Avançar para o conteúdo principal

Cientistas descobrem proteína capaz de prevenir obesidade e diabetes

Um grupo de investigadores da Universidade Católica de Lovaina (UCL), na Bélgica, descobriu uma proteína capaz de prevenir o desenvolvimento da obesidade e da diabetes.

A proteína Amuc 1100 faz parte da membrana externa da bactéria Akkermansia muciniphila, que vive na flora intestinal de animais vertebrados, como os humanos.

Segundo a equipa de cientistas, liderada por Patrice Cani, quando a proteína é administrada em grande quantidade, bloqueia completamente o desenvolvimento da intolerância à glicose e da resistência à insulina.

Ao atuar como uma espécie de barreira protetora, a Amuc 1100 diminui a permeabilidade do intestino e impedindo que toxinas presentes nas fezes entrem na corrente sanguínea.

“A permeabilidade intestinal é responsável pela passagem de toxinas que contribuem para o desenvolvimento da diabetes, de inflamações e para o fato de algumas pessoas obesas sentirem fome constantemente”, explicou Cani à BBC.

A bactéria Akkermansia muciniphila é conhecida pela capacidade de reduzir entre 40 e 50% o ganho de massa corporal e de resistência à insulina em cobaias. Mas os investigadores não conseguiam descobrir uma maneira de reproduzir sinteticamente a bactéria, que é sensível ao oxigénio.

Para resolver o problema, os cientistas optaram pela pasteurização, aquecendo a bactéria a 70 graus.

“Descobrimos que a bactéria conserva as suas propriedades, impedindo totalmente o desenvolvimento da obesidade e da diabetes, independente do regime alimentar”, afirma Cani.

Segundo o estudo publicado na Nature, a pasteurização elimina o que é desnecessário na bactéria e preserva a proteína.

A equipa testou os efeitos da proteína em três séries de testes com cobaias e obteve, em todas elas, os mesmos resultados.

Os animais foram submetidos a um regime rico em gordura e altamente calórico, e aqueles que receberam a bactéria viva ganharam menos peso e desenvolveram menos resistência à insulina que os restantes.

No caso das cobaias que receberam a bactéria pasteurizada ou a proteína isolada, o tratamento deteve totalmente o ganho de peso e a resistência à insulina.

Fase de testes em humanos

O tratamento com Akkermansia muciniphila pasteurizada já foi submetido em humanos e os cientistas concluíram que a sua administração não apresenta quaisquer riscos para a saúde.

A análise foi realizada a quatro grupos de dez voluntários, em alguns casos durante 15 dias e em outros durante três meses.

Um grupo recebeu uma dose diária de milhares de bactérias vivas, e outro recebeu 10 mil bactérias vivas. O terceiro recebeu milhares de bactérias pasteurizadas e o último um medicamento.

De acordo com os especialistas, nenhum dos voluntários apresentou qualquer problema.

A segunda fase de testes em humanos vai contar com mais de 100 voluntários e deverá ser concluída no final de 2017.

Caso os resultados sejam positivos, será o primeiro passo para o desenvolvimento de um fármaco contra as duas doenças – no entanto, o processo pode demorar pelo menos 10 anos.

Os cientistas pretendem testar os efeitos da Akkermansia muciniphila em doenças como elevado nível de colesterol, arteriosclerose, inflamação intestinal e até mesmo no cancro.


Em: http://zap.aeiou.pt/cientistas-descobrem-proteina-capaz-prevenir-obesidade-diabetes-139691

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di