Avançar para o conteúdo principal

«Vem aí a troika!»: o jogo que leva o país à falência

Garantem os criadores deste jogo de cartas que alguma semelhança com a realidade é «pura coincidência». Será mesmo?

E se tivesse, você mesmo, a oportunidade de levar o país à falência? Seja como uma vingança ou, simplesmente, para saber como se faz? Portugalândia: nesta «terra», a ideia é mesmo essa.

O jogo «Vem aí a troika!», à venda a partir desta segunda-feira, convida-nos a fazer essa experiência: «Estás farto de ficar a ver submarinos com o dinheiro dos teus impostos? Farto de ver o nosso dinheirinho a ir para a conta dos primos e dos amigos do peito? Chegou a tua vez! Agora também tu podes levar o país à falência».

Um jogo em jeito de «sátira», conforme explicou à Agência Financeira Carlos Mesquita, da Tabletip Games, uma editora de jogos de mesa portuguesa, criada este ano.

A conjuntura foi um grande empurrão para esta estreia: «A ideia surgiu à volta de uma mesa de jogo, como não podia deixar de ser. O momento político e a sequência de eventos levou-nos a querer satirizar a situação, como forma de conseguir atrair a atenção, usando o lado lúdico para chamar a atenção para o lado sério da questão».

Ora, mas porquê apostar na habilidade para levar um país à falência, provocar a vinda da troika e deixar a fatura para os outros pagarem e não o contrário, isto é, tentar salvar o país, evitando a entrada de FMI & companhia? «A componente didática e séria do jogo é passada com humor, pelo menos é isso que esperamos. Que as pessoas joguem, se divirtam, mas também, ao jogar na Portugalândia, que reflitam sobre a situação do seu próprio país e o que levou a ela». O jogo subverte a lógica. Propositadamente.

E vai mais longe, querendo aquecer o debate à medida que o jogo avança, uma vez que «os grupos representados são muitas vezes caricaturados, mas é mesmo essa a ideia - muitas vezes provocar, para que haja polémica e discussão». O jogo de tabuleiro é apenas o ponto de partida para a reflexão à mesa.

Vamos, então, jogar: há 42 cartas de grupos de influência, 8 cartas de líder (cada pessoa fica com uma), 16 cartas de evento, 24 cartas de dinheiro, 12 cartas de títulos de depósito.

«Cada jogador manobra a sua rede de influências para ganhar poder, eleições e extrair dinheiro dos grupos que controla. Ganha o jogo quem conseguir juntar mais poder (nos grupos que controla), ganhar eleições (e logo ser Governo) e dinheiro em títulos Offshore», esclareceu Carlos Mesquita.

Para além do inevitável «Banco da Portugalândia», existem bancos «mais ou menos honestos» e não podia faltar o «Banco para Negociatas» (BPN). Há a carta dos (dis)funcionários públicos e a dos agricultores subsidiados. Também há uma dedicada aos clubes de futebol.

A carta «A Dama de Ferro» lembra Manuela Ferreira Leite; «O Engenheiro», José Sócrates. E por aí fora.

O objetivo é então - e antes que a troika chegue - ganhar eleições, estabelecer uma rede de influências e, claro, levar o dinheiro para paraísos fiscais. Alguma semelhança com a realidade? «Pura coincidência», diz o vídeo promocional.

Depois de «muitas horas de trabalho» ao longo de mais de um ano, num investimento que, no total, deverá ultrapassar os 10 000 euros, eis que o «Vem aí a troika» veio mesmo. Está à venda no El Corte Inglés, Fnac e no site jogonamesa.pt, por 18,90 euros.

Na manga, está já um novo jogo - «Apertem os cintos: a Troika já chegou!». A Tabletips Games levanta o véu: «Só podemos dizer que depois da vinda da Troika, as regras são outras». O segredo é a alma de qualquer negócio.


Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=zgr9mk7q1o0


Fonte:
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/troika-jogo-vem-ai-a-troika-jogo-de-cartas-falencia-tabletips-games/1398461-1730.html

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...