Avançar para o conteúdo principal

A teia socialista de Lisboa: triste retrato do país

Sofia Vala Rocha opiniao@newsplex.pt


 Fernando Medina não tem munícipes, tem inquilinos. Tem o poder de dar e tirar casas e perdoar rendas a um quinto da população de Lisboa... 


Num município pequeno e com recursos limitados, onde quase tudo depende da Câmara e passa pela câmara, é da natureza humana que um presidente com este poder ganhe um estatuto semelhante aos velhos coronéis brasileiros. O presidente da câmara é, na prática, um senhor feudal. Ele tem nas suas mãos o circuito do dinheiro, dos empregos, da publicidade, das licenças, e até do associativismo local».


Acabei de roubar ao meu querido João Miguel Tavares o título e o primeiro parágrafo desta belíssima crónica que ele escreveu no Público sobre a tragédia de Reguengos de Monsaraz, para dele discordar na premissa inicial, aquela de que só nos municípios pequenos os autarcas são coronéis ou senhores feudais, esperando dele o perdão pelo roubo e pedindo a arte e o engenho para vos explicar que a teia socialista em Lisboa é mil vezes pior do que em Reguengos.


Fernando Medina é presidente da câmara de Lisboa, com um orçamento de 1500 milhões de euros, é senhorio de 70.000 pessoas, é presidente da Associação de Turismo de Lisboa, presidente do conselho metropolitano de Lisboa e ex-patrão da presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo.


Dentro da Câmara, Fernando Medina tem a seu cargo áreas como o comércio e mercados municipais, a expansão do ‘hub’ criativo do Beato e a Web Summit. Não estou a inventar nada, está tudo nos sites das respetivas entidades.


Fernando Medina, na sua página de Facebook anunciou no dia 31 de março, o seguinte: «A CML vai suspender, com efeitos imediatos, e até 30 de junho, as rendas das 24.000 casas municipais. O valor que não será cobrado poderá ser liquidado durante 18 meses, sem juros. A qualquer momento as famílias poderão solicitar a reavaliação do valor das rendas, nomeadamente por diminuição de rendimentos do agregado, por razões do desemprego ou acentuada queda de rendimentos.


Esta medida, que abrange 70.000 lisboetas, é a primeira de um conjunto de propostas para responder aos efeitos sociais e económicos da pandemia».


O presidente Medina, ao publicitar a medida na sua página mostrou bem ao que vinha. É Medina o senhorio, é Medina que perdoa as rendas de 24.000 casas onde moram, pelo menos 70.000 pessoas. Fernando Medina não tem munícipes, tem inquilinos. Tem o poder de dar e tirar casas e perdoar rendas a um quinto da população de Lisboa.


O autarca é ainda o presidente do conselho metropolitano de Lisboa que agrega 18 municípios. Para terem uma ideia da importância, a área metropolitana lançou um concurso de transportes global para servir os 18 municípios no valor de 1200 milhões de euros.


A atual presidente da CDDR de Lisboa e Vale do Tejo e (re)candidata em outubro, é Teresa Almeida, uma escolha do presidente Fernando Medina, já que Teresa Almeida foi diretora de departamento de urbanismo do município lisboeta.


Fernando Medina é ainda o presidente da Associação de Turismo de Lisboa que vale, segundo o próprio, seis Autoeuropas.


Reguengos, João Miguel Tavares? Reguengos é peanuts.


https://sol.sapo.pt/artigo/708572/a-teia-socialista-de-lisboa-triste-retrato-do-pais

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

OE2026: 10 medidas com impacto (in)direto na carteira dos portugueses

  O Governo entregou e apresentou a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, mas com poucas surpresas. As mudanças nos escalões de IRS já tinham sido anunciadas, bem como o aumento nas pensões. Ainda assim, há novidades nos impostos, alargamento de isenções, fim de contribuições extraordinárias e mais despesa com Defesa, 2026 vai ser “um ano orçamental exigente” e a margem disponível para deslizes está “próxima de zero”. A afirmação em jeito de aviso pertence ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e foi proferida na  apresentação da proposta de Orçamento do Estado  para o próximo ano. O excedente é de cerca de 230 milhões de euros, pelo que se o país não quer voltar a entrar num défice, a margem para mais medidas é "próxima de zero". "Os números são o que são, se não tivéssemos os empréstimos do PRR não estaríamos a fazer alguns projetos", apontou, acrescentando que não vai discutir o mérito da decisão tomada relativamente à 'bazuca europ...

J.K. Rowling

 Aos 17 anos, foi rejeitada na faculdade. Aos 25 anos, sua mãe morreu de doença. Aos 26 anos, mudou-se para Portugal para ensinar inglês. Aos 27 anos, casou. O marido abusou dela. Apesar disso, sua filha nasceu. Aos 28 anos, divorciou-se e foi diagnosticada com depressão severa. Aos 29 anos, era mãe solteira que vivia da segurança social. Aos 30 anos, ela não queria estar nesta terra. Mas ela dirigiu toda a sua paixão para fazer a única coisa que podia fazer melhor do que ninguém. E foi escrever. Aos 31 anos, finalmente publicou seu primeiro livro. Aos 35 anos, tinha publicado 4 livros e foi nomeada Autora do Ano. Aos 42 anos, vendeu 11 milhões de cópias do seu novo livro no primeiro dia do lançamento. Esta mulher é JK Rowling. Lembras de como ela pensou em suicídio aos 30 anos? Hoje, Harry Potter é uma marca global que vale mais de $15 bilhões. Nunca desista. Acredite em você mesmo. Seja apaixonado. Trabalhe duro. Nunca é tarde demais. Esta é J.K. Rowling. J. K. Rowling – Wikipédi...