Avançar para o conteúdo principal

A dívida de cada português passou de 1.450€ para 19.150€

Cada português deve 15 vezes mais agora do que em 1975

Dívida per capita passou de 1.450 euros para 19.150 euros em 37 anos

Portugal de 2012. Portugal de 1975. O ano passado fechou com a maior queda do Produto Interno Bruto (-5,1%), precisamente desde o ano pós-revolução 25 de Abril (-3,2%). Um ponto de partida para recuarmos no tempo. Tempo para reflectir o que mudou, o que avançou, aquilo em que fizemos marcha-atrás. Uma coisa é certa: cada português deve 15 vezes mais do que há 37 anos.

Em 1975, a dívida do país alcançou o equivalente a 13.185 milhões de euros, correspondendo a 22% do PIB. Agora é exponencialmente maior, ultrapassando toda a riqueza criada no país (122,5% do PIB) e tendo explodido para um recorde de 203.680 milhões. Assim, segundo as cálculos do professor da Faculdade de Economia do Porto, Pedro Cosme Costa Vieira, a dívida per capita passou, de lá para cá, de 1.450 euros para 19.150 euros.

Éramos quase 9,5 milhões naquela altura. Agora somos - dados dos censos de 2011 - mais de 10,5 milhões. Mas num e noutro ano o consumo privado, ou seja, os gastos das famílias, caiu quase o mesmo em percentagem do PIB (5,4% no primeiro caso, 5,6% no segundo).

E se o consumo público aumentou 3,8% em 1975, no Portugal de hoje cai 4,4%. Em matéria de investimento, os números são, numa e noutra realidade de um mesmo país, bastante negros: -20,6% e -13,7%, respetivamente.

O recuo no PIB em 2012 seguiu-se a uma já expressiva recessão de 1,6% do ano anterior. Há 37 anos foi diferente: a queda abrupta da economia veio depois do crescimento de 2,9% verificado em 74, no ano da Revolução.

Ao tvi24.pt, Pedro Cosme explicou que a contração verificada em 2012 e a sua comparação com 75 «tem que ser relativizada porque atualmente o PIB potencial tem uma dinamica muito mais fraca do que tinha no passado».

E mais: «Por ser uma tendencia que leva já 40 anos, não é resultado da atuação concreta de um governo, mas uma evolução da nossa sociedade para o primado dos direitos adquiridos em desfavor da eficiência económica».

O problema vem de trás, portanto. «A tendência de crescimento do PIB era de 6.7%/ano antes do 25-de-Abril, passou para 3.2%/ano até à nossa entrada no euro e, desde 2000, é 0%/ano».

O professor constata ainda que «para podermos comparar as 12 crises que vivemos desde 1960, temos que corrigir o efeito do crescimento da população e a tendência continuada de quebra de crescimento económica. Fazendo esta correção, a crise de 2012 é perfeitamente comparável às outras 11 crises que vivemos desde 1960».

O mesmo acontece se fizermos uma comparação internacional: «Por exemplo, em 2009 o PIB per capita contraiu 9.0% na Finlândia e 4.9% na Alemanha e não ouvimos notícias desses países a referir uma catástrofe económica, vivemos em 2012 apenas uma crise suave». Os temas mudaram pouco: salários, crise e desemprego.


Em: http://www.tvi24.iol.pt/economia---dinheiro-pessoal/divida-divida-per-capita-pib-1975-recessao-ultimas-noticias/1430053-6378.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di