Avançar para o conteúdo principal

Geoengenharia pode parar aquecimento global – ou causar guerra nuclear

As notícias sobre o clima tornaram-se cada vez mais alarmantes nos últimos meses. Em dezembro de 2016, cientistas preocupados revelaram que as temperaturas em algumas partes do Árctico haviam subido mais de 1,5ºC acima da média histórica.

O mês passado, investigadores relataram que extensão de gelo polar dos oceanos Ártico estava mais fina do que qualquer outra medição alguma vez realizada nas duas regiões.

A prioridade actual de todos os países do planeta é dar seguimento ao acordo de Paris de 2015 e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Mas “mesmo que venhamos a atingir os objetivos de Paris, a realidade é que talvez venhamos a precisar de mais ferramentas“, diz Janos Pasztor, investigador da Carnegie Climate Geoengineering Governance Initiative, C2G2.

Para tentar propor outras soluções para este problema, além das habituais abordagens de “usar mais painéis de energia solar e energia eólica”, investigadores de diferentes áreas, desde a física até às ciências sociais, reuniram-se em Washington, nos Estados Unidos, para discutir novas ideias.

Entre estas ideias, foram propostas a libertação de aerossol na estratosfera, o que permitiria arrefecer o planeta, ou tornar as nuvens mais brancas, para reflectirem melhor a luz solar para o espaço.

O aerossol poderia ser levado em jactos militares e libertado a grandes altitudes. Já as nuvens poderiam ser mais reflexivas se recebessem uma névoa salina retirada dos oceanos.

Estas propostas encaixam-se no conceito de geoengenharia, ciência que estuda os meios de manipulação do clima através da tecnologia, de forma controlada. No entanto, a geoengenharia ainda é vista pelos cientistas como algo saído da “ficção científica”, só possível nos sonhos loucos de quem acha que é possível “terraformar” um planeta.

Os argumentos contra a geoengenharia são normalmente semelhantes aos de quem é contra os alimentos transgénicos: manipular o clima seria uma terrível interferência na natureza, que nunca deve ser feita.

Mas há outros motivos de preocupação de ordem mais prática, como por exemplo a necessidade (impossibilidade) de prever como o aerossol ou névoa salina afectariam o ozono na estratosfera, ou como alteraria os padrões de precipitação do planeta.

Mas apesar de nem todos os participantes na C2G2 concordarem com estas propostas, há um consenso geral de que a investigação deve continuar.

Segundo o economista ambiental Scott Barrett, “o maior problema enfrentado pela geoengenharia provavelmente não será técnico, vai antes envolver a forma como tomamos decisões sobre esta tecnologia inédita”.

Alan Robock, professor da Universidade Turgers, argumenta por seu lado que o pior cenário que poderia decorrer do uso de tecnologias de geoengenharia seria na realidade uma guerra nuclear.

Mas a geoengenharia deve ser vista como uma provável parte do nosso futuro, e não como mera ficção científica, diz David Keith, físico da Universidade de Harvard e um dos organizadores do evento.

“Hoje ainda é um tabu, mas é um tabu que está a ser destruído”, diz o investigador.

https://zap.aeiou.pt/geoengenharia-pode-parar-aquecimento-global-ou-causar-guerra-nuclear-155434

Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Este Toyota RAV4 está impecável mas mesmo assim vai para abate

 As cheias na região espanhola de Valência deixaram um rasto de destruição. Casas arrasadas, ruas transformadas em rios, garagens submersas e milhares de automóveis convertidos em sucata num ápice. Um desses automóveis foi o Toyota RAV4 de 2021 que podem ver no vídeo que pode encontrar neste texto. Este SUV japonês esteve debaixo de água, literalmente. Mas, contra todas as expectativas — e contra aquilo que tantas vezes ouvimos sobre carros modernos — continua a funcionar. É fácil encontrar nas redes sociais exemplos de clássicos que voltam à vida depois de estarem mergulhados em água — nós também já partilhámos um desses momentos. Os carros antigos são mais simples, robustos e não têm uma eletrónica tão sensível. Mas ver isso acontecer num carro moderno, carregado de sensores, cablagens, centralinas e conectores, é — no mínimo — surpreendente. No vídeo que partilhamos acima, é possível ver o Toyota RAV4 a funcionar perfeitamente após o resgate. Apesar de ter estado submerso, todos...

"Bolsa tem risco, depósitos têm certeza de perda"

Maria Luís Albuquerque, comissária europeia para Serviços Financeiros e União de Poupança e Investimento, diz ser "indispensável" mobilização da poupança privada para financiar prioridades europeias.  É “indispensável” que haja na Europa uma “mobilização da poupança privada – que tem volumes significativos” – para financiar as “prioridades” europeias, porque, defende Maria Luís Albuquerque, comissária europeia, os “orçamentos públicos não serão suficientes“. A ex-ministra das Finanças, que na Comissão Europeia recebeu a pasta dos Serviços Financeiros e a União da Poupança e do Investimento, assinala que, sobretudo no contexto geopolítico atual, têm de ser dadas condições ao cidadãos para investirem mais nos mercados de capitais – porque “investir nos mercados de capitais tem risco de perda, aplicar poupanças em depósitos a prazo tem tido certeza de perda“. As declarações de Maria Luís Albuquerque foram feitas num evento anual da CMVM, o supervisor do mercado de capitais portu...