Avançar para o conteúdo principal

Dona da Google deixa de usar técnicas de evasão fiscal polémicas


Os esquemas, conhecidos como Double Irish e Dutch Sandwich, permitiam passar os lucros da empresa, através do licenciamento de propriedade intelectual, para subsidiárias em países onde os impostos são mais baixos ou inexistentes

A Alphabet, empresa-mãe da Google, vai deixar de usar as técnicas de evasão fiscal das quais tem tirado partido para pagar menos impostos. Um porta-voz da tecnológica confirmou que a empresa vai deixar de usar já em 2020 a estrutura de licenciamento que lhe tem permitido mexer grandes quantias de dinheiro e pagar uma pequena percentagem de impostos sobre esse valor.

As técnicas de evasão fiscal usadas pela Alphabet são conhecidas como Double Irish e Dutch Sandwich (irlandês duplo e sandes holandesa, em tradução livre). O esquema envolve enviar os lucros obtidos no estrangeiro para uma subsidiária na Irlanda, depois transferir, através do licenciamento de propriedade intelectual, para uma subsidiária holandesa e passar, novamente, para uma subsidiária irlandesa criada num paraíso fiscal – que no caso da Alphabet é nas Bermudas.

Apesar de serem reconhecidas como técnicas de evasão fiscal polémicas, é de salientar que este sistema de movimentação de dinheiro foi durante muitos anos considerado legal. Além da Google, também foi explorado por outras grandes empresas do setor tecnológico como a Apple e a Facebook.

De acordo com documentos obtidos pela agência Reuters, a Google movimentou 21,8 mil milhões de euros em 2018 através deste sistema fiscal, mais do que os 19,9 mil milhões que tinha movimentado em 2017.

«Uma data para terminar as atividades de licenciamento da empresa ainda não foi confirmada pela liderança principal, contudo é expectável que termine a 31 de dezembro de 2019 ou durante 2020», lê-se num documento oficial da Google ao qual a agência teve acesso.

«Estamos a simplificar a nossa estrutura corporativa e vamos licenciar a nossa propriedade intelectual a partir dos EUA e não das Bermudas», adiantou ainda um porta-voz da Alphabet em reação à notícia. Segundo valores da empresa, a Google pagou, em média, 23% de impostos sobre as receitas que gerou a nível global.

A mudança na estratégia da Alphabet surge como uma resposta à pressão exercida pelos EUA e pela Comissão Europeia para que a gigante tecnológica e outras empresas deixem de tirar partido dos esquemas de evasão fiscal que exploraram durante anos. A data limite estabelecida para a mudança na estrutura fiscal das empresas era 2020.

http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/mercados/2020-01-02-Dona-da-Google-deixa-de-usar-tecnicas-de-evasao-fiscal-polemicas

Comentários

Notícias mais vistas:

Putin está "preocupado" com uma eventual Terceira Guerra Mundial mas avisa: "Toda a Ucrânia é nossa"

 "Russos e ucranianos são um só", entende o presidente da Rússia, que não procura uma capitulação total da Ucrânia, embora tenha um objetivo concreto em mente A Ucrânia faz parte da Rússia porque ucranianos e russos são uma e a mesma coisa. Este é o entendimento do presidente russo, Vladimir Putin, que não teve problemas em afirmá-lo esta sexta-feira. A partir do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, Vladimir Putin garantiu que não procura uma capitulação da Ucrânia, ainda que pretenda que Kiev reconheça a realidade da situação no terreno. “Não procuramos a capitulação da Ucrânia. Insistimos no reconhecimento da realidade que se desenvolveu no terreno”, acrescentou, sem concretizar totalmente o que isso significa. Mas já depois disso, e na confirmação de que pensa numa espécie de reedição da União Soviética, Vladimir Putin afirmou: “Russos e ucranianos são um só povo. Nesse sentido, toda a Ucrânia é nossa”. Apesar disso, e quase que numa aparente contradição, o pr...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...