Avançar para o conteúdo principal

Em 40 Anos apenas houve 2 maiorias: Cavaco e Sócrates


Desde o 25 de Abril apenas houve 2 eleições em que o partido mais votado teve maioria absoluta: o PSD de Cavaco Silva em 1987 e o PS de José Sócrates em 2005

Portanto o normal em Portugal é o partido mais votado governar sem maioria.


O PCP é o campeão das moções contra governos na história da democracia. Socialistas e Bloco seguem-lhes o rasto. O maior alvo é o PSD.


Moção de Rejeição de Programa de Governo e moção de censura. A diferença entre a primeira e a segunda tem unicamente a ver com os timings em que podem ser invocadas pelos partidos da oposição, sendo que a primeira apenas pode ser apresentada quando um Governo é empossado e apresenta o seu programa, e a segunda em qualquer altura da legislatura, embora limitada a uma por período legislativo. Juntamente com a moção de confiança apresentada pelas bancadas parlamentares que apoiem o governo, mas que, se for chumbada, implica o mesmo resultado final que as outras moções: a demissão imediata do executivo.

As moções são instrumentos políticos de controlo: visam ter um papel constitucional fundamental, ao obrigar os partidos a explicar as suas políticas à oposição e a todo o país através do debate no hemiciclo. Enquanto que uma moção de censura ou rejeição visa o trabalho já feito por um governo, uma moção de confiança pede um voto favorável à Assembleia da República para manter as políticas que esteja a seguir.

Em última análise, estas ferramentas podem ser utilizadas pelos partidos da oposição como forma de provocar a demissão de um Governo, algo que na história da democracia portuguesa no pós-25 de abril, e em 20 legislaturas, apenas aconteceu quatro vezes: 1978, 1979, 1987 e 2015. A rejeição de uma moção de confiança também levou à queda do primeiro Governo Constitucional.

Os comunistas são os “campeões” na emissão de moções de Censura e Rejeição. No extremo oposto, o PSD é o partido que menos usou esta ferramenta para provocar a demissão de Governos, embora lidere por sua vez o ‘ranking’ de emissão de Moções de Confiança.


O primeiro Governo constitucional tomou posse a 23 de julho de 1976, constituído pelo Partido Socialista, e com base nos resultados da eleições de 25 de Abril desse ano. O executivo cessou funções na sequência da rejeição de uma Moção de Confiança apresentada pelos próprios.


Coligado com o CDS, o PS forma novo Governo a 23 de janeiro de 1978, mas não chega ao final do verão desse ano, devido a desentendimentos entre os partidos que garantiam o seu apoio parlamentar.


Nobre da Costa é empossado por iniciativa do Presidente da República a 29 de agosto, mas só fica no poder por quatro meses. A rejeição do seu Programa de Governo leva à demissão do executivo.


Por nova iniciativa do Presidente da República, Mota Pinto toma posse a 22 de novembro, e termina o seu mandato em 7 de julho do ano seguinte, quando se demite. É o primeiro chefe de governo a ver passar na Assembleia da República uma moção de censura durante o seu mandato.


A primeira (e única) mulher a ocupar o cargo máximo na Assembleia da República, tomou posse também por iniciativa presidencial a 7 de julho de 1979. Termina o mandato no ano seguinte, a 3 de janeiro, após eleições intercalares.

Após as eleições de 2 de dezembro de 1979, Sá Carneiro chega a primeiro-ministro através de uma coligação eleitoral formada pelo Partido Social Democrata (PSD), Centro Democrático Social (CDS) e Partido Popular Monárquico (PPM). Após a queda do avião em Camarate, morre a 4 de dezembro de 1980, e o mandato do Governo termina um mês depois.

A 9 de janeiro de 1981, Francisco Pinto Balsemão toma posse como primeiro-ministro, e com o mesmo apoio que o seu antecessor, PSD, CDS e PPM, mas acaba por se demitir no mesmo ano.

Novo mandato de Pinto Balsemão, que termina a 9 de junho de 1983, depois das eleições de 25 de abril desse ano. O Primeiro-Ministro acaba por se demitir novamente.

O Partido Socialista e o Partido Social Democrata formam uma coligação pós-eleitoral – denominada de Bloco Central – e constituem um Governo que termina o seu mandato a 6 de novembro de 1985, na sequência de desentendimentos entre as forças políticas que o suportavam.

Cavaco Silva sobe ao poder pela primeira vez, mas vê o seu mandato a ser encurtado por uma moção de censura imposta pelo PRD, na altura a terceira força política com maior representação na Assembleia da República. Esta Moção de Censura teve grande impacto, não só por provocar a demissão do executivo, mas também por ter dado origem à maioria absoluta do partido deposto nas eleições seguintes.

