Em mais uma sessão de interrogatório liderada pelo juiz Ivo Rosa, José Sócrates voltou a falar das suas “dificuldades financeiras”, justificando os pedidos de empréstimos ao amigo Carlos Santos Silva com o facto de o ordenado de 12.500 euros mensais não ser suficiente para os seus gastos em Paris, (apesar de não pagar renda pois vivia em casa de luxo emprestada pelo mesmo amigo).
No quarto dia de interrogatório na fase de instrução do processo Operação Marquês que decorreu nesta quinta-feira, 31 de Outubro, José Sócrates foi confrontado com os pedidos de empréstimos de dinheiro que alega ter feito ao amigo Carlos Santos Silva. A tese da acusação é que o dinheiro era, na verdade, do antigo primeiro-ministro e que Santos Silva era seu testa-de-ferro.
Ivo Rosa confrontou Sócrates com as razões porque é que pedia empréstimos ao amigo Carlos Santos Silva. “Porque 12.500 euros não chegavam para Paris”, salientou o antigo governante, notando que sempre teve “dificuldades financeiras” e referindo que o ordenado que recebia como consultor da farmacêutica Octapharma para a América Latina não era suficiente para suportar os seus gastos e os do filho na capital francesa.
Confrontado por Ivo Rosa com o facto de ter gasto cerca de 7 mil euros numas férias na Suíça para fazer ski, apesar das suas alegadas “dificuldades financeiras”, Sócrates desvalorizou o valor. “Acho que é normal. São gastos da classe média, sr. dr. juiz“, afirmou.
Quanto ao facto de receber o dinheiro das mãos de Santos Silva em numerário, Sócrates afiançou que não queria que pensassem que trabalhava para o amigo e que pretendia manter os alegados empréstimos em privado.
O Ministério Público suspeita que Santos Silva cedeu 1,1 milhões de euros a Sócrates entre 2012 e 2015.
O interrogatório a José Sócrates vai prosseguir na segunda-feira à tarde em Lisboa. O juiz Ivo Rosa tinha agendado 4 dias para interrogar o ex-primeiro ministro, mas as cerca de cinco horas diárias que Sócrates passou no Tribunal de Instrução Criminal, nesta semana, não foram suficientes para esgotar toda a matéria que consta da acusação do processo.
Sócrates, que esteve preso preventivamente e em prisão domiciliária, está acusado de 31 crimes económico-financeiros. O antigo líder socialista foi acusado pelo Ministério Público da alegada prática de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 crimes de branqueamento de capitais, nove crimes de falsificação de documento e três crimes de fraude fiscal qualificada, no âmbito da Operação Marquês.
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