Produtor do programa da CBS "60 minutes" demite-se dizendo ter perdido a autonomia para ser independente
Bill Owens despediu-se afirmando que deixou de ter possibilidade de tomar decisões independentes. "Estou a afastar-me para que o programa possa seguir em frente", assumiu.
O produtor do programa norte-americano de informação 60 Minutes, da CBS, anunciou a sua demissão depois de 37 anos a trabalhar para a emissora. Bill Owens, que é apenas a terceira pessoa a dirigir o segmento na sua história de mais de 50 anos, justificou a decisão com a perda da independência jornalística.
“Ao longo dos últimos meses, ficou claro que eu não teria autorização para liderar o programa como sempre fiz, para tomar decisões independentes com base no que era certo para o ’60 Minutes’, certo para o público”, lamentou numa nota interna enviada aos seus funcionários a que o New York Times teve acesso.
“Tendo defendido este programa — e o que defendemos — de todos os ângulos, ao longo do tempo e com tudo o que pude, estou a afastar-me para que o programa possa seguir em frente”, afirmou, acrescentando que continuarão a cobrir esta e futuras administrações. “O programa é demasiado importante para o país. Tem de continuar, não só comigo como produtor executivo”, salientou Bill Owens.
O New York Times lembra que Donald Trump tem uma história conturbada com 60 Minutes. Em 2020, por exemplo, encurtou uma entrevista porque estava descontente com as questões da jornalista, Lesley Stahl. Já durante a campanha eleitoral do ano passado, em que concorria com Kamala Haris, recusou ser entrevistado. A CBS, que pertence à Paramount, também foi processada pelo Presidente, que exigiu 10 mil milhões de dólares à empresa. Acusa o programa de comportamento “ilegal” devido a uma entrevista a Harris, na altura vice-presidente, que diz ter sido editada de forma enganadora.
Também na semana passada, refere a Reuters, Trump voltou a atacar o programa, afirmando que divulgou duas peças imprecisas sobre si. A imprensa norte-americana lembra ainda que Shari Redstone, uma das principais acionistas da Paramount, está a procurar a aprovação da administração de Trump para a venda multimilionário de uma empresa para a Skydance.
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