Centenas de médicos dos hospitais privados estão a ser inibidos de prestar serviços aos beneficiários da ADSE sem que haja qualquer justificação da parte do subsistema de saúde.
Segundo a associação da hospitalização privada, são centenas os médicos dos hospitais privados que estão a ser inibidos de prestar serviços aos beneficiários da ADSE, sem que o subsistema de saúde dos funcionários públicos dê qualquer explicação para o sucedido.
Em entrevista à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), Óscar Gaspar, estima que sejam cerca de 400 os médicos de várias especialidades hospitalares que estão disponíveis para atender beneficiários da ADSE e que há meses que estão sem resposta.
“Há centenas de médicos nos hospitais privados que estão disponíveis para prestar serviço aos beneficiários da ADSE, mas há uma decisão administrativa de esses médicos não poderem prestar serviço”, afirmou o responsável.
“A ADSE diz que lhe compete verificar quais os médicos de cada instituição que podem ou não podem prestar serviço aos seus beneficiários. Há várias centenas de médicos que estão inscritos na plataforma, que solicitaram a adesão ao sistema e que há muitos meses que não têm o ‘OK’ por parte da ADSE“, denunciou.
Óscar Gaspar adianta que não tem havido resposta ou explicações sobre esta questão por parte da ADSE e confessa-se “espantado” com o “comportamento de grande discricionariedade” da parte da ADSE no relacionamento com os hospitais privados, considerando que “devia haver uma abordagem de negociação e de identificação clara dos problemas”.
“Mesmo em janeiro, quando houve intenção de cortar 10% nos privados, a única coisa que foi dita é que era preciso poupar 42 milhões de euros, não foi apresentado qualquer racional clínico”, indicou.
Na semana passada, a associação foi confrontada com um email da ADSE que aponta novamente para um corte de 10% no que o subsistema pretende pagar aos privados pela prestação de cuidados de saúde aos funcionários e aposentados do Estado.
“O que dissemos em janeiro mantém-se. Esse corte não é possível. Temos de trabalhar numa base de sustentabilidade. Os preços que os privados praticam à ADSE estão até abaixo dos que estão a ser praticados às seguradoras. Havendo um problema de sustentabilidade da ADSE, o fulcro não está nos preços que os privados praticam”, disse, advertindo que pode estar a ser limitado o acesso dos beneficiários.
Quanto a um retomar das negociações, o responsável entende que “a bola está claramente do lado da ADSE”. Aliás, a associação escreveu há semanas às duas tutelas (Saúde e Finanças) a indicar que a mudança de presidente na ADSE “podia ser aproveitada para uma mudança de ciclo e para haver uma negociação sobre diversas matérias”.
No entanto, Óscar Gaspar adianta que não tem havido qualquer reunião ou tentativa de diálogo por parte da ADSE.
ADSE tem um problema de envelhecimento
A APHP está a realizar um estudo sobre a sustentabilidade do subsistema de saúde dos funcionários públicos, ainda sem conclusões definitivas, mas que aponta para “um envelhecimento muito significativo do universo dos beneficiários”.
À Lusa, Óscar Gaspar deu o exemplo dos utilizadores dos hospitais privados: cerca de 18% do total das pessoas que recorrem aos privados têm acima de 60 anos, mas esta proporção sobe para 38% no caso dos beneficiários da ADSE.
“A estrutura etária da ADSE é mais pesada e isto tem de ser acautelado, exige um esforço grande e estudos muito sérios sobre a sustentabilidade”, afirmou, acrescentando que o estudo da associação que dirige deverá estar concluído dentro de algumas semanas e será entregue à ADSE e aos Ministérios da Saúde e das Finanças.
Por isso, o responsável sublinha que “é um erro” julgar que “se resolve” esse problema “cortando no preço a praticar aos privados“.
O subsistema tem sido sustentável até hoje, todavia, Óscar Gaspar avisa que “a médio e longo prazo” pode haver problemas, decorrentes não só do envelhecimento, que leva ao aumento da procura de cuidados, como ao aumento da despesa em saúde que se verifica em todo o sistema, seja público ou privado.
Os hospitais privados reconhecem que “nalgumas áreas” há um consumo de cuidados e recursos de saúde que é superior entre os beneficiários da ADSE, mas entende que isso pode estar precisamente relacionado com a “média etária mais elevada”.
“A análise sobre a pirâmide etária é muito clara, é uma evidência. Fica também claro que o preço que é praticado pelos privados à ADSE não está desalinhado. O preço pago pela ADSE está significativamente abaixo. Em consultas de especialidade, ninguém paga menos do que a ADSE”, afirmou à Lusa.
Aliás, o responsável avisa que há limites para os preços a praticar, havendo mesmo casos em que o valor atribuído a um ato “fica abaixo do preço de custo“.