As eleições de 18 de julho de 1987 dão ao PSD a primeira maioria absoluta de um Governo monopartidário no pós-25 de abril, legislatura que só termina a 31 de outubro de 1991. O XI Governo Constitucional foi também o primeiro a completar a duração inteira da legislatura.

Novamente reeleito com maioria absoluta, e com base nos resultados das eleições de 6 de outubro de 1995, o PSD de Cavaco Silva termina o mandato a 25 de outubro de 1999, no final do mandato.


Eleito com maioria relativa, António Guterres formou o único Governo Constitucional que não sofreu nenhuma Moção de Censura ou Rejeição em 40 anos. Foi também o terceiro Governo consecutivo a cumprir o tempo normal integral da legislatura.

Após as eleições de 10 de outubro de 1999, António Guterres forma novo Governo de maioria relativa, executivo que apenas cessa funções a 6 de abril de 2002, após a demissão do Primeiro-Ministro. O facto de o PS contar com apoio parlamentar de precisamente metade dos deputados na Assembleia impediu a aprovação de moções de Censura e Rejeição de Programa de Governo.

O PSD forma um acordo de incidência parlamentar com o CDS-PP para formar Governo na sequência dos resultados das eleições de 17 de março de 2002. O Primeiro-Ministro Durão Barroso demite-se em 2004.

Na sequência da demissão de Durão Barroso, o Presidente da República Jorge Sampaio dá posse ao executivo liderado por Santana Lopes, mas um ano depois dissolve o Parlamento e convoca novas eleições legislativas.


As eleições de 20 de fevereiro de 2005 dão a maioria absoluta ao PS de José Sócrates, e um mandato que termina a 26 de outubro de 2009.

As eleições de 27 de setembro de 2009 dão nova vitória ao executivo do José Sócrates, mas retiram-lhe a maioria absoluta do mandato anterior. Acaba por se demitir a 23 de março de 2011, após ver rejeitado na Assembleia da República o seu 4º PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento), e mantêm-se em funções de gestão até 21 de junho de 2011.

O PSD de Passos Coelho vence as eleições de 5 de junho de 2011 com maioria relativa, e negociou um acordo de Governo com o CDS-PP. Cessou funções a 30 de outubro de 2015.


Após as eleições de 4 de outubro de 2015, o XX Governo Constitucional tomou posse com maioria relativa, mas tornou-se no executivo mais curto da história da democracia. A coligação Portugal à Frente apresentou o seu programa de governo na Assembleia da República a 6 de novembro, tendo o debate decorrido nos dias 9 e 10 de novembro. A dia 10 de novembro foram apresentadas quatro moções de Rejeição, sendo que a primeira de todas, emitida pelo Partido Socialista, foi aprovada pelos votos de 123 deputados, provocando a demissão do executivo.

- See more at: http://www.dinheirovivo.pt/economia/40-anos-de-democracia-5-governos-derrubados/#sthash.rTY4Uh2J.dpuf

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

As obras "faraónicas" e os contratos públicos

  Apesar da instabilidade dos mercados financeiros internacionais, e das dúvidas sobre a sustentabilidade da economia portuguesa em cenário de quase estagnação na Europa, o Governo mantém na agenda um mega pacote de obras faraónicas.  A obra que vai ficar mais cara ao país é, precisamente, a da construção de uma nova rede de alta velocidade ferroviária cujos contornos não se entendem, a não ser que seja para encher os bolsos a alguns à custa do contribuinte e da competitividade. Veja o vídeo e saiba tudo em: As obras "faraónicas" e os contratos públicos - SIC Notícias

Franceses prometem investir "dezenas de milhões" na indústria naval nacional se a marinha portuguesa comprar fragatas

  Se Portugal optar pelas fragatas francesas de nova geração, a construtora compromete-se a investir dezenas de milhões de euros na modernização do Arsenal do Alfeite e a canalizar uma fatia relevante do contrato diretamente para a economia e indústria nacional, exatamente uma das prioridades já assumidas pelo ministro da Defesa, Nuno Melo Intensifica-se a "luta" entre empresas de defesa para fornecer a próxima geração de fragatas da marinha portuguesa. A empresa francesa Naval Group anunciou esta terça-feira um plano que promete transformar a indústria naval nacional com o investimento de "dezenas de milhões de euros" para criar um  hub  industrial no Alfeite, caso o governo português opter por comprar as fragatas de nova geração do fabricante francês. "O Naval Group apresentou às autoridades portuguesas uma proposta para investir os montantes necessários, estimados em dezenas de milhões de euros, para modernizar o Arsenal do Alfeite e criar um polo industrial...