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"Assinatura" típica do Kremlin: desta vez foi pior e a Rússia até atacou instalações da UE



Falamos de "um dos maiores ataques combinados" contra a Ucrânia, que também atingiu representações de países da NATO

Kiev foi novamente bombardeada durante a noite. Foi o segundo maior ataque aéreo da Rússia desde a invasão total à Ucrânia. Morreram pelo menos 21 pessoas, incluindo quatro crianças, de acordo com as autoridades.

Os edifícios da União Europeia e do British Council na cidade foram atingidos pelos ataques, o que levou a UE e o Reino Unido a convocarem os principais diplomatas russos.

Entre os mortos encontram-se crianças de 2, 17 e 14 anos, segundo o chefe da Administração Militar da cidade de Kiev.

A força aérea ucraniana afirmou que o Kremlin lançou 629 armas de ataque aéreo contra o país durante a noite, incluindo 598 drones e 31 mísseis.

Yuriy Ihnat, chefe de comunicações da Força Aérea, disse à CNN que os foi “um dos maiores ataques combinados” contra o país.

O ministério da Defesa da Rússia declarou que atacou “empresas do complexo militar-industrial e bases aéreas militares na Ucrânia” usando “armas de alta precisão”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que Moscovo continua interessado em conversações de paz, mas sublinhou que a “operação militar especial”, a forma como a Rússia descreve a guerra, “continua”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou o ataque como uma “horrível e deliberada matança de civis” num post no X.

As of now, already 14 people are known to have been killed as a result of the Russian attack, including 3 children. A horrific and deliberate killing of civilians.
 

The Russians are not choosing to end the war, only new strikes. Overnight in Kyiv, dozens of buildings were… https://t.co/KRofKo2jZm

 

— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 28, 2025

“Os mísseis e drones lançados hoje são uma resposta clara a todas as pessoas do mundo que, durante semanas e meses, apelaram a um cessar-fogo e a uma verdadeira diplomacia”, afirmou numa publicação anterior.

De acordo com as autoridades ucranianas, foram enviados centenas de profissionais para responder a incidentes em vários locais, incluindo no edifício utilizado pela missão da UE na Ucrânia.

A missão, que está sediada em Kiev desde 1993, trabalha para “promover as relações políticas e económicas” entre a Ucrânia e a UE, entre outros mandatos, de acordo com o seu site.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “indignada” com o incidente, apelidando-o de “mais uma lembrança sombria do que está em jogo”.

“O incidente mostra que não há nada que detenha o Kremlin de aterrorizar a Ucrânia e matar cegamente civis, homens, mulheres e crianças, tendo mesmo como alvo a União Europeia”, afirmou.

A chefe da UE acrescentou que falou com Zelensky e com o presidente dos EUA, Donald Trump, após os ataques. Afirmou ainda que o presidente russo, Vladimir Putin, “deve vir para a mesa de negociações”.

Socorristas ucranianos transportam o corpo de uma vítima durante uma operação de busca e salvamento nos escombros de um edifício residencial atingido por um ataque com mísseis russos esta quinta-feira. Genya Savilov/AFP/Getty Images

Kaja Kallas informou que o bloco convocou o enviado russo em Bruxelas depois do ataque para esclarecimentos.

O edifício do Conselho Britânico em Kiev também foi atingido pelos ataques, de acordo com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, que disse que Putin está “a matar crianças e civis e a sabotar as esperanças de paz”.

Londres convocou o embaixador russo, de acordo com uma publicação do secretário britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, nas redes sociais, onde acrescentou que “a matança e a destruição têm de parar”.

O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Andrii Sybiha, acusou Moscovo de atacar diplomatas “em violação direta da Convenção de Viena” e apelou à “condenação mundial” numa declaração no X.

O enviado especial da Casa Branca para a Ucrânia, Keith Kellogg, também condenou os ataques noturnos, escrevendo no X que “estes ataques flagrantes ameaçam a paz que (Trump) está a procurar”.

Last night Russia launched the second largest aerial attack of the war with 600 drones and 31 missiles. The targets? Not soldiers and weapons but residential areas in Kyiv—blasting civilian trains, the EU & British mission council offices, and innocent civilians.

These egregious… pic.twitter.com/qulsiPlTy1

— Keith Kellogg (@generalkellogg) August 28, 2025

"Olhei para cima - o telhado tinha desaparecido"

Vitaliy Protsiuk, um residente de Kiev, disse à CNN que a sua mulher está desaparecida desde o ataque.

O casal estava a preparar-se para ir para o abrigo anti-bomba do prédio onde vive quando houve uma “explosão”.

