguentar", disse à Lusa o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Sousa Pereira.


O acordo em causa é o "Contrato de Legislatura" celebrado entre as Instituições de Ensino Superior (IES) e o Governo, que prevê um reforço orçamental sempre que a inflação seja superior a 2% ou que o Governo avance com iniciativas que o justifique.


Neste momento, as instituições deparam-se com as duas situações: A inflação e o anúncio de medidas que se traduzem num aumento de despesas.


No final do ano passado, quando já estava definida no Orçamento do Estado de 2023 (OE2023) a verba para as IES, o Governo anunciou o reposicionamento das carreiras de técnicos superiores e fez uma nova atualização do salário mínimo nacional.


Já este ano, decidiu aumentar os salários dos funcionários públicos assim como aumentar o valor do subsídio de alimentação.


"O ministro das Finanças anunciou na terça-feira na Assembleia da República que, a partir de 20 de maio, os recibos dos trabalhadores da Função Pública vão ter que incluir os aumentos extraordinários, com retroativos a janeiro: sucede, porém, que as instituições de ensino superior não têm esse dinheiro!", alertou o presidente do CRUP.


António Sousa Pereira garantiu que nenhum trabalhador ficará sem o anunciado aumento salarial, mas avisou que em algum lado as instituições terão de cortar caso a tutela não corrija rapidamente a situação.


Segundo os cálculos do CRUP, a despesa suplementar induzida pelas decisões do Governo ultrapassa os 3% do montante total destinado às universidades pelo OE2023, montante ao qual é necessário acrescentar ainda os custos cujo aumento é superior a 2%.


"Por um princípio de boa gestão, a última coisa que queremos prejudicar é o pagamento dos salários", sublinhou, acrescentando no entanto que para garantir o pagamento dos salários, terão "em cortar noutras rubricas".


As áreas afetadas poderão ir desde a suspensão de reequipamento necessário, à manutenção do edificado e até, no limite, atingir a Ação Social Escolar.


"A Ação Social, por exemplo, está a viver dificuldades muito grandes", alertou o também reitor da Universidade do Porto, explicando que a inflação tem um impacto direto nas cantinas e nas residências.


Se o pagamento das bolsas dos alunos mais carenciados sai diretamente do Governo para os estudantes, já o funcionamento das cantinas ou das residências de estudantes dependem do orçamento das instituições.


"As cantinas estão a lutar com enormes dificuldades para conseguir manter as empresas aos mesmos preços", sublinhou o presidente do CRUP, lembrando que à inflação soma-se o aumento da procura pelas refeições servidas nas cantinas numa altura em que o cabaz alimentar básico subiu cerca de 45 euros em apenas um ano.


O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas decidiu por isso exigir à ministra da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Elvira Fortunato, "uma dotação orçamental adicional de pelo menos 5%".


A decisão foi tomada em reunião plenária do CRUP, tendo sido já enviada uma carta à tutela.


Universidades sem verbas para pagar aumentos salariais anunciados pelo Governo (dinheirovivo.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...