Óscar Gaspar não descarta a necessidade de estudar um eventual consumo sobredimensionado de cuidados por parte dos beneficiários da ADSE e garante que os privados “não querem aumentar o fator quantidade”.
https://zap.aeiou.pt/medicos-privado-inibidos-adse-213830
Segundo a associação da hospitalização privada, são centenas os médicos dos hospitais privados que estão a ser inibidos de prestar serviços aos beneficiários da ADSE, sem que o subsistema de saúde dos funcionários públicos dê qualquer explicação para o sucedido.
Em entrevista à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), Óscar Gaspar, estima que sejam cerca de 400 os médicos de várias especialidades hospitalares que estão disponíveis para atender beneficiários da ADSE e que há meses que estão sem resposta.
“Há centenas de médicos nos hospitais privados que estão disponíveis para prestar serviço aos beneficiários da ADSE, mas há uma decisão administrativa de esses médicos não poderem prestar serviço”, afirmou o responsável.
“A ADSE diz que lhe compete verificar quais os médicos de cada instituição que podem ou não podem prestar serviço aos seus beneficiários. Há várias centenas de médicos que estão inscritos na plataforma, que solicitaram a adesão ao sistema e que há muitos meses que não têm o ‘OK’ por parte da ADSE“, denunciou.
Óscar Gaspar adianta que não tem havido resposta ou explicações sobre esta questão por parte da ADSE e confessa-se “espantado” com o “comportamento de grande discricionariedade” da parte da ADSE no relacionamento com os hospitais privados, considerando que “devia haver uma abordagem de negociação e de identificação clara dos problemas”.
“Mesmo em janeiro, quando houve intenção de cortar 10% nos privados, a única coisa que foi dita é que era preciso poupar 42 milhões de euros, não foi apresentado qualquer racional clínico”, indicou.
Na semana passada, a associação foi confrontada com um email da ADSE que aponta novamente para um corte de 10% no que o subsistema pretende pagar aos privados pela prestação de cuidados de saúde aos funcionários e aposentados do Estado.
“O que dissemos em janeiro mantém-se. Esse corte não é possível. Temos de trabalhar numa base de sustentabilidade. Os preços que os privados praticam à ADSE estão até abaixo dos que estão a ser praticados às seguradoras. Havendo um problema de sustentabilidade da ADSE, o fulcro não está nos preços que os privados praticam”, disse, advertindo que pode estar a ser limitado o acesso dos beneficiários.
Quanto a um retomar das negociações, o responsável entende que “a bola está claramente do lado da ADSE”. Aliás, a associação escreveu há semanas às duas tutelas (Saúde e Finanças) a indicar que a mudança de presidente na ADSE “podia ser aproveitada para uma mudança de ciclo e para haver uma negociação sobre diversas matérias”.
No entanto, Óscar Gaspar adianta que não tem havido qualquer reunião ou tentativa de diálogo por parte da ADSE.
ADSE tem um problema de envelhecimento
A APHP está a realizar um estudo sobre a sustentabilidade do subsistema de saúde dos funcionários públicos, ainda sem conclusões definitivas, mas que aponta para “um envelhecimento muito significativo do universo dos beneficiários”.
À Lusa, Óscar Gaspar deu o exemplo dos utilizadores dos hospitais privados: cerca de 18% do total das pessoas que recorrem aos privados têm acima de 60 anos, mas esta proporção sobe para 38% no caso dos beneficiários da ADSE.
“A estrutura etária da ADSE é mais pesada e isto tem de ser acautelado, exige um esforço grande e estudos muito sérios sobre a sustentabilidade”, afirmou, acrescentando que o estudo da associação que dirige deverá estar concluído dentro de algumas semanas e será entregue à ADSE e aos Ministérios da Saúde e das Finanças.
Por isso, o responsável sublinha que “é um erro” julgar que “se resolve” esse problema “cortando no preço a praticar aos privados“.
O subsistema tem sido sustentável até hoje, todavia, Óscar Gaspar avisa que “a médio e longo prazo” pode haver problemas, decorrentes não só do envelhecimento, que leva ao aumento da procura de cuidados, como ao aumento da despesa em saúde que se verifica em todo o sistema, seja público ou privado.
Os hospitais privados reconhecem que “nalgumas áreas” há um consumo de cuidados e recursos de saúde que é superior entre os beneficiários da ADSE, mas entende que isso pode estar precisamente relacionado com a “média etária mais elevada”.
“A análise sobre a pirâmide etária é muito clara, é uma evidência. Fica também claro que o preço que é praticado pelos privados à ADSE não está desalinhado. O preço pago pela ADSE está significativamente abaixo. Em consultas de especialidade, ninguém paga menos do que a ADSE”, afirmou à Lusa.
Aliás, o responsável avisa que há limites para os preços a praticar, havendo mesmo casos em que o valor atribuído a um ato “fica abaixo do preço de custo“.
Óscar Gaspar não descarta a necessidade de estudar um eventual consumo sobredimensionado de cuidados por parte dos beneficiários da ADSE e garante que os privados “não querem aumentar o fator quantidade”.
https://zap.aeiou.pt/medicos-privado-inibidos-adse-213830
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