Avançar para o conteúdo principal

Como pode Musk financiar a "saída mais cara de sempre" da bolsa?

As intenções de retirar a Tesla da bolsa foram deixadas bem claras pelo actual CEO, Elon Musk, através do Twitter. Os pontos de interrogação surgem na componente do financiamento: como pode Musk avançar com a saída "mais cara de sempre"?
Como pode Musk financiar a "saída mais cara de sempre" da bolsa?
13 3 Ler mais tarde Imprimir
Negócios jng@negocios.pt
08 de agosto de 2018 às 20:25
O CEO da Tesla quer tirar a empresa de bolsa. Anunciou estas intenções no Twitter e pôs-lhes um preço: está disposto a dar 420 dólares por cada acção, avaliando a Tesla em 71,6 mil milhões de dólares, excluindo a dívida (com esta, fica em 82 mil milhões).


A concretizar-se, esta seria a saída de bolsa mais cara de sempre, de acordo com a Dealogic, citada pelo Market Watch. Tão cara que os mais cépticos dirão que não é realista. Musk posiciona-se no pólo oposto das certezas e escreveu mesmo que tinha "financiamento assegurado" no Twitter. Quais, afinal, as cartas que Musk pode jogar?

O que diz Musk?

Num dos vários tweets que publicou acerca do assunto, o CEO da Tesla não quis deixar margem para dúvidas: "Estou a considerar fazer da Tesla uma empresa de capital fechado, a um preço de 420 dólares por acção. Financiamento assegurado", escreveu. De acordo com o mesmo, a "única razão pela qual isto (retirar a Tesla de bolsa) não é certo é porque está dependente do voto dos accionistas".

Posteriormente, acrescentou pela mesma via que contava com muitos dos accionistas actuais, os quais esperava que se mantivessem na administração depois de se avançar com a saída dos mercados.


Os restantes accionistas podem ajudar Musk?

Nove accionistas da Tesla vieram esta quarta-feira confirmar à Bloomberg que já tinham conhecimento das intenções de Musk desde a semana passada. Disseram ainda que já houve várias reuniões e estão a ser tomados os "passos apropriados" para avaliar esta hipótese. Mas quanto a questões de financiamento, não se alongaram: Musk "abordou os financiadores para que isso ocorresse", declararam.


Segundo os dados da Bloomberg, Musk tem uma posição de 19,78% na Tesla, o que significa que teria de desembolsar 57,5 mil milhões de dólares para comprar a restante parte. Posto isto, o ideal para Elon Musk é que a maioria dos actuais accionistas mantenham a sua posição na empresa, de forma a que o CEO tenha de comprar o mínimo de acções possível para retirar a cotada dos mercados.


Os três maiores investidores institucionais da tecnológica americana são a T Rowe Price, Fidelity e Baillie Gifford, que juntas reúnem um quarto dos títulos. Na estrutura accionista contam-se ainda variados fundos de índice aos quais será solicitada a venda do capital que detêm na empresa.


Como planeia Musk convencê-los?
De forma a aliciar os presentes accionistas, Musk prometeu que estes teriam a oportunidade de vender as respectivas posições de seis em seis meses, aproximadamente, assegurando mais oportunidades de obter liquidez. Além disso, assim que a Tesla "entre numa fase de crescimento mais lenta e previsível", acrescenta Musk, esta deverá retornar aos mercados.


Numa carta enviada aos colaboradores esta quarta-feira, a explicar as razões que o levam a querer retirar a Tesla de bolsa, Musk utilizou alguns argumentos que pode vir a apresentar também à administração. O CEO defende que esta saída permite criar um ambiente propício a melhorias nas operações da Tesla. Isto porque a empresa não estaria exposta às "grandes oscilações nos preços dos títulos que podem servir de distracção para os trabalhadores" que são simultaneamente accionistas. Por outro lado, retiraria a pressão da apresentação trimestral de resultados, que pode afectar a visão a longo prazo. Por último, livrar-se-ia dos especuladores que apostam na queda das acções da Tesla, "retirando assim incentivos para se atacar a empresa".


E como pode comprar as acções daqueles que queiram vender?

