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São “a arma certa para o alvo certo”, cada hora deles custa 1.000€: estes são os 12 aviões turboélice que Portugal comprou



 Governo português chegou a acordo para a compra das aeronaves “SuperTucano” - adaptadas especificamente às exigências dos padrões da NATO. Estas aeronaves são um "três em um"

São leves, versáteis, capazes de operar em condições adversas e podem ser equipados com um grande número de armamentos. A Força Aérea Portuguesa está prestes a receber 12 dos novos A-29N SuperTucano da empresa aeronáutica brasileira Embraer, num negócio avaliado em 200 milhões de euros que promete dar um forte impulso à indústria da Defesa em Portugal.


O SuperTucano é descrito pela Embraer como sendo um “três em um” e que pretende ser a solução “ideal” para conflitos assimétricos. É um avião turboélice de apoio aéreo em proximidade criado para missões de “ataque leve, reconhecimento armado e treino avançado”, mas que também pode servir para fazer “vigilância, intercetação aérea e contrainsurgência”. A plataforma do A-29N é extremamente robusta e “altamente manobrável”, o que permite operações em ambientes bastante hostis e a descolagem de pistas não pavimentadas.


A nova aeronave da Força Aérea Portuguesa é descrita como “a arma certa para o alvo certo”, uma vez que conta com a possibilidade de ser equipada com uma ampla variedade de tipos de armamentos. Existem mais de 160 possibilidades de configuração, podendo o SuperTucano ser equipado com lançadores de foguetes de vários calibres, bombas de 220 quilos, mísseis guiados por laser, sensores, tanques de combustível externos. Além disso, conta com duas metralhadoras instaladas nas asas, que o tornam letal em missões de “ataque leve”.


Numa era em que o campo de batalha é dominado por drones, pode pensar-se que o SuperTucano pode é algo obsoleto. Mas a realidade pode ser muito distinta. Na Ucrânia, onde a tecnologia das aeronaves não-tripuladas domina a linha da frente, o exército ucraniano tem encontrado nos antigos aviões a hélice uma das melhores soluções para detetar e abater drones russos sem ser detetado pelos radares e armas antiaéreas. Esta aeronave, que é capaz de atingir uma velocidade de 320 km/h, pode ser a solução para este tipo de problemas.


1.000€ por hora

Inicialmente desenvolvidos para a Força Aérea do Brasil, os A-29N vendidos a Portugal são uma nova variante da aeronave, adaptada especificamente às necessidades das exigências da NATO. Estes aviões já vêm equipados com um datalink, um sistema de comunicação digital que permite a troca rápida e segura de informações entre aeronaves e centros de comando. Este sistema permite aos pilotos do SuperTucano partilhar dados de alvos e ameaças automaticamente e coordenar ataques sem precisarem de utilizar comunicações de voz.


Outra das características que difere do modelo originalmente produzido para a força aérea brasileira é o facto de estes aviões serem preparados para ser operados por apenas um piloto. O operador do SuperTucano conta também com o apoio de capacidades como piloto automático e óculos com visão noturna para que seja capaz de cumprir missões em praticamente todos os cenários.


A estrutura relativamente reduzida deste avião – tem uma envergadura de 11,15 metros, um comprimento de 11,30 metros e 3,97 metros de altura – torna-o difícil de detetar por parte de radares. Estas características, a par do baixo nível de ruído que o avião tem, tornam-no útil para cumprir tarefas de reconhecimento sem ser detetado.


A CNN Portugal sabe que estes aviões também podem ser utilizados não só no treino básico mas também no treino avançado dos pilotos da Força Aérea Portuguesa, abrindo a porta para a substituição dos aviões Epsilon, que dão a formação básica, e do programa de treino avançado, que atualmente é feito nos Estados Unidos pelos pilotos portugueses. Estas aeronaves tomariam o lugar dos antigos Alpha Jet da Força Aérea Portuguesa, que deixaram de voar há seis anos.


Um dos fatores que pode ter contribuído para tornar atrativo o A-29N para a Força Aérea é o baixo custo de operação. Embora tenham funções completamente diferentes dos F-16M da Força Aérea portuguesa, o SuperTucano custa pouco mais de mil euros por hora a ser operado. O valor dos caças norte-americano é significativamente superior, com um custo estimado de quase 26 mil euros por hora.


Um voo mais alto para a economia portuguesa

Apesar de terem um custo estimado de 3,3 milhões de euros, a aquisição destas 12 aeronaves vai custar 200 milhões de euros aos cofres dos portugueses. Este valor faria disparar o preço por unidade para 16,6 milhões de euros. No entanto, o negócio com a empresa aeronáutica brasileira conta também com a compra do simulador de voo e bens e serviços de sustentação logística e ainda a concretização do programa de aquisição e sustentação das aeronaves.


De acordo com o Executivo português, este projeto vai envolver “uma forte participação da indústria portuguesa em áreas altamente tecnológicas, tendo em vista a reconfiguração das aeronaves para os padrões e especificações NATO”. Isto porque, apesar de ser produzido no Brasil e nos Estados Unidos, as melhorias necessárias para tornar estes aviões adequados às exigências da NATO vão ser concebidas e implementadas por empresas portuguesas do cluster aeronáutico.


Entre os principais beneficiários estão as empresas Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), Empordef Tecnologias de Informação, S.A. (ETI), GMVIS Skysoft, S.A. (GMV) e a OGMA S.A., uma empresa controlada pela Embraer em parceria com o Governo português.


Portugal prepara-se para ser o primeiro país da NATO a operar o SuperTucano.  Caso esta aeronave venha a ser escolhida por mais países da NATO, isso teria um impacto positivo na economia portuguesa, com parte do fabrico a ter de passar pelo nosso país. Também a manutenção destas aeronaves em espaço europeu seria feita em Portugal, uma vez que a OGMA já está capacitada para a manutenção do A-29N, sendo o único centro de manutenção da Embraer fora do Brasil.


No passado, Portugal tornou-se o primeiro país a comprar o cargueiro KC-390 da Embraer, encomendando cinco aeronaves e um simulador, por 850 milhões de euros. Durante esse negócio, foram introduzidas modificações à aeronave para a adequar aos requisitos estabelecidos pelas alianças das quais Portugal faz parte, nomeadamente a NATO, Nações Unidas e União Europeia. Estas modificações feitas com tecnologia e indústria nacional fazem com que o Estado português lucre dez milhões de euros de cada vez que um país membro da NATO ou da União Europeia compra um KC-390.


São “a arma certa para o alvo certo”, cada hora deles custa 1.000€: estes são os 12 aviões turboélice que Portugal comprou - CNN Portugal


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