Avançar para o conteúdo principal

Depois da derrota, esquerda anuncia parlamento paralelo

Depois da derrota, chavistas anunciam parlamento paralelo na Venezuela

Sinais de coexistência difícil entre maioria parlamentar da oposição e contrapesos noutros órgãos do Estado. “O único Parlamento do país é a Assembleia Nacional", lembra deputado anti-governamental.

Os chavistas estão a tentar contornar a estrondosa derrota sofrida nas eleições parlamentares venezuelanas do início do mês. O sinal mais evidente é o anúncio da criação de uma instituição paralela que imita as competências da Assembleia Nacional.

A intenção do governo de Caracas seria, segundos os correspondentes do jornal espanhol El País, impedir que a Assembleia Nacional legisle em sentido contrário à orientação chavista, designadamente em matérias económicas.

O anúncio foi feito no último dia de trabalhos da legislatura anterior pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, número dois do poder chavista, que designou o chamado Parlamento Comunal. “Agora teremos um Parlamento ao serviço da burguesia. Da direita não vamos ouvir nada que favoreça o povo”, disse, justificando a iniciativa.

Horas depois, no seu programa semanal de televisão, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que não conseguiu evitar a expressiva vitória da oposição, reforçou as intenções chavistas. “Darei todo o poder ao Parlamento Comunal.”

Mais contido foi o deputado governamental Ricardo Molina, que, citado pelo jornal espanhol, afirmou não haver intenção de criar um órgão deliberativo paralelo. “Trata-se de dar ao poder popular uma base legal que lhe permita organizar-se para definir o seu futuro, com uma delimitação de competências definidas na lei”, sustentou.

A aliança de partidos de oposição reunida na Mesa da Unidade Democrática (MUD), que elegeu dois terços dos deputados nas eleições de 6 de Dezembro e controlará a Assembleia Nacional a partir de 5 de Janeiro relativizou o anúncio, que aponta para uma difícil coexistência entre a expressiva maioria parlamentar e os contrapesos chavistas noutros órgãos do Estado. Mas marcou a sua posição. O secretário executivo da aliança, Jesús Torrealba, lembrou que a Constituição não menciona a palavra “comuna” e que “o único Parlamento que existe no país é a Assembleia Nacional.

O poder popular, de que o chavismo se reclama, não está consagrado na Constituição, mas desde 2010 existe a Lei Orgânica das Comunas – um dos cinco diplomas impostos pelo então Presidente, Hugo Chávez, com vista à criação de um Estado Comunal, que não passou das intenções.

O Parlamento Comunal seria a instituição que, em teoria, representaria o povo, mas que nunca entrou em funções, recorda o El País. Ficou como letra morta, até agora.

A iniciativa não é uma completa surpresa. Já noutros momentos, depois de perder uma eleição, o poder chavista agiu de modo semelhante, ainda que ao nível local. Foi o que aconteceu depois de o ex-candidato presidencial Henrique ter ganho a eleição para governador do Estado de Miranda: Maduro fundou a Corpomiranda, uma entidade presidida pelo candidato derrotado, Elías Jaua, que recebe dinheiro da administração central para infraestruturas.


Em: https://www.publico.pt/mundo/noticia/depois-da-derrota-chavistas-anunciam-parlamento-paralelo-na-venezuela-1717758

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

OE2026: 10 medidas com impacto (in)direto na carteira dos portugueses

  O Governo entregou e apresentou a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, mas com poucas surpresas. As mudanças nos escalões de IRS já tinham sido anunciadas, bem como o aumento nas pensões. Ainda assim, há novidades nos impostos, alargamento de isenções, fim de contribuições extraordinárias e mais despesa com Defesa, 2026 vai ser “um ano orçamental exigente” e a margem disponível para deslizes está “próxima de zero”. A afirmação em jeito de aviso pertence ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e foi proferida na  apresentação da proposta de Orçamento do Estado  para o próximo ano. O excedente é de cerca de 230 milhões de euros, pelo que se o país não quer voltar a entrar num défice, a margem para mais medidas é "próxima de zero". "Os números são o que são, se não tivéssemos os empréstimos do PRR não estaríamos a fazer alguns projetos", apontou, acrescentando que não vai discutir o mérito da decisão tomada relativamente à 'bazuca europ...

Governo altera regras de ISV para híbridos plug-in

  Híbridos plug-in vão continuar a pagar menos ISV, mas o Governo alterou as regras para evitar agravamento fiscal. Saiba o que está em causa. Atualmente, os  híbridos  plug-in  (que ligam à tomada) têm uma redução de 75% no ISV (Imposto Sobre Veículos), caso tenham uma autonomia mínima elétrica de 50 km e emissões de dióxido de carbono oficiais inferiores a 50 g/km. A partir de 2026, o Governo mantém a redução de 75% do ISV, mas vai aumentar o limite de 50 g/km de CO 2  para 80 g/km, de acordo com o que foi divulgado pela ACAP (Associação Automóvel de Portugal) ao  Expresso . © Volvo A razão para elevar o limite mínimo de emissões deve-se à entrada em vigor, a partir de janeiro de 2026, da norma Euro 6e-bis. Entre várias alterações, a norma vai alterar também a forma como são certificados os consumos e emissões dos híbridos  plug-in , refletindo melhor o uso real destes veículos. Resultado? A maioria dos valores de CO 2  homologados vão subir. Ca...