A opção mais óbvia será a procura por novas fontes de capital privado ou fundos soberanos, perspectiva o Financial Times. Os fundos da Arábia Saudita, Qatar, Noruega e China estarão dentro das opções mais plausíveis, de acordo com especialistas de M&A consultados pela mesma publicação.


Recorde-se que o presidente executivo da Tesla anunciou as suas intenções minutos depois de ter sido anunciado que o Fundo Soberano da Arábia Saudita tinha uma posição no valor de dois mil milhões de dólares na empresa, o que equivale a perto de 5%.


Que outros obstáculos pode encontrar?

Algumas das soluções, como o financiamento através de fundos soberanos, podem encontrar limitações. Neste último caso, Musk pode vir a ser travado pelas iniciativas da Casa Branca, que tem vindo a bloquear investimento estrangeiro em activos estratégicos dos EUA.

https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/automovel/detalhe/como-pode-musk-financiar-a-saida-mais-cara-de-sempre-da-bolsa

Comentários

Notícias mais vistas:

Como uma entrevista matou João Rendeiro

João Rendeiro, após ser acusado de irregularidades no banco que fundou e presidia, o BPP, fugiu, não para um país que não tivesse acordo de extradição com Portugal mas para África do Sul onde tinha negócios. Acreditando na privacidade concedida por uma VPN, deu uma entrevista à CNN Portugal (TVI), via VPN. A partir dessa entrevista as autoridades portuguesas identificaram a localização de João Rendeiro que nunca acreditou que as autoridades sul-africanas o prendessem pois considerava as acusações infundadas e não graves ao ponto de dar prisão. No entanto João Rendeiro foi preso e, não acreditando na justiça portuguesa, recusou a extradição para Portugal acreditando que seria libertado, o tempo foi passando e ele teve de viver numa das piores prisões do mundo acabando por ter uma depressão que o levou ao suicídio. Portanto, acreditando no anonimato duma VPN, deu uma entrevista que o levou à morte. Este foi o meu comentário, agora o artigo da Leak: A falsa proteção da VPN: IPTV pode pôr-...

"Assinatura" típica do Kremlin: desta vez foi pior e a Rússia até atacou instalações da UE

Falamos de "um dos maiores ataques combinados" contra a Ucrânia, que também atingiu representações de países da NATO Kiev foi novamente bombardeada durante a noite. Foi o segundo maior ataque aéreo da Rússia desde a invasão total à Ucrânia. Morreram pelo menos 21 pessoas, incluindo quatro crianças, de acordo com as autoridades. Os edifícios da União Europeia e do British Council na cidade foram atingidos pelos ataques, o que levou a UE e o Reino Unido a convocarem os principais diplomatas russos. Entre os mortos encontram-se crianças de 2, 17 e 14 anos, segundo o chefe da Administração Militar da cidade de Kiev. A força aérea ucraniana afirmou que o Kremlin lançou 629 armas de ataque aéreo contra o país durante a noite, incluindo 598 drones e 31 mísseis. Yuriy Ihnat, chefe de comunicações da Força Aérea, disse à CNN que os foi “um dos maiores ataques combinados” contra o país. O ministério da Defesa da Rússia declarou que atacou “empresas do complexo militar-industrial e base...

Avião onde viajava Von der Leyen afetado por interferência de GPS da Rússia

 O GPS do avião onde viajava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi afetado por uma interferência que as autoridades suspeitam ser de origem russa, no domingo, forçando uma aterragem com mapas analógicos. Não é claro se o avião seria o alvo deliberado. A aeronave aterrou em segurança no Aeroporto Internacional de Plovdiv, no sul da Bulgária, sem ter de alterar a rota. "Podemos de facto confirmar que houve bloqueio do GPS", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Arianna Podesta, numa conferência de imprensa em Bruxelas. "Recebemos informações das autoridades búlgaras de que suspeitam que se deveu a uma interferência flagrante da Rússia". A região tem sofrido muitas destas atividades, afirmou o executivo comunitário, acrescentando que sancionou várias empresas que se acredita estarem envolvidas. O governo búlgaro confirmou o incidente. "Durante o voo que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para Plovdiv, o s...