Avançar para o conteúdo principal

Governo falha execução de apoio alimentar. 28 milhões desperdiçados

Bancos Alimentares queixam-se que 28 milhões de euros do Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Cadenciadas não foram distribuídos este ano. Assunção Cristas lembra problema das cativações.

O Governo terá desperdiçado 28 milhões de euros em alimentos do Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas (FEAC), em 2016, por não ter executado devidamente o programa que existe desde 2014, avança esta sexta-feira o Jornal de Notícias. A lista de entidades e organizações que em Portugal são beneficiadas por este programa inclui o Banco Alimentar contra a Fome e a AMI-Assistência Médica Internacional.

De acordo com aquele jornal, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social explica o atraso com o facto de o ano de 2016 ter sido necessário para garantir as diligências necessárias e que a distribuição vai iniciar-se em 2017. “Vai iniciar-se a distribuição alimentar ao abrigo do FEAC em 2017, tendo o ano de 2016 servido para tomar as diligências necessárias a fim de garantir este início”, disse fonte do ministério citada pelo JN. Foi também isto que o Governo garantiu à Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares na última reunião que tiveram, há dois meses.

Criado em 2014 para substituir o anterior Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Cadenciados, a verba afeta ao FEAC destina-se a apoiar instituições de solidariedade na distribuição de alimentos. A dotação prevista no programa, até 2020, é de 28 milhões por ano.

Segundo o Jornal de Notícias, em 2015 o programa ajudou cerca de 400 mil portugueses, mas este ano os atrasos estão a ser notados. Situação semelhante já tinha acontecido com o anterior executivo, mas o secretário-geral da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares, Manuel Paisana, explica isso com a fase de transição em que o programa se encontrava nessa altura. “Em 2014, e porque era um ano de transição, Portugal conseguiu recorrer ao FEAC e o Governo ainda distribuiu fez milhões de euros em alimentos. No ano seguinte, voltou a usar-se o facto de estarmos em transição, mas, em 2016, nada foi distribuído. Será difícil justificar perante a Europa que é mais um ano e transição”, disse. Também Fernando Nobre, presidente da AMI, nota que no ano passado recebeu “uma pequena remessa” e que este ano “não se vislumbra coisa nenhuma”.

No último debate quinzenal no Parlamento, na quarta-feira, a líder do CDS, Assunção Cristas, questionou o primeiro-ministro sobre o tema. “É mais um exemplo das famosas cativações, cortes cegos que o país está a sofrer. Este ano, pela primeira vez, não vai haver distribuição do fundo de apoio aos carenciados. São 400 mil pessoas que recebiam alimentos via dinheiros europeus”, disse Cristas. Mas António Costa não respondeu.


Em: http://observador.pt/2016/12/09/governo-falha-execucao-de-fundo-europeu-de-apoio-alimentar-a-carenciados/

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...