Avançar para o conteúdo principal

Subida dos juros internacionais ameaça regresso aos mercados

Yield das obrigações portuguesas a dez anos renovou máximo e está mais perto dos 7%. Analistas alertam para os riscos da escalada

Mais um dia de nervos no mercado da dívida. A taxa de juro das obrigações do Tesouro a dez anos atingiu ontem máximos do ano e está a um pequeno passo dos 7%. Ao fechar nos 6,917%, o valor mais elevado do ano, a yield exigida pelos investidores para comprar dívida pública está muito perto da barreira psicológica que o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos fixou para avançar com o pedido de resgate junto da troika. No entanto, de acordo com os analistas contactados pelo Dinheiro Vivo, o problema não está no facto de o juro estar perto deste patamar, que é simbólico, mas sim no impacte negativo que a continuação da escalada dos juros terá no regresso de Portugal aos mercados.

“A estes níveis, tenho muitas dúvidas que Portugal regresse aos mercados. Portugal só voltará, na minha opinião, se o mercado apresentar condições semelhantes às da última emissão. Quanto à barreira dos 7%, nesta altura atribuo-lhe pouca relevância”, afirmou Ricardo Marques, especialista de dívida da IMF. A opinião é partilhada por Pedro Lino, CEO da Dif Broker, para quem “o importante é o facto de os juros estarem novamente a subir, não propriamente a barreira dos 7%”, pelo que “o regresso pleno aos mercados está mais complicado, com a subida do risco das taxas no mercado. Torna-se claro que não será viável o acesso aos mercados sem o apoio do BCE.”

Apesar de qualificar de “importante e preocupante” o facto de o juro estar perto dos 7%, e de alertar que “será realmente grave quando o país tiver que emitir dívida se os juros no mercado secundário mantiverem esta subida”, o diretor da Gestão de Activos do Banco Carregosa, Filipe Silva, não é tão taxativo na análise. “Foi uma subida muito rápida para estarmos a tirar conclusões a médio prazo. As taxas subiram generalizadamente, da Alemanha a Portugal. Temos de aguardar para saber se foi um movimento rápido que vai ser corrigido ou se é um ajustamento para durar”, salientou.

Ao contrário do que se verificou nas bolsas, que recuperaram da hecatombe da véspera, os juros da dívida dos países periféricos voltaram ontem a subir em todos os prazos. Na base da escalada está ainda o princípio do fim dos estímulos à economia norte-americana, e nem as palavras apaziguadoras da agência de rating S&P, que considerou que “estamos muito longe da zona de perigo em que nos encontrávamos no verão passado”, serviram de travão.

“Temos de ir gerindo a dívida, sendo certo que há BT para pagar e dívida de longo prazo que atinge a maturidade em setembro próximo e que tem que ser paga”, relembra Filipe Silva. Nesse sentido, Pedro Lino argumenta que pode ser “necessário ajustar as maturidades de emissão, tendo o IGCP que optar por maturidades mais curtas em detrimento de emissões a longo prazo, para manter a fatura de juros comportável”. Certo é que, como acrescentou Ricardo Marques, a subida do juros vai ter impacte nos bancos, cujos “resultados são afetados”, e nas empresas, que “terão mais dificuldade em financiar-se a níveis razoáveis”.


Em: http://www.dinheirovivo.pt/Mercados/Artigo/CIECO189201.html?page=0

Comentários

Notícias mais vistas:

Um novo visitante interestelar está a caminho do nosso Sistema Solar

O cometa 3I/ATLAS é o terceiro  destes raros visitantes que oferece aos cientistas   uma rara oportunidade de estudar algo fora do nosso Sistema Solar. U m novo objeto vindo do espaço interestelar está a entrar no nosso Sistema Solar. É apenas o terceiro alguma vez detetado e, embora não represente perigo para a Terra, está a aproximar-se - e poderá ser o maior visitante extrassolar de sempre. A  NASA confirmou  esta quarta-feira a descoberta de um novo objeto interestelar que passará pelo nosso Sistema Solar. Não representa qualquer ameaça para a Terra, mas passará relativamente perto: dentro da órbita de Marte. Trata-se apenas do   terceiro objeto interestelar   alguma vez detetado pela humanidade. E este, além de estar a mover-se mais depressa do que os anteriores, poderá ser o maior. Um brilho vindo de Sagitário A 1 de julho, o telescópio  ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) , instalado em Rio Hurtado, no Chile, registou um brilho...

A otimização de energia do Paquistão via mineração de bitcoin recebe 3 meses de teste após a rejeição parcial do FMI

  FMI rejeita parcialmente proposta do Paquistão para mineração de Bitcoin com eletricidade subsidiada O Fundo Monetário Internacional (FMI) recusou-se a endossar totalmente a proposta do Paquistão para uma tarifa de eletricidade subsidiada destinada a impulsionar operações de mineração de Bitcoin, segundo noticiou o portal local Lucro a 3 de julho. De acordo com o relatório, Fakhray Alam Irfan, presidente do Comité Permanente de Energia do Senado do Paquistão, revelou que o FMI aprovou apenas um período de alívio de três meses — metade dos seis meses inicialmente propostos — alegando riscos de distorção do mercado e pressão adicional sobre o já sobrecarregado setor energético do país. Esta rejeição parcial reflete o ceticismo mais amplo do FMI relativamente à adoção de criptomoedas a nível nacional. Alertas semelhantes foram dirigidos a outros países, como El Salvador, onde o FMI desaconselhou o envolvimento direto do governo na mineração e acumulação de Bitcoin. Importa referir ...

Largo dos 78.500€

  Políticamente Incorrecto O melhor amigo serve para estas coisas, ter uns trocos no meio dos livros para pagar o café e o pastel de nata na pastelaria da esquina a outros amigos 🎉 Joaquim Moreira É historicamente possível verificar que no seio do PS acontecem repetidas coincidências! Jose Carvalho Isto ... é só o que está á vista ... o resto bem Maior que está escondido só eles sabem. Vergonha de Des/governantes que temos no nosso País !!! Ana Paula E fica tudo em águas de bacalhau (20+) Facebook