Avançar para o conteúdo principal

Lisboa pode estar no meio de um deserto até 2100

Alguns especialistas acreditam ser possível que o Sul da Península Ibérica se transforme num deserto até 2100.

Um estudo publicado na semana passada na Science sobre os efeitos do aquecimento global e da poluição no Mediterrâneo revela que Lisboa e outras cidades como Sevilha e Évora podem ficar no meio do deserto até 2100.

O estudo liderado pelo paleoclimatologista francês Joel Guiot, do Instituto francês de Pesquisa Pelo Desenvolvimento, e por Wolfgang Crame, do Centro francês de Investigação Científica, defende que, se o aquecimento global continuar ao ritmo atual, o avanço das zonas desérticas não se vai limitar ao Norte de África, mas continuar pelo Sul da Península Ibérica.

Os investigadores concluíram que, se não forem tomadas medidas de mitigação ambiciosas, as alterações climáticas vão alterar os ecossistemas no Mediterrâneo em menos de um século “de uma forma que não tem precedentes nos últimos 10 milénios”, no período conhecido no Holocénico.

A análise combina um modelo climático com um modelo para a reação da vegetação ao aumento das temperaturas, mudanças na quantidade de precipitação e concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera.

“Os cenários de emissão de gases de efeito de estufa aos níveis acordados antes do Acordo de Paris vão provavelmente levar a uma expansão substancial dos desertos em grande parte da Europa do Sul e Norte de África”, escrevem os autores no artigo publicado na Science.

Os especialistas alertam que a desertificação é um risco não apenas para Portugal, mas para o sul de Espanha (incluindo Sevilha e Málaga), para Itália (incluindo Sicília e Sardenha) e para a Turquia. O norte de Marrocos e da Tunísia continuam em risco de se transformar num deserto.

No pior cenário descrito pelos investigadores, o Sul da Península transforma-se num deserto, com consequências no tipo de vegetação em todo o território. Uma mudança no clima como a que se prevê pode também provocar uma migração massiva das populações de animais e de humanos, o que levaria a problemas económicos graves.

Os investigadores dizem que este cenário ainda pode ser evitado no Mediterrâneo, se não deixarmos a temperatura global aumentar 1,5ºC em relação à temperatura média na Terra antes da revolução industrial – ou seja, se forem respeitados os valores acordados em Paris, onde os líderes mundiais se comprometeram a não deixar a temperatura do planeta aumentar mais de 2ºC relativamente aos níveis pré-industriais.


Em: http://zap.aeiou.pt/lisboa-pode-estar-no-meio-de-um-deserto-ate-2100-136375

Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Este Toyota RAV4 está impecável mas mesmo assim vai para abate

 As cheias na região espanhola de Valência deixaram um rasto de destruição. Casas arrasadas, ruas transformadas em rios, garagens submersas e milhares de automóveis convertidos em sucata num ápice. Um desses automóveis foi o Toyota RAV4 de 2021 que podem ver no vídeo que pode encontrar neste texto. Este SUV japonês esteve debaixo de água, literalmente. Mas, contra todas as expectativas — e contra aquilo que tantas vezes ouvimos sobre carros modernos — continua a funcionar. É fácil encontrar nas redes sociais exemplos de clássicos que voltam à vida depois de estarem mergulhados em água — nós também já partilhámos um desses momentos. Os carros antigos são mais simples, robustos e não têm uma eletrónica tão sensível. Mas ver isso acontecer num carro moderno, carregado de sensores, cablagens, centralinas e conectores, é — no mínimo — surpreendente. No vídeo que partilhamos acima, é possível ver o Toyota RAV4 a funcionar perfeitamente após o resgate. Apesar de ter estado submerso, todos...

"Bolsa tem risco, depósitos têm certeza de perda"

Maria Luís Albuquerque, comissária europeia para Serviços Financeiros e União de Poupança e Investimento, diz ser "indispensável" mobilização da poupança privada para financiar prioridades europeias.  É “indispensável” que haja na Europa uma “mobilização da poupança privada – que tem volumes significativos” – para financiar as “prioridades” europeias, porque, defende Maria Luís Albuquerque, comissária europeia, os “orçamentos públicos não serão suficientes“. A ex-ministra das Finanças, que na Comissão Europeia recebeu a pasta dos Serviços Financeiros e a União da Poupança e do Investimento, assinala que, sobretudo no contexto geopolítico atual, têm de ser dadas condições ao cidadãos para investirem mais nos mercados de capitais – porque “investir nos mercados de capitais tem risco de perda, aplicar poupanças em depósitos a prazo tem tido certeza de perda“. As declarações de Maria Luís Albuquerque foram feitas num evento anual da CMVM, o supervisor do mercado de capitais portu...