Avançar para o conteúdo principal

Alemanha: a nova «casa» dos jovens portugueses

Com emprego, mas sem perspetivas, jovem engenheiro foi à procura do futuro no país do Merkel. Muitos seguem-lhe os passos, tristes com Portugal

Há pouco mais de um ano, o engenheiro Miguel Martins tinha emprego, mas faltavam-lhe perspetivas de futuro. Hoje, olha para o país a partir de Berlim, satisfeito por ter decidido emigrar, mas triste com o rumo de Portugal.

Licenciado e doutorado em engenharia eletrotécnica, Miguel Martins trabalhava há sete anos como investigador numa universidade quando Portugal pediu assistência financeira ao FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia (troika) e ambicionava um trabalho no setor industrial.

«Tinha um contrato a prazo que iria acabar em 2013 e não estava a ver perspetivas, depois desse período, de conseguir encontrar uma posição interessante, quer no ensino, quer na indústria», conta à agência Lusa, por telefone a partir de Berlim, na Alemanha.

Com algum tempo ainda pela frente até à conclusão do contrato, começou a procurar «confortavelmente» uma nova posição.

«Tinha algum gosto e interesse em trabalhar no estrangeiro e, como já estava há sete anos na área da investigação, pensei que se não voltasse à indústria perderia empregabilidade a curto prazo», diz.

Em setembro de 2011, chegava a Berlim depois de ter conseguido colocação numa empresa de microeletrónica. A troika tinha vindo em abril, lembra Miguel Martins, e «as perspetivas eram de degradação da economia».

Casado e com filhos pequenos, viveu durante quatro meses longe da família. A esposa chegaria à Alemanha apenas em janeiro de 2012 e os filhos no mês seguinte.

Com emprego estável numa seguradora na região de Lisboa, a mulher de Miguel Martins aproveitou a oportunidade para também ela se «internacionalizar».

Apesar de reconhecer que há sempre algumas dificuldades de adaptação, o engenheiro, que residia nos arredores de Lisboa, destaca sobretudo as diferenças positivas que a mudança para Berlim trouxe.

«O preço da habitação não é muito diferente de Portugal. Os nossos filhos estão num infantário público e o que temos aqui de abono de família cobre a despesa do infantário», exemplifica.

Sobre as saudades do país e da família, Miguel desdramatiza, lembrando que em Portugal também estava fisicamente longe dos pais, que vivem no Fundão.

«Neste momento, as fronteiras já são mais virtuais do que reais e, para mim, trabalhar num país estrangeiro não tem grande diferença. As ligações são excelentes e não me sinto afastado do país. Vivo numa cidade que tem uma comunidade portuguesa bastante grande e também não me sinto afastado da sociedade», considera.

Diz que todos os dias lhe chegam pedidos de informações de portugueses sobre como arranjar uma casa ou um emprego na Alemanha, e mostra-se triste com crise que se vive em Portugal.

«Entristece-me porque não gosto de ver o meu país numa situação desagradável», diz, lamentando que Portugal esteja a ser «tão pressionado para cumprir [as metas do ajustamento] em tão curto espaço de tempo».

Ainda assim, lembra que o país e os portugueses também têm responsabilidade na situação que atravessam.

«Acho que a culpa é mais nossa que da União Europeia ou da Alemanha porque houve alguma irresponsabilidade no passado», assegura, considerando, no entanto, que a «austeridade que está a ser imposta aos portugueses não é a receita certa».

Quanto a um eventual regresso, Miguel Martins tem apenas certeza de que continuará na Alemanha enquanto se sentir mais confortável do que se sentiria em Portugal.


Em:
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/alemanha-jovens-desemprego-portugal-agencia-financeira/1396926-1730.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Aeroporto: há novidades

 Nenhuma conclusão substitui o estudo que o Governo mandou fazer sobre a melhor localização para o aeroporto de Lisboa. Mas há novas pistas, fruto do debate promovido pelo Conselho Económico e Social e o Público. No quadro abaixo ficam alguns dos pontos fortes e fracos de cada projeto apresentados na terça-feira. As premissas da análise são estas: IMPACTO NO AMBIENTE: não há tema mais crítico para a construção de um aeroporto em qualquer ponto do mundo. Olhando para as seis hipóteses em análise, talvez apenas Alverca (que já tem uma pista, numa área menos crítica do estuário) ou Santarém (numa zona menos sensível) escapem. Alcochete e Montijo são indubitavelmente as piores pelas consequências ecológicas em redor. Manter a Portela tem um impacto pesado sobre os habitantes da capital - daí as dúvidas sobre se se deve diminuir a operação, ou pura e simplesmente acabar. Nem o presidente da Câmara, Carlos Moedas, consegue dizer qual escolhe... CUSTO DE INVESTIMENTO: a grande novidade ve...

Largo dos 78.500€

  Políticamente Incorrecto O melhor amigo serve para estas coisas, ter uns trocos no meio dos livros para pagar o café e o pastel de nata na pastelaria da esquina a outros amigos 🎉 Joaquim Moreira É historicamente possível verificar que no seio do PS acontecem repetidas coincidências! Jose Carvalho Isto ... é só o que está á vista ... o resto bem Maior que está escondido só eles sabem. Vergonha de Des/governantes que temos no nosso País !!! Ana Paula E fica tudo em águas de bacalhau (20+) Facebook

Ameaça quântica: Satoshi Nakamoto deixou um plano para salvar o Bitcoin

 Em 2010, o criador do Bitcoin antecipou os perigos que a computação quântica poderia trazer para o futuro da criptomoeda e apresentou sugestões para lidar com uma possível quebra do algoritmo de criptografia SHA-256. Ameaça quântica: Satoshi Nakamoto deixou um plano para salvar o Bitcoin Um novo avanço no campo da computação quântica deixou a comunidade de criptomoedas em alerta sobre a possibilidade de quebra do algoritmo de criptografia SHA-256 do Bitcoin BTC, comprometendo a integridade das chaves privadas e colocando os fundos dos usuários em risco. Em 9 de dezembro, o Google apresentou ao mundo o Willow, um chip de computação quântica capaz de resolver, em menos de cinco minutos, problemas computacionais insolúveis para os supercomputadores mais avançados em uso nos dias de hoje. Apesar do alarde, Satoshi Nakamoto, o visionário criador do Bitcoin, já antecipara a ameaça quântica e sugerira duas medidas para mitigá-la. Em uma postagem no fórum Bitcoin Talk em junho de 2010, Sa...