“Eu estava enterrado”, continuou. "Quando saí, estava tudo coberto de pó e fumo. Olhei para cima - o telhado tinha desaparecido e os andares do primeiro ao quarto estavam completamente destruídos".

"Até agora, a minha mulher ainda não foi encontrada. O telefone dela não responde. Não aparece em lado nenhum. Não sei... ainda estamos a procurar", acrescentou Protsiuk.

De acordo com o ministro do Interior, Ihor Klymenko, o alerta de ataque aéreo foi emitido durante mais de nove horas durante a noite.

Imagens recolhidas pela Reuters mostram a população local a dirigir-se  para as estações de metro, onde muitos passaram a noite. Os residentes foram aconselhados a “permanecer em abrigos” durante os ataques e o alerta foi anunciado pouco antes das 7h00, hora local.

O grande ataque contra a capital ucraniana ocorre pouco mais de duas semanas depois de Trump se ter encontrado com Putin, com o objetivo de concretizar o fim da guerra.

No entanto, o ímpeto em torno das discussões estagnou, sem qualquer sinal de que uma reunião bilateral entre Zelensky e Putin, promovida pela Casa Branca, venha a ter lugar.

Na quarta-feira, Andriy Yermak, chefe de gabinete de Zelensky, e Rustem Umerov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, reuniram-se com o ministro da Defesa da Arábia Saudita para discutir o fim do conflito.

De acordo com Zelensky, uma delegação ucraniana deverá também reunir-se com responsáveis norte-americanos em Nova Iorque na sexta-feira.

Entretanto, Putin deverá deslocar-se à China na próxima semana para assistir a uma grande parada militar. Entre os outros convidados contam-se o líder norte-coreano Kim Jong Un, bem como líderes europeus aliados da Rússia, como Aleksandar Vucic, da Sérvia, e Robert Fico, da Eslováquia.

Crianças sentadas no passeio em frente a um edifício residencial no centro de Kiev atingido por um míssil balístico russo esta quinta-feira. Pierre Crom/Getty Images

O ataque a Kiev é o mais recente de uma série de ataques russos que atingiram todo o território da Ucrânia esta semana.

Investigadores ucranianos confirmaram na terça-feira que as tropas russas capturaram duas aldeias na região de Dnipropetrovsk, no sudeste da Ucrânia.

As forças russas ocupam atualmente as aldeias de Zaporizke e Novoheorhiivka, segundo o DeepState.

As forças armadas ucranianas, em inferioridade de efetivos e de armas, têm-se debatido com dificuldades para impedir os avanços russos em grande parte da região oriental, à medida que Moscovo aumenta a pressão sobre Kiev para que ceda território nas negociações de paz.

“A Rússia escolhe a balística em vez da mesa de negociações”, escreveu Zelensky no X após os últimos ataques noturnos. "Escolhe continuar a matar em vez de acabar com a guerra. E isso significa que a Rússia ainda não teme as consequências".

Na sua análise dos últimos ataques russos a Kiev, Tkachenko afirmou que o Kremlin tem uma “assinatura” típica que envolve “ataques combinados a partir de diferentes direcções” e que visam “edifícios residenciais comuns”.

O chefe militar acrescentou que foram utilizados mísseis de engodo como alvos falsos para confundir os sistemas de defesa ucranianos.

Vários edifícios residenciais foram atingidos, bem como um jardim de infância, blocos não residenciais, escritórios, infraestruturas de transporte e dezenas de automóveis, segundo as autoridades.

De acordo com as autoridades municipais, foi declarado luto nacional no país na sexta-feira. As bandeiras serão hasteadas a meia haste e os eventos de entretenimento serão cancelados, segundo as autoridades.

Anna Chernova, James Frater e Char Reck, da CNN, contribuíram para esta reportagem


"Assinatura" típica do Kremlin: desta vez foi pior e a Rússia até atacou instalações da UE - CNN Portugal


Comentários

  1. Wilson Antunes, na minha opinião é muito melhor jogar um videojogo de "tirinhos" do que reproduzir notícias sobre guerras que passam na TV e Rádio a quase toda a hora. Não alimentes o sistema informático com mais desgraças evitáveis.

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    1. Olá João Cosme, obrigado por comentar. Este Blog chama-se "Recortes do Wilson" onde eu "Recorto" as notícias que acho mais relevantes ou úteis. Algumas delas tem grande difusão, outras não. No momento em que eu selecciono as notícias não tenho isso em consideração. Por vezes acrescento um comentário meu como na notícia anterior onde conto como João Rendeiro acabou por morrer por acreditar no anonimato de uma VPN ao dar uma entrevista.

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