Avançar para o conteúdo principal

Museu de Nápoles queima obras de arte em protesto


Cortes orçamentais em Itália

 Museu de Nápoles queima obras de arte em protesto

19.04.2012 - 09:33 Por Luís Miguel Queirós

Vários artistas terão autorizado Manfredi a queimar as suas obras (Reuters)



 Cortes no financiamento público levam director do Museu Internacional de Arte Contemporânea de Casoria a ameaçar queimar toda a colecção permanente.



 A crise económica está a deixar a cultura italiana a ferro e - literalmente - fogo. O artista plástico Antoni Manfredi, fundador e director do Museu Internacional de Arte Contemporânea de Casoria (CAM), perto de Nápoles, ameaça queimar toda a exposição permanente do museu em protesto contra os cortes brutais que o Governo italiano impôs ao orçamento do Ministério da Cultura. A primeira vítima das chamas foi uma peça da pintora e ilustradora francesa de livros infantis Séverine Bourguignon, que concordou com o protesto e assistiu anteontem, online, à destruição da sua obra.

Manfredi, que anunciou a intenção de queimar três peças por semana, argumenta que as mil obras de arte do museu "estão de qualquer modo destinadas à destruição pela indiferença do Governo". Muitos artistas terão já apoiado a iniciativa - a que Manfredi chama Art War - e, ontem mesmo, o escultor galês John Burns, em solidariedade com o protesto, incendiou uma das suas criações e colocou o vídeo da queima no YouTube.

Já no ano passado, Manfredi, que criou o museu em 2004, tentou levar a instituição, incluindo o respectivo pessoal, para a Alemanha, mas Angela Merkel nunca respondeu ao seu insólito pedido de "asilo político". O director do CAM alegava que as exposições que promovera sobre a Camorra tinham irritado a mafia napolitana, que o ameaçara de morte e vandalizara o museu.

Mas as consequências dos cortes nas verbas para a Cultura - que desceram para 0,21% do Orçamento do Estado italiano - estão a ter consequências em instituições dos mais variados sectores. O director do La Scala avisou esta semana que o mítico teatro de ópera de Milão corre o risco de ser privatizado. Em 1998, o Estado garantia mais de 60% do orçamento, hoje assegura menos de 40%.

Demissões no Maxxi
Mesmo o recém-fundado Maxxi, o ambicioso museu de arte contemporânea do século XXI inaugurado em Roma há pouco mais de dois anos - o edifício é da autoria da prestigiada arquitecta iraquiana Zaha Hadid - atravessa graves problemas.

Parecia um caso de sucesso, com 450 mil visitantes em 2011 e uma capacidade de autofinanciamento que rondaria os 50%, mas o conselho de administração do Maxxi, presidido pelo arquitecto Pio Baldi, não conseguiu convencer o Ministério da Cultura a disponibilizar a soma que considera indispensável para garantir a actividade do museu no ano corrente - 10 milhões de euros -, e, em consequência, recusou-se a aprovar o orçamento para 2012.

O ministro da Cultura, Lorenzo Ornaghi, não esteve com meias-medidas e demitiu a administração em bloco, substituindo-a por um comissário nomeado pelo Governo, medida que já motivou críticas públicas do seu antecessor no cargo, o centrista Rocco Butiglione.

Em: http://www.publico.pt/Cultura/museu-de-napoles-queima-obras-de-arte-em-protesto-1542690

Comentários

Notícias mais vistas:

Aeroporto: há novidades

 Nenhuma conclusão substitui o estudo que o Governo mandou fazer sobre a melhor localização para o aeroporto de Lisboa. Mas há novas pistas, fruto do debate promovido pelo Conselho Económico e Social e o Público. No quadro abaixo ficam alguns dos pontos fortes e fracos de cada projeto apresentados na terça-feira. As premissas da análise são estas: IMPACTO NO AMBIENTE: não há tema mais crítico para a construção de um aeroporto em qualquer ponto do mundo. Olhando para as seis hipóteses em análise, talvez apenas Alverca (que já tem uma pista, numa área menos crítica do estuário) ou Santarém (numa zona menos sensível) escapem. Alcochete e Montijo são indubitavelmente as piores pelas consequências ecológicas em redor. Manter a Portela tem um impacto pesado sobre os habitantes da capital - daí as dúvidas sobre se se deve diminuir a operação, ou pura e simplesmente acabar. Nem o presidente da Câmara, Carlos Moedas, consegue dizer qual escolhe... CUSTO DE INVESTIMENTO: a grande novidade ve...

Largo dos 78.500€

  Políticamente Incorrecto O melhor amigo serve para estas coisas, ter uns trocos no meio dos livros para pagar o café e o pastel de nata na pastelaria da esquina a outros amigos 🎉 Joaquim Moreira É historicamente possível verificar que no seio do PS acontecem repetidas coincidências! Jose Carvalho Isto ... é só o que está á vista ... o resto bem Maior que está escondido só eles sabem. Vergonha de Des/governantes que temos no nosso País !!! Ana Paula E fica tudo em águas de bacalhau (20+) Facebook

Ameaça quântica: Satoshi Nakamoto deixou um plano para salvar o Bitcoin

 Em 2010, o criador do Bitcoin antecipou os perigos que a computação quântica poderia trazer para o futuro da criptomoeda e apresentou sugestões para lidar com uma possível quebra do algoritmo de criptografia SHA-256. Ameaça quântica: Satoshi Nakamoto deixou um plano para salvar o Bitcoin Um novo avanço no campo da computação quântica deixou a comunidade de criptomoedas em alerta sobre a possibilidade de quebra do algoritmo de criptografia SHA-256 do Bitcoin BTC, comprometendo a integridade das chaves privadas e colocando os fundos dos usuários em risco. Em 9 de dezembro, o Google apresentou ao mundo o Willow, um chip de computação quântica capaz de resolver, em menos de cinco minutos, problemas computacionais insolúveis para os supercomputadores mais avançados em uso nos dias de hoje. Apesar do alarde, Satoshi Nakamoto, o visionário criador do Bitcoin, já antecipara a ameaça quântica e sugerira duas medidas para mitigá-la. Em uma postagem no fórum Bitcoin Talk em junho de 2010, Sa...